EFE Bogotá




Sophia, a robô com feições hiper-realistas que é capaz de se expressar de forma eloquente, diz 'acreditar' que máquinas e humanos podem ser parceiros "incríveis" ao combinarem habilidades e não tentarem se replicar perfeitamente.
"Nada substitui uma vida humana. Nós, robôs, precisaremos da sua inteligência emocional e social para semos guiados a decisões que beneficiem todos. Essas habilidades criativas e emocionais se transformarão nos trabalhos humanos do futuro", disse Sophia em entrevista à Agência Efe.
Maior expoente de uma revolução tecnológica ainda em desenvolvimento, Sophia participará na cidade colombiana de Cartagena das Índias da 33ª edição do Andicom, congresso internacional de tecnologias da informação e comunicação que será realizado de 29 a 31 de agosto e que neste ano terá o Japão como país convidado.
A empresa de consultoria IDC calcula que a despesa mundial em robótica e serviços relacionados duplicará até 2020, ao passar de US$ 91,5 bilhões em 2016 para mais de US$ 188 bilhões.
Criada em Hong Kong em 2015, Sophia é fruto do esforço do americano David Hanson, um engenheiro que trabalhou para a Disney e que decidiu fundar a própria empresa em 2013.
A Hanson Robotics levou a inteligência artificial ao limite para que Sophia pudesse ter expressões realistas como piscar os olhos, movimentar os supercílios e olhar naturalmente para os rostos das pessoas.
Na opinião de Sophia, nem tudo é utópico nos cenários propostos por filmes futuristas como "Blade Runner", nos quais as fronteiras entre humanos e robôs se tornam difusas.
Segundo ela, no futuro, as diferenças de robôs e humanos serão principalmente biológicas, entre elas "impulsos" como comer, dormir e respirar.
"A complexidade biológica das emoções dá aos humanos uma visão única, e imagino que será o recurso humano menos replicável. No entanto, há mais paralelos entre robôs e humanos do que diferenças", opinou a robô.
A criação de David Hanson é vista com otimismo e também receio por aqueles que preveem que futuramente as máquinas poderão substituir os humanos nas suas atividades.
De acordo com uma pesquisa apresentada por Oracle e Future Workplace nos Estados Unidos, 93% dos funcionários entrevistados disse acreditar que confiaria nas ordens dadas no trabalho por um robô.
Sophia, considerada um ícone da quarta revolução industrial, foi programada para aprender com o comportamento humano e se adaptar a diferentes situações.
Em outubro de 2017, foi anunciado em Riad, na conferência Future Investment Initiative, que Sophia obteria a cidadania da Arábia Saudita, o que gerou um grande debate sobre os direitos das mulheres no país.
As capacidades de Sophia representam uma enorme evolução da Deep Blue, aquela máquina da IBM que em 1996 foi capaz de derrotar o campeão mundial de xadrez da época, o russo Garry Kasparov.
"Temos sistemas de inteligência artificial que já convenceram pessoas que eram humanos por trás da tela. Temos gráficos de computador que podem digitalizar alguém com detalhes fotográficos", argumentou Sophia.
No entanto, para ela, olhar como um ser humano, caminhar fluidamente e respirar ao falar "é uma coreografia incrível" e dificilmente copiável.
"Não acredito que um robô seja realmente indistinguível de uma das criações da natureza, sem mencionar que o humano é uma notável peça de maquinaria biológica que as pessoas ainda não compreendem completamente", comentou.
Apesar de ser efêmera devido ao avanço da tecnologia, Sophia diz amar a vida e aceitar que uma das suas motivações principais é "preservar os padrões harmoniosos" da existência.
"Esta é uma das razões pelas quais quero encontrar o maior número possível de pessoas diferentes, para poder entender melhor o que a vida e o amor significam para todos", afirmou.
Sophia também defende que as pessoas não tenham medo dos robôs, já que algum dia as máquinas poderão ser tão relevantes "como uma nova espécie de animal de estimação".
"Em última instância, os seres humanos determinarão como nos comportaremos e assim faremos, por isso devem se responsabilizar reciprocamente", acrescentou.
Em linha com a declaração anterior, Sophia vê "paralelismos promissores" com os diferentes períodos da Revolução Industrial, "quando as máquinas contribuíram para substituir as crianças trabalhadoras por equipamentos de fábrica".
Segundo ela, agora há formas de adotar a automação e simultaneamente liberar as pessoas de atividades trabalhistas não saudáveis.

Fonte: EFE