sexta-feira, 11 de junho de 2021

Os impactos da impressora 3D na medicina

Os impactos da impressora 3D na medicina

Alessandra Montini
10/06/2021

Já pensou imprimir um coração, um rim ou até mesmo um pulmão e salvar muitas vidas? Parecem cenas de filmes de ficção científica, mas a questão é que isso já tem avançado na realidade também.

É claro que o assunto ainda causa espanto. Afinal, como é possível imprimir um órgão? Primeiro, precisamos entender que a tecnologia nos permite isso. A impressora 3D consegue criar objetos em formato tridimensional. Com ela, é possível desenhar qualquer tipo de item em programas de computador e fazer a impressão.

Essa tecnologia já avançou em diversos setores, como no automobilístico, e está dando alguns passos também na medicina. Um estudo realizado pela Transparent Marketing Research prevê crescimento médio anual de 17,7% no mercado de dispositivos 3D até 2025. Não tão longe, essa tecnologia se tornará algo comum e aplicada em diversas áreas médicas no Brasil e no mundo.

Inclusive, durante o enfrentamento da pandemia de coronavírus, a impressora 3D tem sido utilizada para minimizar os efeitos devastadores na saúde e salvar vidas. Sua utilização possibilita criar válvula e bomba de oxigênio, protótipos de máscaras e viseiras protetoras.

No entanto, essa tecnologia não foi só testada por conta da pandemia. Pelo contrário, ela já é uma ferramenta de estudo para diversos cientistas. Em 2019, na Universidade de Tel Aviv, em Jerusalém (Israel), foi apresentado um coração vivo feito a partir de tecido humano com uma impressora 3D. Foi a primeira vez que alguém conseguiu projetar e imprimir um coração inteiro, repleto de células, vasos sanguíneos, ventrículos e câmaras.

Já os pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) usaram células sanguíneas humanas para desenvolver “minifígados”. Eles fazem as mesmas funções que um fígado normal: sintetizam proteínas, armazenam e secretam substâncias exclusivas do órgão, como a albumina.

As duas experiências abrem caminho para a realização de transplantes sem as longas filas de espera e minimizando o risco de rejeição, já que os órgãos são feitos com células do próprio paciente. Mas estes são só alguns itens das possibilidades que a impressora 3D pode proporcionar para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Uma publicação da Racounter mostra uma menina que perdeu as mãos ainda bebê por causa da meningite. Quase dez anos depois, o primeiro teste clínico na Inglaterra de um novo modelo de próteses desenvolveu novos membros. Detalhe: o processo levou apenas um dia e o custo foi muito menor do que uma prótese com dedos controláveis.
Engenheiro demonstra o coração impresso em uma impressora 3D. Créditos: Shutterstock

Na Irlanda do Norte também aconteceu outro caso que mostra como a tecnologia 3D foi decisiva. Uma mulher foi diagnosticada com câncer terminal nos rins e contava com um novo órgão que receberia do próprio pai por meio de transplante. Entretanto, durante exame de rotina, o pai da paciente descobriu um cisto potencialmente cancerígeno no rim destinado à doação. Os médicos tiveram a oportunidade de analisar uma réplica exata do rim impresso tridimensionalmente.

O futuro da medicina
Se continuarmos tendo sucesso nessas experiências, veremos, em breve, a impressora 3D invadindo hospitais e consultórios médicos no mundo inteiro. Atualmente, ainda de acordo com a reportagem da Racounter, a maior demanda é para implantes ortopédicos e restaurações dentárias, o que deve continuar pelos próximos anos.

Outro ponto que deve ser celebrado é a economia em um procedimento com o uso de impressora 3D. A revista Forbes revela que, até o fim de 2021, a tecnologia tridimensional deve valer pelo menos US$ 1,3 bilhões. Além disso, ressalta que um transplante normal de rim, por exemplo, custa em média US$ 330 mil, de acordo com a Fundação Nacional para Transplantes norte-americana. Entretanto, existem startups, como a BioBots, que comercializam “impressoras 3D biológicas” por apenas US$ 10 mil. Tudo isso mostra que logo poderemos ver os valores de vários procedimentos terem uma queda, o que é algo muito positivo.

*Alessandra Montini é diretora do LabData, da FIA

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