segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Descoberta sobre doença ELA abre caminho para novos tratamentos

Descoberta sobre doença ELA abre caminho para novos tratamentos


Doença afeta os neurônios que controlam os movimentos musculares voluntários, produzindo paulatinamente a paralisia motora do paciente





Pesquisadores do Uruguai, França e Estados Unidos descobriram que existe um mecanismo imunológico que parece estar diretamente vinculado com o avanço da esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma descoberta que pode abrir caminho para tratamentos promissores.
A ELA é uma doença degenerativa progressiva que afeta os neurônios que controlam os movimentos musculares voluntários, produzindo paulatinamente a paralisia motora do paciente.
Os cientistas encontraram células imunológicas que invadem de forma anormal os músculos das pessoas com ELA e interagem com as conexões entre os neurônios motores e as fibras musculares.
Nesta invasão pode estar a origem de um processo de inflamação crônica “que poderia explicar a falha das fibras nervosas motoras que controlam corretamente o músculo”, explicou em um comunicado Luis Barbeito, pesquisador principal do Instituto Pasteur de Montevidéu.
Na pesquisa participaram, além do Pasteur, a Universidade do Alabama em Birmingham, a Universidade do Estado do Oregon e o Instituto Imagine de Paris.
“Encontramos evidências de que certas células inflamatórias do sistema imunológico atacam essas uniões entre os neurônios e os músculos acelerando a denervação e a paralisia”, disse à AFP Emiliano Trías, pesquisador do Pasteur e autor do trabalho publicado na quinta-feira no Journal of Clinical Investigation Insight.
Estas células, identificadas pela primeira vez, “poderiam ser alvo de fármacos que busquem inibir ou bloquear sua atividade nociva sobre os músculos e os nervos” dos pacientes com ELA, uma doença para a qual não há cura, afirmou Trías.
Em ensaios em animais com ELA, os pesquisadores encontraram outro dado-chave: a quantidade destas células imunológicas, chamadas mastócitos e neutrófilos, aumenta bruscamente depois de que se inicia a paralisia.
“Utilizando fármacos como o masitinib e bloqueando especificamente estas células, poderíamos proteger as conexões que ainda funcionam corretamente nas primeiras etapas da ELA e desta forma desacelerar o avanço da mesma”, disse Trías.
O masitinib é um fármaco em desenvolvimento que foi testado clinicamente em oncologia durante mais de uma década, e foi testado em pacientes com ELA em ensaios clínicos.

O tratamento nos animais diminuiu os mastócitos e preveniu a degeneração progressiva dos nervos motores e a denervação muscular, explicaram os pesquisadores, ao acrescentar que os resultados são promissores para fornecer novos enfoques terapêuticos para desacelerar o avanço da perda de mobilidade.
São necessários, no entanto, mais ensaios clínicos em pacientes com ELA, disseram.

Fonte: EXAME

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