sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Projeto da UFF desenvolve barco inteligente que monitora as águas na Baía de Guanabara

Projeto da UFF desenvolve barco inteligente que monitora as águas na Baía de Guanabara


Assessoria de I...
29 OUT 2021


Crédito da fotografia:
Divulgação/Estéban Clua


De acordo com o Instituto Estadual do Meio Ambiente do Rio de Janeiro (INEA-RJ), a crescente pressão sobre os recursos hídricos, além do aumento e da diversidade das fontes de poluição, torna o acompanhamento das alterações da qualidade das águas cada vez mais necessário. Esse monitoramento é feito para subsidiar ações de proteção e recuperação, visando garantir os usos atuais e futuros. Os dados provenientes do monitoramento são a base para a avaliação da qualidade das águas e para a produção de relatórios, diagnósticos e boletins sobre as condições dos corpos hídricos.

Com o intuito de colaborar na atenção dessa demanda ambiental, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal Fluminense se destaca trazendo mais tecnologia para o processo de acompanhamento da qualidade dos recursos hídricos no estado do Rio de Janeiro. Alunos e docentes dos Departamentos de Engenharia Elétrica (TEE-UFF), Engenharia de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (TGH-UFF), e do Instituto de Computação (IC-UFF), estão desenvolvendo em conjunto uma embarcação autônoma para monitoramento da água das baías e lagoas de Niterói. A iniciativa também tem apoio financeiro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e conta com a parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da empresa NVIDIA, líder mundial em soluções de Inteligência Artificial e sistemas computacionais de alto desempenho embarcado.

O coordenador do projeto, professor Daniel Dias, do Departamento de Engenharia Elétrica, explica que, ao reunir um conjunto de tecnologias de ponta, a mobilidade autônoma é capaz de se movimentar de forma planejada, rápida e segura. “A ciência acredita que em um futuro próximo os veículos autônomos, ou seja, sem intervenção humana em sua direção, estarão presentes em diversos cenários do dia a dia, realizando funções e atividades de alto impacto social, econômico e ambiental”.

A princípio, o piloto automático será embarcado em um catamarã elétrico movido à energia solar. “O objetivo inicial era divulgar o uso de fontes alternativas para propulsão elétrica. Entretanto, a colaboração com a Engenharia Ambiental e a Computação ampliou a potência do desenvolvimento tecnológico da pesquisa, principalmente na área de gestão dos recursos hídricos, com o monitoramento da qualidade da água, e da inteligência artificial, que guiará a embarcação”, relata Daniel.

Uma das grandes vantagens da utilização de uma embarcação autônoma para esse tipo de serviço é a praticidade, rapidez e baixo custo na realização do trabalho. “Se o monitoramento for feito através de recursos humanos, considerando que dependerá de uma equipe que vá até o local, colete as amostras, e as leve até o laboratório, o processo se torna mais lento e caro. Muitas vezes as ações que poderiam ser mais eficazes em tempo reduzido não são possíveis por conta do custo de tempo”, ressalta.

O pesquisador pontua que outro benefício é a possibilidade de se realizar a medição em um maior número de pontos das baías e lagoas. “É essencial fazer um levantamento de diversos parâmetros, principalmente no fundo da baía, onde existe um grande despejo de lixo químico e industrial. Além disso, pretendemos mapear o relevo do fundo das lagoas para detectar possíveis assoreamentos e como eles ocorrem ao longo do tempo, seus agravos e melhoras”.

O piloto automático do barco está sendo desenvolvido pelo grupo de trabalho do Instituto de Computação (IC-UFF). “Uma câmera robô conduzirá as missões de monitoramento que medirão parâmetros importantes da água com mais eficiência e segurança. A tecnologia é capaz de reconhecer obstáculos de forma detalhada, saber se um navio está passando, se há pedras ou lixo, e assim consegue fazer desvios. Estamos trabalhando na visão computacional, na programação do comportamento e nos controladores do robô. Já terminamos o protótipo do barco, que recentemente teve um teste de três horas navegando sozinho pela Baía de Guanabara. Neste momento, estamos calibrando as redes neurais robóticas para aperfeiçoar ainda mais a acuracidade da navegação”, destaca o professor do IC-UFF Esteban Clua.

Já o Departamento de Engenharia Agrícola e Ambiental é responsável por auxiliar no desenvolvimento do sistema de sensores de baixo custo e das estações meteorológicas que serão utilizadas na embarcação. O professor Ivanovich Salcedo pontua que, a princípio, a maior finalidade das sondas é medir o índice da qualidade da água em tempo real. “Entretanto, inúmeras outras tarefas também podem ser programadas. Uma vez desenvolvida, essa sonda pode ser acoplada a outros tipos de embarcações e missões, o que ajuda a impulsionar o movimento da engenharia de recursos hídricos e meio ambiente”, complementa o docente.

Além disso, monitorar a qualidade da água é essencial para o licenciamento ambiental e o suporte às decisões da gestão de recursos hídricos, e tem fortes efeitos nos setores de pesca, turismo, saúde e lazer. “Os diversos impactos negativos sofridos pelas águas urbanas acentuam a necessidade de práticas mais eficientes, que encurtem o monitoramento em tempo e espaço para uma melhor compreensão da evolução dos parâmetros de qualidade da água, em virtude, principalmente, dos processos artificiais oriundos de atividades humanas”, acrescenta o coordenador Daniel Dias.

A expectativa dos professores é que, ao final do projeto, seja possível disponibilizar à comunidade uma infraestrutura completa com potencial para ser utilizada de forma científica, comercial e até mesmo militar, em propostas que necessitem de um veículo robótico de superfície aquática com autonomia suficiente para missões marítimas de média e longa duração. “Além do alto impacto ambiental presente no projeto, acreditamos que o mesmo é fundamental para a região, em função da vocação para a construção naval presente na cidade de Niterói”, conclui.

Fonte: UFF

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