Bem-vindos ao machine learning, a nova fronteira tecnológica
Cezar Taurion*
24 de agosto de 2016 - 08h45
Algumas atividades serão substituídas por máquinas. Mas em muitas outras tarefas, as máquinas nos complementarão
O avanço da automação e, mais recentemente, do conjunto de
tecnologias que chamamos de “machine learning, vai mudar em muito as
profissões atuais. O impacto da robotização chegando às áreas de
conhecimento muda nossa percepção sobre automação. Antes era consenso
que automação afetaria apenas as atividades operacionais, como nas
linhas de produção. Mas agora percebemos que podemos vê-la atuando em
atividades mais mentais do que manuais, que envolvem tomadas de
decisões, que tradicionalmente abrange pessoas com formação
universitária e são responsáveis pelo extrato profissional considerado
superior.
Parece impossível? A cada dia surgem mais evidências que esta
mudança está bem mais próxima que pensamos. Em 2011, o Gartner, através
de um de seus analistas, Nigel Rayner já afirmava: “Pode chegar um dia
em que a automação substitua as pessoas nas tomadas de decisões nos
negócios. As máquinas substituiriam os administradores que atualmente
confiam em instinto, experiência, relações e incentivos financeiros por
desempenho para tomar decisões que algumas vezes levam a resultados
ruins.”
Este cenário vai nos obrigar a mudar muitas profissões e obviamente
a redesenhar a formação acadêmica para enfrentar este desafio. Estamos
realmente formando as pessoas para as profissões do futuro? Um
interessante ensaio sobre as profissões do futuro pode ser visto em aqui.
O primeiro passo é reconhecer que algumas atividades serão
substituídas por máquinas. Mas em muitas outras, as máquinas nos
complementarão. Mas isso significa que temos que expandir nossos
conhecimentos, pois as atividades básicas de muitas profissões serão
automatizadas.
O diferencial humano estará na nossa capacidade de criatividade,
flexibilidade, emotividade, motivação, liderança, relações
interpessoais, ponderação e senso comum. Infelizmente a atual formação
acadêmica não enfatiza muitos destes aspectos em seus conteúdos
programáticos. Por exemplo, a tecnologia nos ajuda muito na análise de
dados, mas a tomada de decisões exige retórica e poder de síntese.
Um exemplo simples: um advogado usará algoritmos para analisar e
cruzar milhares de documentos legais e lhe sugerir estratégias de ação,
para ele ficar livre para dedicar toda sua energia na preparação da
argumentação, que além de suporte documental é influenciado pelo
conhecimento do contexto, emotividade e pensamento abstrato de como
conduzir a estratégia.
Muitas atividades do setor de serviços serão realizadas por robôs.
Estes já estão maciçamente presentes no ambiente industrial, mas estamos
apenas começando a ver sua aplicabilidade em serviços. O exemplo do
GiraffPlus da Comunidade Européia no uso de robôs como auxiliares de
cuidadores de idosos é um primeiro passo nesta direção.
Atividades que já se tornaram praticamente robotizadas, como
atendimento de call center, consultores financeiros e de vendas, que
seguem rigidamente scripts pré-definidos, não terão espaço na disputa
com sistemas “inteligentes” como o Watson, por exemplo. xxxx
Afinal seguir um esquema pronto uma máquina pode fazer, e até melhor,
pois pode considerar inúmeras outras variáveis consultando em tempo real
informações dispersas em dezenas de bancos de dados. Mas a capacidade
de ouvir, refletir e criar vão tornar a função diferenciada.
Estamos vivendo um ponto de inflexão e precisamos entender a
exponencialidade das inovações transformacionais que estão sobre nós.
Mudanças nas profissões e na formação profissional será inevitável.
Quanto mais cedo entendermos os impactos das mudanças, mais
preparados estaremos. Recomendo a leitura do livro “The Second Machine
Age” que no mínimo nos instiga a repensar muito dos paradigmas atuais.
Fonte: IDGNow
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