Especialistas discutem impacto da tecnologia nas salas de aula
O impacto da introdução de tecnologias na sala de
aula e no dia a dia dos alunos e professores é tema de discussões que
reúnem hoje (17) e amanhã (18) pesquisadores, empresários e
representantes de países latino-americanos em Copacabana, na segunda
edição do Bett Latin America Leadership Summit, evento que trata das
estratégias inovadoras para o futuro da educação na América Latina. Uma
das mudanças identificadas por educadores é o papel do professor, que
deixa de ser o detentor das informações.
"O grande desafio da escola hoje é o seguinte: a informação chega a
todo mundo. Mas é preciso transformar essa informação em conhecimento.
Eu sei de tudo, toda a informação vem para mim, mas isso gera o que na
minha vida? O desafio do professor, hoje, é fazer esse salto, esse pulo
do gato, essa conexão. Transformar a informação em conhecimento", disse a
secretária de educação da Paraíba, Márcia Figueirêdo, uma das
palestrantes da primeira mesa do evento. "Precisamos de professores que
não se reconheçam mais como os detentores da informação. O professor
domina o argumento para ensinar, é quem tem a metodologia. Isso precisa
ser visto de forma diferenciada e mais viva", opinou Márcia.
Para cumprir esse papel, Márcia entende que é preciso estimular o
professor a despertar para as novas tecnologias, mundo em que os alunos
já crescem inseridos mesmo em comunidades mais pobres: "Em uma das
minhas viagens pelo interior, encontrei uma casinha no meio do nada, na
beira de uma estrada, e descobri que ali funcionava uma lan house. Lá
estavam dois meninos, que me contaram que andavam quatro quilômetros
para ir lá conversar com amigos de todas as partes do mundo. Perguntei
se eles falavam inglês, e um disse que estava aprendendo", contou
Márcia.
O diretor geral de tecnologias educacionais do Ministério de Educação
do Peru, José Antonio Chacón, defendeu o investimento em tecnologia nas
salas de aula como parte da infraestrutura educacional. "Quanto mais o
professor utilizar a tecnologia como meio e ferramenta, mais ele vai
melhorar a qualidade do ensino", disse.
A adoção de uma tecnologia, no entanto, tem que ser planejada para
não ficar obsoleta, afirmou o especialista de vendas e marketing de
tecnologias educacionais Anthony Cortes: "Hoje, nos Estados Unidos,
vemos governos comprando tecnologias para serem usadas daqui a três ou
quatro anos, quando já vão estar obsoletas. É preciso pensar 10 anos à
frente, e não apenas no que está sendo implementado agora. A tecnologia
que está em implementação precisa ser discutida, porque colocar
tecnologia por colocar não adianta. Gastamos recursos importantes à
toa".
Reportagem de Vinícius Lisboa
Fonte: Info
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