Estudo revela que poluição de Manaus inibe a fotossíntese e reduz as chuvas
Pesquisa realizada pelo Professor Paulo Eduardo Artaxo Netto
e equipe, da Universidade de São Paulo (USP), financiada pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mostrou que
a poluição gerada pelas emissões atmosféricas de Manaus tem contribuído
para o aumento da concentração de ozônio, alterando mecanismos de
formação e desenvolvimento de nuvens e alterando o fluxo de radiação
para a floresta, entre outros efeitos. E, estes achados atestam que as
emissões de Manaus alteram o funcionamento do ecossistema Amazônico
vento abaixo da cidade. Artaxo é bolsista de Produtividade em Pesquisa
do CNPq e vencedor do Prêmio Almirante Álvaro Alberto de 2016.
Artaxo
esclarece que os resultados da pesquisa geram impactos socioeconômicos e
ambientais."É nítida a importância e a pertinência de elaborar
políticas de controle de emissões de poluentes em Manaus, em particular
no setor de transporte e de termoelétricas. É importante também realizar
a gestão e o controle do processo de urbanização na região Amazônica".
Afirma ainda que, considerando tratar-se de uma região que abriga uma
grande parte da biodiversidade mundial, o impacto do homem no
ecossistema tem tido consequências muito negativas, tanto pelas
queimadas quanto pelo crescimento dos centros urbanos e suas emissões.
A
pesquisa de Artaxo foi contemplada pelo Edital Universal de 2012, com o
projeto 'GoAmazon2014 - A interação entre emissões atmosféricas urbanas
e emissões naturais da Floresta Amazônica', financiado em R$ 80 mil
pelo CNPq.
Segundo
Artaxo, a floresta emite naturalmente os chamados compostos orgânicos
voláteis (VOCs) como parte do seu metabolismo. Uma vez na atmosfera, os
VOCs interagem com outros gases e são oxidados. Esse processo tem papel
fundamental na formação de ozônio e de partículas secundárias que afetam
as nuvens e, consequentemente, da chuva que cai na região. Com mais
aerossóis, o fluxo de radiação que atinge a superfície e é usado pela
vegetação para fotossíntese, é reduzido.
É neste
ponto que a pluma de poluição manauara mostra a sua influência. As
emissões que saem das chaminés industriais e dos escapamentos da frota
de veículos formam uma pluma de poluentes na troposfera sobre Manaus e
vento abaixo. Tal pluma é continuamente transportada pelos ventos para
longe da cidade, geralmente na direção sudoeste, formando uma mancha de
poluentes atmosféricos que se estende por mais de 200 quilômetros de
distância na Amazônia Central.
Os gases
poluentes da pluma alteram as reações químicas dos VOCs na atmosfera,
produzindo mais ozônio e mais partículas de aerossóis do que ocorreria
naturalmente longe da presença da pluma de poluição. "O ozônio é um gás
fitotóxico. Ele é tóxico para as plantas em altas concentrações, acima
de cerca de 40 ppb", diz Artaxo.
"O foco dos
estudos do experimento GoAmazon foi desvendar os mecanismos de
interação entre as emissões de Manaus e as da floresta", diz Paulo
Artaxo, que é professor do Instituto de Física da USP e um dos
coordenadores do experimento GoAmazon, uma campanha científica
internacional com participação do INPA, INPE, UEA, USP e outras
instituições.
Com cerca
de 400 trabalhos publicados e mais de 16 mil citações, Artaxo foi um dos
quatro brasileiros citados no início do ano entre os pesquisadores
'mais influentes', do mundo pela empresa Thomson Reuters.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq
Fonte: CNPq
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