sexta-feira, 10 de março de 2017

Institutos de pesquisa do MCTIC querem despertar o interesse das jovens pela ciência

Institutos de pesquisa do MCTIC querem despertar o interesse das jovens pela ciência

Mulheres receberam metade das bolsas concedidas pelo CNPq em 2015, mas a participação nas ciências e nas engenharias é de 30%. Esforço é para ampliar esse número incentivando a inserção nas carreiras científicas.

Por Ascom do MCTIC
Publicação: 06/03/2017 | 15:26
Última modificação: 08/03/2017 | 20:55 

Mulheres representam 33% do total de pesquisadoras e tecnologistas dos institutos do MCTIC.
Crédito: CNPEM

Dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) revelam que o número de bolsas de estudo concedidas às mulheres mais que dobrou em 15 anos. Em 2001, 21.957 bolsas de iniciação científica, mestrado, doutorado, pós-doutorado e estímulo à inovação foram destinadas a pesquisadoras brasileiras. Em 2015, esse número saltou para 50.438, o que representa metade das bolsas concedidas pelo CNPq naquele ano. No entanto, nas Ciências Exatas e da Terra, nas Engenharias e na Computação, a participação feminina ainda não supera 30% das bolsas. Para mudar esse cenário, institutos de pesquisa vinculados ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) estão desenvolvendo projetos que visam à inserção das mulheres nas carreiras científicas e tecnológicas.
"O aumento da participação das mulheres na ciência e o seu reconhecimento têm muito mais a ver com a superação dos preconceitos contra as mulheres atuarem em determinadas áreas do que em função de oportunidades. A oportunidade se abre quando se começa a superar esse preconceito. Eu acho que isso parte também das mulheres. Se a gente se acreditar poderosa, esse poder passa a acontecer", avalia a diretora do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), Heloisa Bertol.
Segundo ela, as mulheres compõem 80% do quadro de funcionários da instituição, número bem superior à média de 33% de pesquisadoras e tecnologistas nos institutos do MCTIC. "O Mast é um instituto excepcional nesse sentido, porque tem uma maioria de mulheres em todas as áreas. Nós somos 80%, principalmente nas áreas de pesquisa", afirma Heloisa, que tem mestrado em História das Ideias pela Universidade Federal Fluminense e doutorado em História Social das Ciências pela Universidade de São Paulo.
O Mast já é um caso de sucesso, mas quer fazer mais. Desde julho de 2016, o projeto Meninas no Museu seleciona um grupo de sete alunas do ensino médio para criar ações de divulgação científica. Cinco delas já possuem bolsas de iniciação científica na modalidade Jovens Talentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Os encontros acontecem a cada duas semanas, sempre às sextas-feiras, na sede do Mast, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. As jovens, que têm entre 15 e 17 anos, também participam das atividades regulares de divulgação, realizadas principalmente nos fins de semana. As ações de divulgação serão apresentadas no Dia das Meninas, comemorado nesta sexta-feira (10), e na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2017, prevista para outubro.
"A gente tem feito um trabalho justamente para desmistificar um pouco a ideia de que as mulheres não são boas nas áreas exatas, não entendem de cálculo, nem de raciocínio lógico. Então, é um incentivo para que as meninas conheçam a astronomia e outras ciências como física, matemática, biologia e química", explica a pesquisadora Ana Paula Germano, uma das coordenadoras do projeto.
Cetene
O projeto Futuras Cientistas, do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), já beneficiou 30 alunas de escolas públicas de Recife (PE) com a participação em projetos de pesquisa desenvolvidos nos laboratórios, por exemplo, de nanotecnologia, microscopia eletrônica e biocombustível. A cada edição, 10 jovens do 2º ano do ensino médio são selecionadas para passar as férias de janeiro nos laboratórios do Cetene. Cada aluna tem um pesquisador responsável com um plano de trabalho. Além das aulas teóricas, elas são responsáveis pelo desenvolvimento de um projeto de pesquisa. Para isso, recebem uma bolsa, que é custeada pelo Consulado Americano em Recife, parceiro do Cetene na iniciativa.
A coordenadora do Futuras Cientistas, Giovanna Machado, conta que o programa nasceu do esforço do MCTIC de desenvolver ações para incentivar a participação das mulheres na ciência e tecnologia. Junto com outras 7 pesquisadores, ela foi aos Estados Unidos ver os estímulos oferecidos para transformar jovens estudantes em grandes cientistas. "Quando retornei, percebi que havia uma grande desmotivação por parte das meninas quando saíam do ensino fundamental para entrar no ensino médio. Então, surgiu a ideia de resgatar essas meninas para mostrar o que era ciência e tecnologia, porque há um grande desconhecimento da área. Eu queria mostrar que todos, independente do gênero, são capazes de atuar nessa área."
Todo ano, o Cetene lança o edital do Futuras Cientistas para selecionar as estudantes a partir da análise do histórico escolar, sobretudo, do desempenho em matemática, física, química, português e biologia.
"Já tivemos várias alunas que entraram com a ideia de fazer Letras e Literatura e mudaram de opinião durante a participação no projeto. Uma delas já está no 8º semestre de Engenharia de Materiais. Tão importante quanto mostrar o que é ciência e tecnologia é desenvolver o senso crítico dessas meninas na área de gênero. Então, nosso objetivo a gente tem alcançado com muito sucesso", ressalta Giovanna.
Ibict
O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) também prepara um projeto para despertar o interesse das jovens pela ciência. Nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, será lançado o Meninas na Ciência, que terá a participação de 30 estudantes. Em julho, elas vão receber uma bolsa de estudo para passar as férias vivenciando o cotidiano de pesquisadores no Ibict, em Brasília e no Rio de Janeiro, e no CTI Renato Archer, outro instituto vinculado ao MCTIC em Campinas (SP). Iniciativas semelhantes, executadas na França e nos Estados Unidos, conseguiram inserir 80% das participantes nas carreiras científicas.
Para a diretora do Ibict, Cecília Leite, que também é pesquisadora com formação pela Universidade de Brasília, a conquista por mais espaço no mercado de trabalho e na sociedade é uma luta antiga. "As mulheres são as grandes responsáveis por esse amadurecimento que a sociedade está tendo em relação à questão de gênero, de igualdade de oportunidades e de condições de trabalho."
 
Fonte: MCTIC
 

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