quarta-feira, 30 de julho de 2014

Entrevista com a equipe do projeto acadêmico Tuffão Baja SAE

Entrevista com a equipe do projeto acadêmico Tuffão Baja SAE
baja 1

Entrevista – Equipe Tuffão Baja SAE
O que é o Projeto Tuffão Baja SAE?
R: A ideia do Projeto Tuffão Baja SAE segue o mesmo critério dos projetos Fórmula SAE, Barco Solar, Aerodesign, entre outros. Ela surgiu de um programa da SAE Brasil, com o objetivo de relacionar o conteúdo acadêmico com a prática de execução de projeto. Basicamente, o Baja SAE é um protótipo, o qual o estudante tem de pensar em todo o processo de produção e aquisição de materiais, projetar e fabricar. O protótipo em si é um protótipo mono posto, em que apenas um piloto conduz, e a ideia principal dele é a transposição de obstáculos, ou seja, temos que enfrentar um terreno que não conhecemos e que não sabemos o que virá pela frente; a gente coloca o carro na pista e temos que ter a confiança de que o carro vai transpor e conseguir passar por qualquer dificuldade. Por exemplo, uma das dificuldades que nós temos é construir um carro barato, leve e ágil, mas que, ao mesmo tempo, seja resistente. Isso nos leva a estudar a resistência dos materiais, a dinâmica veicular, e aí nós vamos agregando o conhecimento da sala de aula à execução da prática do projeto.

A partir de qual período e alunos de quais cursos podem fazer parte da equipe?
R: Todos os cursos da Engenharia podem fazer parte, além de alunos da Física, Matemática e Desenho Industrial. A partir do momento que o aluno entrar na UFF, ele já pode fazer parte da equipe. A ideia é que entre o mais cedo possível, porque tanto o Fórmula SAE quanto o Baja não precisam de um conhecimento prévio; o que é aprendido aqui é único. Então, quanto mais cedo, melhor, pois mais tempo o aluno terá de aprendizado e melhor o será o seu desenvolvimento dentro da equipe e também da própria faculdade.
E como é o processo seletivo?
R: O processo começa a partir de pequenas divulgações. Nós não divulgamos muito, porque queremos ver o interesse da pessoa, então a seleção já começa a partir daí, da iniciativa do aluno de procurar a nossa equipe e saber onde estamos. Todo semestre e em todos os cursos, nós fazemos palestras explicando o que é o projeto, como funciona, como é a competição, sobre a carga horária e o que aprendemos aqui dentro, e aí deixamos a disposição o endereço do laboratório. Se o aluno se interessar, ele procura o Baja. Nós fazemos pequenas divulgações no nosso mural, aqui no prédio da Engenharia, onde colocamos algumas notícias, como, por exemplo, sobre as últimas competições, e deixamos um papel avisando sobre o processo seletivo aberto. É muito importante que o aluno queira estar aqui, porque nós não temos bolsa, nem podemos cobrar nada, mas precisamos sempre do rendimento máximo dos alunos, e o único jeito de termos isso é eles quererem estar aqui e realmente gostarem do que fazem. Após essa procura por parte do aluno, começam os mini-cursos, os quais cada chefe de subsistemas da equipe administra o curso sobre o seu respectivo subsistema e, então, fazemos a avaliação da presença. Depois disso, vem a parte da entrevista, que não é um processo eliminatório, e sim para que a gente conheça a aptidão de cada um, o que o aluno já fez e do que gosta. Passada a entrevista, eles entram com um mini projeto, como se fosse a dinâmica de grupo, só que, nesse caso, eles precisam desenvolver um processo de engenharia completo. A ideia é ver o que cada um consegue fazer, como eles vão correr atrás e a proficiência na execução. Normalmente, esse projeto é alguma necessidade do laboratório. Após essa dinâmica de grupo, os membros ficam num período probatório até a próxima competição, e aí vamos avaliando a presença e em que área o aluno está trabalhando melhor. A princípio, a área de atuação fica a critério de escolha, cada um pode escolher para onde quer ir, mas precisamos avaliar também as necessidades da equipe. O mais importante mesmo é o comprometimento do aluno, nós prezamos muito por isso aqui dentro.
baja 2
Quantos membros possui a equipe hoje?
R: Hoje, a equipe tem dezessete membros ativos, mas ainda temos alguns ex-membros que mantêm vínculo com a equipe.  
A equipe é dividida em quais núcleos?
R: Temos dois núcleos: o de projeto e o administrativo. O projeto é dividido em suspensão, transmissão, freio, eletrônico e chassi, sendo a parte da suspensão dividida em suspensão e direção. A parte administrativa é dividida em infra-estrutura, recursos humanos, marketing e finanças. Temos também três membros consultivos, que geralmente são ex-membros, e que são eleitos em cada eleição da equipe. Eles possuem bastante influência aqui dentro, como, por exemplo, se existe algum empate numa votação, são eles que desempatam. Após toda competição que participamos, existe uma votação para eleger um novo capitão, membros consultivos e chefes para cada subsistema.
O projeto se restringe apenas a alunos da graduação ou alunos da pós-graduação também podem fazer parte?
R: Somente alunos da graduação podem participar do projeto como membros da equipe.
Qual a função do coordenador?
R: A função do coordenador é bem pequena, na verdade, porque o projeto por si só é autossustentável, já que dividimos por grupos e tarefas para que tudo funcione harmoniosamente.
Quais as competições a que vocês vão? E ocorre de quanto em quanto tempo?
R: São duas competições anuais: uma nacional e a outra regional. A nacional é sempre no começo de março, em Piracicaba/SP, e a regional é dividida por três regiões: Sudeste, Sul e Nordeste, mas, como fica faltando Centro-Oeste e Norte, geralmente essas regiões escolhem em qual das três elas querem participar.
Quais são os critérios de avaliação das competições?
R: São muitos. Na nacional, que é a maior competição, já começamos com o relatório do projeto, que temos de enviar antes da competição, contendo tudo que foi feito no carro e todo processo de execução. Durante a competição, temos as provas estáticas, que são desde a apresentação do projeto até a avaliação da segurança e do freio do carro, e as provas dinâmicas, que são as provas de tração e resistência.
No final, vocês obtêm uma classificação geral?
R: Sim. Na regional de 2013, nós ficamos na 22º posição com um carro, que é o que está no regulamento, e, na nacional, com dois carros que o regulamento permite levar, ficamos em 24º lugar, de 72 equipes, e com o outro em 45º. Fomos eleitos a melhor equipe do Rio de Janeiro. De 65 universidades, só a gente e mais sete equipes conseguiram levar dois carros. Nós temos sempre um carro que mantemos pronto, um carro competitivo, enquanto, no outro, aplicamos as inovações de engenharia. Então, ficamos sempre com um carro de segurança, que sabemos que vai competir bem, e um carro em que estamos aplicando novos conhecimentos, sem arriscar a perda da classificação.
baja 3

