Efeito do aquecimento
global será dobrado nas cidades se comparado com campo
EFE Viena
24 abr 2017
São
Paulo. EFE/Sebastião Moreira
O aumento
das temperaturas derivadas da mudança climática afetará muito mais as cidades
do que o entorno rural, e se seguir o ritmo atual de aquecimento, nos próximos
50 anos o impacto das ondas de calor pode se multiplicar por quatro.
Essa é a
principal conclusão de um estudo da Universidade de Lovaina (Bélgica), cujos
primeiros resultados foram apresentados nesta segunda-feira durante a
assembleia que a União Europeia de Geociências realiza em Viena.
"O
efeito negativo da mudança climática, no que se refere à temperatura, será
dobrado nas cidades se comparado com o campo", resume para Agência Efe
Hendrik Wouters, um dos autores de um relatório que está ainda em fase de
revisão e que será apresentado em breve.
Embora a
temperatura nas cidades seja maior que no entorno rural, especialmente durante
a noite, efeito conhecido como "ilha de calor", este estudo
quantifica pela primeira vez até que ponto as cidades sofrerão mais do que o
campo com os efeitos do aquecimento global.
O
pesquisador belga afirmou que há estudos sobre como as ondas de calor aumentam
os investimentos nos hospitais, diminuem a produtividade, elevam os danos às
infraestruturas e, em casos extremos, disparam inclusive a mortalidade, como
aconteceu em Paris no verão de 2003.
Este
estudo analisou como este efeito interage com as ondas de altas temperaturas
derivadas da mudança climática.
Os
pesquisadores utilizaram medições de temperaturas dos últimos 35 anos na
Bélgica, comparando a frequência e a intensidade das que disparam os limites de
alerta de temperatura, a partir dos quais são esperados efeitos como, por
exemplo, problemas de saúde.
Nesse
período, as ondas de calor foram muito mais intensas nas cidades do que no
campo, um fenômeno que deve se agravar no futuro.
Usando
simulações e modelos gerados com supercomputadores, as primeiras estimativas
preveem que para o período 2041-2075, o impacto do calor nas cidades se
multiplicará por quatro.
Essas
ondas de calor, medidas tanto em sua frequência como em sua duração e
intensidade, serão duplamente mais graves nas cidades que no entorno rural.
Segundo
explicou Wouters, essas previsões correspondem a um cenário médio e reconhece
que há muitos fatores que podem afetar os cálculos, desde quantos gases de
efeito estufa continuarão sendo jogados na atmosfera ou quão grande será o
crescimento das cidades.
Assim, o
pior cenário possível é o de ondas de calor que excederiam em até 10 graus
centígrados os níveis de alerta e se prolongariam durante 25 dias no verão.
Pelo
contrário, em um cenário no qual as emissões de gases se reduziram
drasticamente, o efeito das ondas de calor nos próximos 50 anos seria parecido
com o atual.
Embora os
cálculos tenham utilizado medições na Bélgica, Wouters indica que se forem
exploradas outras regiões de latitudes média, por exemplo o sul da Europa, seriam
esperados resultados similares.
O
pesquisador assegura que, as cidades terão que desenvolver medidas de adaptação
e mitigação.
Medidas
que, assegurou, as cidades do norte de Europa podem copiar de zonas mais
meridionais onde as pessoas já estão adaptadas ao calor há gerações.
Contudo,
Wouters se referiu à necessidade de um "redesenho" das cidades,
apostando por exemplo pelo crescimento vertical, a redução das emissões e por
"dar às pessoas infraestruturas para que possam mudar sua forma de
vida".
Fonte: EFE
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