terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Crédito, débito ou Bitcoin? Conheça as principais criptocoins no mercado

Crédito, débito ou Bitcoin? Conheça as principais criptocoins no mercado


Independentes e livres da intervenção de governos e bancos, as criptomoedas oferecem uma forma segura e irreversível de efetuar transações on-line. Apesar de ainda não serem tão populares no Brasil, investimentos no dinheiro virtual são rentáveis e cada vez mais procurados



Postado em 14/01/2016 15:19 / atualizado em 14/01/2016 15:25

Álef Calado, Especial para o Correio

Divulgação

Crises políticas e econômicas são verdadeiras mãos na roda para o crescimento e a popularização de criptocoins, moedas virtuais independentes de qualquer vínculo com governos ou bancos e que podem ser utilizadas para fazer o pagamento de produtos e serviços. As dificuldades financeiras enfrentadas pela Grécia e as medidas adotadas pelo governo para estimular a economia são alguns dos fatores que podem explicar o aumento de 79% no número de Bitcoins — uma das espécies digitais mais populares do mercado — negociados no país.

Apesar de ainda ser considerada uma novidade no Brasil, o volume de transações envolvendo as criptomoedas por aqui também impressiona. Apenas no primeiro semestre de 2015, o total de Bitcoins vendidas ultrapassou todas as negociações feitas em 2014. Só em julho, 10 mil unidades do dinheiro virtual foram comercializadas, gerando o equivalente a R$ 9,3 milhões.


O preço unitário da criptomoeda também vem aumentando, depois de uma queda anos atrás. No fim de 2011, o valor do Bitcoin despencou de U$ 30 para menos de U$ 2, mas, em janeiro de 2013, a unidade saía por U$ 13, aproximadamente R$ 52. Hoje, é preciso desembolsar pelo menos R$ 1.860 para conseguir depositar uma moedinha na carteira virtual.

O economista Roberto Piscitelli explica que a valorização da moeda digital segue a regra da oferta e da procura. “Uma quantidade muito grande de pessoas procurando acarretaria uma ampliação do sistema e uma valorização do Bitcoin. Esse reconhecimento influenciaria diretamente no preço do criptomoeda”, diz. Para Piscitelli, a demanda também intervém na taxa cambial. “Ela tem uma correspondência com qualquer outra moeda. Portanto, dependendo do requerimento do Bitcoin por meio de outras cédulas é que se estabelece uma taxa de câmbio e um possível valor para a criptocoin.”

Multiúso
André Horta, 32 anos, é o fundador da Bitcoin To You, a primeira empresa a trabalhar com a moeda digital no Brasil. Inaugurada em 2013, a companhia conta com filiais em cinco estados, 20 mil clientes, mais de 19 mil transações e R$ 30 milhões movimentados. “Nós intermediamos o comércio de moedas digitais. Basicamente, ligamos vendedores a compradores”, explica.

Para o empresário, a criptomoeda oferece uma gama de facilidades para o usuário e pode ser adotada em praticamente em todas as áreas. “Elas podem ser utilizadas para fazer pagamentos e compras no exterior, pagar contas, colocar crédito no celular, recarregar travelcards das bandeiras Visa ou MasterCard, trocar por dólar, euro ou real, fazer reserva de valor, simulações da bolsa etc. As possibilidades são diversas”, garante.

Divulgação


As criptocoins também desembarcaram em Brasília. Dono da MercadoViagens.com, José Fonseca, 37 anos, se rendeu aos benefícios oferecidos pelas moedas virtuais e, no início de 2014, passou a aceitar Bitcoin, Dogecoin e Litecoin, três das mais populares do mercado, como forma de pagamento. “O turismo é um ramo muito competitivo. É preciso sempre buscar meios de oferecer mais conforto aos clientes. Em 2013, observamos uma verdadeira explosão no uso do Bitcoin nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia. Lá, serviços ligados ao turismo, como restaurantes, agências e caixas eletrônicos estavam aceitando essa nova moeda. Foi então que tivemos a ideia de oferecer mais essa opção de pagamento aos nossos clientes”, relata.

Para estipular o valor dos serviços em Bitcoin, o empresário contava com a ajuda de um sistema que utilizava o preço da moeda digital nas principais “casas de câmbio” do mundo e fazia uma conversão automática. “Nós usávamos alguns sites para obter o valor das criptomoedas em dólar e utilizávamos a média aritmética dessas cotações como referência. Depois, tendo o montante em dólar, fazíamos a conversão do valor em reais.”

Fonseca conta ainda que o planejado era trocar as moedas digitais por real, tarefa que acabou sendo mais difícil do que ele imaginava. “Como os Bitcoins permitem transações anônimas e não há muito controle por parte dos órgãos regulamentadores, é preciso ter cuidados especiais quando se pretende transformar a criptomoeda em forma de pagamento formal. Por não existir nenhum tipo de troca formalizada entre o dinheiro virtual e uma moeda de caráter oficial, como o dólar, a transação se torna uma forma de escambo. Logo, as negociações são vistas como trocas de produtos e não como vendas, e a conversão do Bitcoin para moeda oficial torna-se um obstáculo”, comenta.

