terça-feira, 15 de dezembro de 2020

2020 foi marcado por descobertas científicas admiráveis, não apenas em torno da Covid-19

2020 foi marcado por descobertas científicas admiráveis, não apenas em torno da Covid-19

Adriana Moysés
11/12/2020

As inovações científicas de 2020 ganham destaque na edição semanal da revista francesa Le Point. © Fotomontagem RFI/Adriana de Freitas

O ano de 2020, que muita gente prefere esquecer por causa da pandemia de coronavírus, foi marcado por descobertas inovadoras. Milhares de pesquisadores se mobilizaram para encontrar vacinas e medicamentos eficazes contra a Covid-19, mas outras áreas da ciência que envolvem tecnologia também avançaram de forma fascinante. É o que mostra a revista francesa Le Point, com uma reportagem dedicada aos progressos dos últimos 12 meses.

"O táxi voador e silencioso criado pelo engenheiro alemão Gunther Schuh está pronto para decolar em 2022 – é amanhã!", estampa a revista semanal francesa. O projeto poderá contar com as baterias de nanotubo de carbono desenvolvidas pela start-up francesa Nawa Technologies, instalada em Aix-en-Provence, no sul do país. Essas baterias precisam de apenas 5 minutos para serem recarregadas, oferecem uma autonomia de 800 a 1.000 quilômetros, utilizam matéria-prima abundante e facilmente reciclável, destaca a Le Point. A empresa acaba de levantar € 13 milhões para produzir seus eletrodos.

O computador quântico desenvolvido pela equipe de Jian-Wei Pan, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hefei, na China, é outra proeza do ano. O equipamento, em fase de testes, seria capaz de efetuar algumas operações em velocidade 100 bilhões de vezes mais rápida do que o mais avançado computador existente. Mesmo estando em fase de simulação, esse resultado divulgado em 3 de dezembro acirra a disputa pela supremacia quântica, que mobiliza cientistas nos EUA, na China e na Europa.

O cientista francês Alain Aspect, da Escola Politécnica de Paris, diz nas páginas da Le Point que "a verdadeira supremacia quântica será aquela [tecnologia] que conseguir resolver um problema do nosso cotidiano, como, por exemplo, calcular em tempo real a energia elétrica produzida por uma torre eólica". Segundo ele, a start-up francesa Pasqal, de Paris, reserva uma bela surpresa nessa área para 2021.

Outra grande inovação de 2020 veio do MIT (Massachussets Institute of Technology), o prestigiado centro de estudos americano. Em fevereiro, o instituto anunciou ter descoberto, graças a um algoritmo, um antibiótico eficaz contra as superbactérias resistentes a outros medicamentos.

Em tempos de Covid-19, as vacinas contra o novo coronavírus à base do RNA mensageiro estão demonstrando eficácia maior do que aquelas feitas a partir de tecnologias tradicionais.

Ainda na área médica, a empresa britânica de inteligência artificial DeepMind acredita ter conseguido estabelecer a estrutura de proteínas em 3D, o que só era possível até agora pela técnica de cristalografia de raios X. Esse novo método de observação da estrutura das proteínas poderá explicar mutações do DNA que provocam doenças genéticas - uma etapa fundamental para o futuro desenvolvimento de terapias curativas. 

Buracos negros, esquadrilha de drones, dessanilização da água
A lista da Le Point é longa. A descoberta de buracos negros de massa intermediária identificados por cientistas americanos e europeus do laboratório LIGO-Virgo também é citada como "da maior importância", uma vez que o nascimento desses objetos pode ajudar a entender outros mecanismos de funcionamento do universo.

A esquadrilha de 3.051 drones chineses desenhando um satélite no céu de Zhuhai, em setembro, mostrou que esses equipamentos poderão enganar os sistemas de defesa antiaéreos, fortalecendo o poderio da China na área militar.

A revista francesa enumera ainda como grandes realizações científicas de 2020 o primeiro voo bem-sucedido da cápsula espacial Crew Dragon, da empresa americana SpaceX, em meados de novembro. A utilização da fusão nuclear para criar um sol artificial, experiência feita pelos chineses. O robô capaz de limpar o espaço de resíduos de satélites e de outras atividades humanas no espaço, da empresa suíça ClearSpace. As novas técnicas de dessanilização para aumentar o acesso à água potável, do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS), também são mencionadas na reportagem.

Fonte: RFI

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