segunda-feira, 13 de junho de 2016

Paraguaio cria braço biomecânico de baixo custo

Paraguaio cria braço biomecânico de baixo custo

Alberto Peña, da EFE
Arquivo
Braço biomecânico
Braço biomecânico: ele fabricado com plásticos duros, como o utilizado nos brinquedos Lego

Assunção -- Conhecedor do que é usar próteses em membros amputados, o paraguaio Antonio Resquín coordena uma equipe de pesquisa que fabricou um braço biomecânico quase cem vezes mais barato que os já existentes, a primeira de uma série de inovações baseadas no baixo custo.
A nova prótese "made in Paraguai", desenvolvida a partir da impressão em 3D, custa cerca de US$ 1mil, enquanto os produtos de titânio, aço ou alumínio fabricados na China, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos se aproximam dos US$ 100 mil.
Ainda em fase de protótipo, a prótese surge da preocupação com o alto custo de Resquín, de 27 anos e coordenador do Centro de Inovação em Tecnologias Assistidas (CITA) da cidade de Hernandarias.
O engenheiro disse à Agência Efe que sabe por experiência própria da inovação que representa a criação de uma prótese acessível economicamente e com as funções básicas.
"Sou uma pessoa com incapacidade física que usa próteses nos joelhos e não conto com o braço direito. Isso foi uma motivação muito grande para trabalhar no sistema, e eu sabia que estas próteses no mercado são muito caras, têm um alto custo e dificilmente são acessíveis às pessoas do país", disse Resquín.
O braço biomecânico é fabricado com plásticos duros, como o utilizado nos brinquedos Lego, e qualquer peça com defeito pode ser substituída mediante uma nova impressão em 3D, o que evitará o envio da prótese a seu país de origem para reparo, evitando o alto custo que isso implica.
"Nosso objetivo é desenvolver uma prótese realmente útil, cômoda, leve e que seja funcional, que cumpra todas as funções de uma mão, embora não seja possível alcançar a funcionalidade total de uma mão natural", explicou o engenheiro.
Resquín acrescentou que a prótese é fixada ao corpo através de um sistema de vácuo e funciona através de sensores colocados sobre a pele que detectam os sinais musculares mioelétricos enviados pelo cérebro, o que gera os movimentos básicos no braço biomecânico.
"A prótese tem funções de pinça básicas, de agarre fino e grosso, de força... que são os movimentos mais usados no dia a dia", detalhou.
O engenheiro centrou o projeto na adaptabilidade da prótese ao corpo, mas também pensou no alto índice de acidentes de motocicleta no Paraguai, onde este tipo de transporte é o mais utilizado pela população devido ao preço mais acessível.
Esses acidentes, segundo Resquín, provocam um grande número de amputações entre as vítimas, que são de classe baixa em sua maioria e não podem comprar uma prótese de metal.
"Se o projeto gerasse um braço muito complexo, super inovador no sentido da complexidade da tecnologia, chegaríamos a um preço muito alto e sua aplicação no Paraguai seria inviável", comentou o engenheiro.
Resquín afirmou que esse problema que existe no país o levou a criar uma linha de trabalho para desenvolver mais protótipos voltados a outros tipos de incapacidades.
"Não será um projeto isolado (...), atualmente estamos desenvolvendo cadeiras de rodas de baixo custo, com sistema 'interface' homem-máquina, para manejo não necessariamente com alavancas, e que usam softwares com certo grau de acessibilidade", disse.
Resquín comentou que outra das finalidades destes projetos economicamente acessíveis é ajudar a superar o "choque emocional e a frustração psicológica" que impedem a recuperação das pessoas que sofrem uma amputação.
"Por experiência própria, o que mais desejam as pessoas que perdem algum membro é voltar a parecer ser como eram antes", concluiu Resquín. 

Fonte: EXAME

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