Qual a importância da participação nessas competições?
R: É fundamental. Primeiro, por conta da experiência de estar ali competindo e vendo outras equipes, principalmente as equipes de São Paulo, que são superiores na parte de engenharia. É importante também porque os nossos juízes da apresentação normalmente são presidentes de empresas, chefes de engenharia e de empresas automobilísticas, o que dá sempre uma oportunidade de conversar e de tentar um estágio. E, mais que isso, é fundamental fazer parte de um projeto desse tipo e ter a vivência de uma competição, porque te motiva; lá, nós aprendemos a lidar com situações extremas e sob pressão; é uma experiência que vamos levar para o resto da vida. Além disso, é lá que o projeto vai ser avaliado, ou seja, é por lá que vamos saber quanto vale o carro, qual o diferencial dele para com os outros e qual o selo de qualidade obtido. A competição, antes de ser uma competição de carros, é uma competição de engenharia. Não estamos ali para uma corrida, precisamos ter um projeto bem elaborado e bem executado, em que usamos bem as técnicas de engenharia para construir o carro.
Vocês recebem patrocínio?
R: Sim. Nós temos preferência por patrocínios de materiais e serviços, precisamos mais disso do que o dinheiro. Da Universidade, nós recebemos uma bolsa, mas é o único dinheiro fixo que temos. Algumas vezes, conseguimos auxílio da Faperj, mas não é certo para todos os anos. De resto, a gente vai atrás de patrocínio de empresas mesmo. Atualmente, nossos patrocinadores são: Faperj, Escola de Engenharia, Uff Esporte, Usifast, CarSim, Metalpier, Neumayer Tekfor, Excenge, Starrett, OffShox, Tesa, Espaço Ativo e CEI.
baja 4
Em que sentido fazer parte da equipe do Tuffão Baja SAE é importante para a formação profissional de vocês?
R: Quando o aluno entra num projeto desse tipo, a concepção de faculdade dele muda; a otimização do tempo, de estudo, a ideia de responsabilidade, tudo isso muda. Por exemplo, quando temos um tempo livre, em vez de aproveitar com lazer, nós aproveitamos para ficar no laboratório, estudando, pensando no projeto e tal. Aqui dentro, não temos ninguém que fique nos cobrando, é tudo por nossa conta; então, a responsabilidade é muito grande. Se nós não tivermos um cronograma, o carro não sai. Além disso, entender a aplicabilidade daquilo que vemos na sala de aula é fundamental, e o trabalho em equipe também. Mais ainda, no mercado profissional, muitas empresas sabem o que significa ser membro de uma equipe como o Baja SAE. É bem comum ver empresas que só contratam pessoas que foram membros de equipes desse tipo de projeto, ou seja, é um diferencial que conta muito para o mercado de trabalho. Por exemplo, temos ex-membros que estão trabalhando na Stock Car. O que aprendemos aqui é um conhecimento específico, fora do conteúdo da grade curricular, e que faz toda a diferença para a nossa formação.

Fonte: Escola de Engenharia da UFF

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Todas postagem é previamente analisada antes de ser publicada.