EFE Redação Central 
Os resultados foram publicados na revista "Nature Ecology & Evolution" em um artigo liderado por Diana E. Bowler, do Centro de Pesquisa de Biodiversidade e Clima de Senckenberg. O estudo constatou que as mudanças da temperatura em longo prazo têm efeitos também emlongo prazo no tamanho das populações de espécies de plantas e animais, que vão de algas a mamíferos.
Para a cientista, o aumento de 1,11 graus em 37 anos pode "parecer inofensivo", mas não é. Segundo Diana isso provoca um "sério impacto" na natureza. Durante esse tempo, quase a metade das espécies estudadas mostrou um aumento ou uma diminuição "significativa" de suas populações.
"Esse efeito da temperatura em ambientes terrestres é tão grande quanto o efeito que a poluição tem sobre as espécies", explicaram os autores.
Assim, a mudança na distribuição que acontece em cada espécie pelo aumento da temperatura é influenciada por sua preferência por mais ou menos calor. Esta relação entre estas preferências térmicas e os tamanhos das populações é muito evidente em espécies com muita mobilidade, como as aves e as borboletas, mas também é observada claramente em organismos sésseis (organismos aquáticos que crescem aderidos a um substrato do qual não se separam) ou de crescimento lento, como os líquens, segundo o Museu Nacional de Ciências Naturais da Espanha (MNCN-CSIC).
Conforme este estudo, as espécies terrestres de zonas mais quentes estão experimentando uma expansão clara de suas populações, mas, ao mesmo tempo, diminuem as espécies terrestres que preferem viver em ambientes frios.
Ao contrário, nas comunidades marinhas e de água doce, os efeitos do aumento da temperatura aparentemente se manifestaram de maneira mais complexa, mas os sinais também são visíveis: as populações de peixes de águas mais temperadas estão aumentando a presença no Mar do Norte.
Para chegar a estas conclusões, foram analisados estudos de 1.758 populações locais. Ao todo, foram 1.166 espécies de 40 tipos, entre mamíferos, aves, algas e líquens.
"Uma das coisas mais importantes deste estudo é a diversidade, a variedade de espécies e formas de crescimento", afirmou à Agência Efe Fernando Valados, do MNCN e que também assina o artigo.
Segundo ele, já existem estudos sobre os efeitos da mudança climática em espécies concretas, mas essa é a primeira pesquisa que reúne um número tão grande e com tipos tão diferentes, daí sua importância, porque demonstra que os padrões se repetem com independência da espécie.
A maioria dos dados foi recolhido na Alemanha, com informação extra de países vizinhos da Europa Central, mas os resultados poderiam se estender a outros lugares, de acordo com Valados.
O estudo também sugere que os impactos da mudança climática sobre os seres vivos não ocorrem sozinhos. "A mudança nos usos do solo, por exemplo, também influenciam muito negativamente nas populações e na diversidade de espécies".

Fonte: EFE