sexta-feira, 15 de maio de 2015

Nascido de um erro, Kevlar completa 50 anos

Nascido de um erro, Kevlar completa 50 anos 

Gabriel Garcia, da INFO 15/05/2015 15h19

kevlar
A cientista Stephanie Kwolek descobriu o composto em 1965
Divulgação

A vida das pessoas é repleta de objetos cobertos ou construídos com Kevlar: de coletes à prova de balas até pneus e cadarços, uma lista inesgotável de objetos é revestida ou fabricada com a fórmula [-CO-C6H4-CO-NH-C6H4-NH-]n. Mas quando foi inventado, há exatos 50 anos, o material não parecia ter um futuro tão promissor. Na verdade, ele quase foi para o lixo.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a equipe de pesquisa e desenvolvimento da DuPont começou a desenvolver materiais para novas versões de diferentes equipamentos antecipando uma possível crise mundial no fornecimento de materiais como metais e borracha.

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Um desses objetos foi o capacete usado pelos soldados do Exército americano. As Forças Armadas queriam substituir o velho, pesado e desconfortável capacete de ferro por algo mais leve e, obviamente, seguro. A missão da equipe de pesquisa da DuPont era criar uma espécie de teia de aranha sintética: um material extremamente leve e muito resistente.

Em 1965, a cientista Stephanie Kwolek se deparou com uma fibra inédita enquanto testava algumas aplicações químicas para polímeros. A pesquisadora percebeu que havia encontrado cadeias de moléculas extremamente resistentes, chamadas de polímeros líquidos cristalinos. O problema era que eles se quebravam com muita facilidade. Mas Kwolek sabia que havia encontrado algo diferente ali.

Foto por: Divulgação
Depois de muita pesquisa, Kwolek desenvolveu um solvente capaz de estabilizar as longas cadeias de carbono. Mas o material final era uma solução opaca e sem viscosidade, com a consistência de um leite e que geralmente era jogada no lixo após as experiências.

Mas a cientista convenceu o técnico que a acompanhava a testar as propriedades daquela maçaroca: descobriu-se que o "erro" era uma fibra mais leve do que o aço, mas cinco vezes mais forte do que o metal.

Em 1971, um militar chamado Nick Montanarelli ouviu falar sobre a fibra ultrarresistente que o Exército estava testando em pneus, o Kevlar. Ele ligou para Lester Shubin, diretor do Instituto Nacional de Justiça e sugeriu usar esse novo material em coletes e roupas. Para testar sua teoria, revestiu uma lista telefônica em Kevlar e deu alguns disparos com um revólver. As balas ricochetearam.

O Instituto Nacional de Justiça decidiu saber se o impacto causava algum trauma no corpo, mesmo com as balas não atravessando o material. O teste foi feito com cabras, já que cadaveres e bonecos não serviam por não terem órgãos que pudessem ser impactados. Em 1978, os Exército dos Estados Unidos encomendou a DuPont jaquetas e capacetes revestidos por Kevlar.

Cinquenta anos depois de ser inventado, o material está presente desde solas de sapato até no robô Curiosity, que atualmente investiga o planeta Marte. Felizmente, Kwolek viveu para ver sua invenção dominar o mundo. A cientista morreu aos 90 anos, em junho do ano passado.

Fonte: Info

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