Programa mundial dará bolsas a sete cientistas brasileiras este ano

Programa mundial dará bolsas a sete cientistas brasileiras este ano

Criado em 11/03/15 16h18 e atualizado em 11/03/15 16h20
Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil Edição:Stênio Ribeiro 
Já estão abertas as inscrições para o Prêmio L'Oréal-Unesco-ABC Para Mulheres na Ciência no Brasil, que vai premiar sete cientistas brasileiras com bolsa-auxílio de US$ 20 mil (ou cerca de R$ 62 mil) cada. Este é o único programa brasileiro de premiação voltado exclusivamente para mulheres cientistas, e completa dez edições em 2015. A iniciativa é patrocinada pela fundação francesa e conta com parcerias da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
O presidente da ABC, professor Jacob Palis, disse que o prêmio é um grande incentivo à mulher cientista brasileira. “É uma disputa saudável, muito boa. Temos muitos processos aplicados para ganhar esse prêmio”, comemorou, e admitiu que é uma escolha difícil, uma vez que a ciência no Brasil está avançando de forma significativa “e, em particular, o papel da mulher na ciência. Para a ABC é uma satisfação promover a mulher na ciência”.
Desde que foi instituída no país, atendendo à sugestão da ABC, a iniciativa premiou 61 cientistas brasileiras de todas as regiões. Na edição de 2014, mais de 300 projetos foram inscritos. Os prêmios são distribuídos em áreas diversas como física, matemática, biologia, ciências médicas, astronomia, entre outras. “Algumas delas ganham o Prêmio L'Oréal-Unesco por regiões”, destacou Jacob Palis.
Lançada em 1998, a premiação global For Women in Science contempla anualmente cinco notáveis pesquisadoras, uma por continente. Ao todo, seis brasileiras já tiveram seus nomes incluídos entre as melhores cientistas internacionais:  Mayana Zatz (genética), em 2001; Lucia Previato (microbiologia), em 2004; Belita Koiller (física), em 2005; Beatriz Barbuy (astrofísica), em 2009; Marcia Barbosa (física), em 2013; e Thaisa Bergmann (astronomia), em 2014. O grande número de projetos apresentados a cada ano fez crescer o total de cientistas premiadas, explicou Palis.
Segundo o presidente da ABC, o prêmio é positivo à medida em que permite às cientistas darem continuidade às suas pesquisas. Ele analisou que “a ciência precisa ser valorizada mais no Brasil. Para a sociedade, é um benefício ter uma ciência de ponta em todos os setores”. Palis disse que às vezes o benefício das pesquisas pode ser sentido de modo mais direto – caso da área médica –, mas mesmo as pesquisas indiretas acabam influenciando o todo – caso da matemática. Palis reiterou que “não há outro caminho para crescimento saudável e justo sem uma boa ciência por trás”.
O coordenador de Ciências Naturais da Unesco no Brasil, Ary Mergulhão, reforçou que o prêmio objetiva a estimular as mulheres a participarem do mundo científico. Isso varia de país para país, dependendo do desenvolvimento da comunidade científica local. “A gente pode dividir a influência deste prêmio em duas grandes linhas: fazer mulheres participarem da ciência e reconhecer o trabalho que mulheres cientistas já desenvolvem”. Mergulhão avaliou que o Brasil está em um caminho muito claro neste sentido.
O coordenador da Unesco destacou que há quase um equilíbrio entre mulheres e homens cientistas no Brasil. O grande desafio,acrescentou, é fazer com que as mulheres não abandonem a carreira científica, e “este prêmio tenta contribuir para isso”. O problema é que, com o decorrer da vida profissional e, muitas vezes, por influência da vida familiar, as mulheres tendem a deixar a carreira científica, apontou.
“O que queremos com esse tipo de iniciativa é motivar as mulheres a continuarem na carreira científica e aprimorarem, sobretudo, a qualidade do trabalho científico que desenvolvem”, disse Meergulhão. Ele salientou que o Brasil tem, atualmente, participação destacada no mundo, em termos de trabalhos científicos publicados em revistas especializadas. “O Brasil já ocupa um espaço bastante significativo”, afiançou.

As inscrições para o Prêmio L'Oréal-Unesco-ABC podem ser feitas até 31 de maio, na página criada especialmente para celebrar os dez anos do programa (www.paramulheresnaciencia.com.br). O anúncio das ganhadoras será em agosto, e a cerimônia de premiação em outubro.



Fonte:Agência Brasil

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