Pouca aderência
Por conta da baixa demanda e do alto custo de manutenção dos servidores, no fim do ano passado, Fonseca foi forçado a abrir mão da inovação e optou por encerrar as atividades com as criptomoedas. “Apesar de ser uma forma de pagamento muito prática, irreversível e segura, as solicitações eram baixíssimas. Nos 18 meses em que mantivemos a infraestrutura necessária para receber os pagamentos no ar, menos de uma dúzia de clientes demonstrou interesse. Concluímos que o público turístico brasileiro ainda não aderiu às moedas virtuais.”

Diferentemente do que o empresário esperava, a adoção das moedas virtuais não surtiu um efeito direto no número das vendas de pacotes de viagens. “Em outras palavras, ofertar as criptomoedas como alternativa de pagamento não gerou um diferencial de mercado. Foi, na verdade, visto como uma curiosidade por nossos clientes. Na atualidade, o projeto não é comercialmente viável para nós”, diz.

Apesar das adversidades iniciais, Fonseca enxerga um futuro promissor para o mercado de moedas digitais no Brasil. “Talvez nosso timing não tenha sido o ideal, trazendo essa tecnologia para o turismo, mas é possível vislumbrar esse sistema obtendo muito sucesso em alguns anos. Essa primeira experiência com o sistema certamente nos será útil em uma situação real de negócios”, completa.

Alternativas
Durante os 18 meses em que ofereceu o pagamento por Bitcoin, José também optou por trabalhar com altcoins, moedas virtuais menos populares e que, na maioria das vezes, são usadas como alternativa. “Devido ao elevado custo da criptomoeda principal, muitos usuários preferem ter um volume maior de altcoins no lugar de apenas um Bitcoin, que posteriormente precisará ser ‘trocado’ por porções menores do dinheiro digital”, relata. O empresário conta que a procura pelas espécies alternativas foi ainda menor. “Apesar da ‘curiosidade’ que conseguimos gerar em torno dessas altcoins, houve ainda menos interesse nelas do que na moeda mais famosa”, completa.

Autonomia perigosa
Por não contar com a regulação de bancos centrais nem depender diretamente da ação de governos e contar com uma criptografia que protege o anonimato dos responsáveis pelas transações, as moedas digitais oferecem ao usuário toda a liberdade para gastar o montante presente na carteira virtual como bem entender.

Para Roberto Piscitelli, tanta liberdade pode representar alguns riscos para os usuários. “É claro que traz uma certa insegurança. Você não sabe com quem está negociado e muito menos quem ou o quê está por trás de todas as transações. Qual o poder de polícia que existe em relação a isso? Não existe uma instituição financeira e muito menos um órgão regulador para cuidar da moeda. Funciona muito na base da confiança porque, para todos os efeitos, aquilo é um estoque de riqueza que você tem nas mãos de um desconhecido”, afirma.

Opções variadas
Atualmente, estimam-se que mais de 80 moedas virtuais estejam em pleno funcionamento, oferecendo taxas de câmbio e valores diferenciados. Conheça algumas das que vêm chamando mais a atenção nos últimos meses:

Dogecoin (DOGE)
Muito popular no Brasil quando começou a circular, em 2014, o Dogecoin é uma espécie de “moeda das redes sociais”, pois conta com grande circulação entre jovens que intercambiavam produtos entre amigos por meio do Facebook, Reddit e afins. Originada do meme Doge, o cão amarelo da raça shiba inu que fala “wow” e é fã assumido de Comic Sans, a moeda apresenta um valor extremamente irrisório — no modelo de câmbio atual, R$ 1 compra 1.798,23 Dogecoins.

Litecoin (LTC)
Utilizando um protocolo semelhante ao do Bitcoin, o Litecoin chama a atenção por ser moeda virtual bem mais fácil de processar e relativamente mais barata do que a concorrente. Lançada em 2011, criptocoin chegou a custar US$ 1.000 e, hoje, pode ser comprada por U$ 3,57; aproximadamente R$ 14,40.

Peercoin (PPC)
Lançada em 2013 com o objetivo de ser uma moeda sustentável, mais segura, bem mais barata e com transações mais rápidas do que as do Bitcoin, a Peercoin está entre as criptocoins mais valiosas do mundo e movimentou cerca de US$ 10 milhões. por? utilizarem o mesmo algoritmo de mineração, qualquer hardware que funcione na rede Bitcoin pode ser utilizado para minerar Peercoins. Uma unidade da moeda custa R$ 1,82.

Sexcoin (SXC)
Ainda em processo de desenvolvimento, o SexCoin é uma moeda exclusiva para a compra de conteúdo pornográfico pela internet. Por proporcionar o acesso a temas que, na maioria das vezes, são consumidos imediatamente, a criptomoeda conta com um dos processos de transação mais rápidos do mercado. Informações sobre o valor e a disponibilidade dos SXC ainda não foram divulgadas.

Worldcoins (WDC)
Ainda em fase de desenvolvimento, é uma criptocoin que promete unir todas as economias da Terra. A moeda virtual, que, segundo os desenvolvedores, só será lançada quando o mundo estiver pronto, promete uma taxa de processamento de blocos de apenas 30 segundos. Informações sobre o valor e a disponibilidade dos WDC também não foram divulgadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Todas postagem é previamente analisada antes de ser publicada.