Como impedir que a Estátua da Liberdade se afogue?
Bloomberg
24 de maio, 2017
Como é possível salvar uma estátua de 225 toneladas instalada em uma pequena ilha no Porto de Nova York do aumento do nível do mar? Primeiro você liga para alguém como Jerry Matyiko, da Expert House Movers, de Maryland. Ele não hesitará diante da pergunta a respeito de como salvar a Estátua da Liberdade.
Nem pense em uma barcaça, disse ele. A enorme base do monumento e o pesado pedestal de pedra tornaria impraticável arrastar a estrutura da Ilha da Liberdade. “Não a moveremos”, sugeriu Matyiko, “vamos deixá-la de pé sobre estacas e colocá-la em um espeto, assim Nova Jersey pode deixar de reclamar que a estátua não olha para eles”.
Ele é um dos poucos com experiência em realocação de monumentos. O Serviço Nacional de Parques dos EUA o chamou para resolver um problema similarmente complicado nos anos 1990, quando a erosão ameaçava derrubar um farol de tijolos no Oceano Atlântico em Cape Hatteras, Carolina do Norte. Era preciso levar o monumento de 4.800 toneladas para longe da costa.
Matyiko trabalhou com Joe Jakubik, gerente de projetos da International Chimney em Buffalo, para chegar a uma solução. Os transportadores escavaram sob o farol, levando seu peso da base original de granito para um sistema de escoramento de madeira. Depois, eles colocaram o farol sobre rolos, tomando o cuidado de garantir que a gravidade não quebrasse o farol. A mudança do farol para sua nova base, 800 metros terra adentro, demorou 30 dias.
“Não dá para bater recordes de velocidade com faróis”, disse Jakubik.
Haverá muita demanda nos próximos anos por pessoas com experiência em mover ou proteger estruturas costeiras vulneráveis. O nível do mar pode forçar milhões de americanos a se retirarem de comunidades litorâneas até o fim do século, eliminando centenas de bilhões de dólares em valor de imóveis. Os monumentos culturais também estão desprotegidos. Mais de US$ 40 bilhões em ativos do Serviço Nacional de Parques estão localizados ao longo da costa em áreas consideradas de “alta exposição” a riscos, segundo uma pesquisa de 2015 publicada pela agência.
Os faróis parecem fáceis em comparação com, digamos, um ícone que segura uma tocha e é conhecido por quase todos no planeta. E então, o que devemos fazer quando a água chegar à Estátua da Liberdade?
A Estátua da Liberdade foi fabricada no fim do século 19 a partir de painéis de cobre, cada um com a espessura aproximada de duas moedas, armados e unidos a um esqueleto de ferro. O monumento de 46 metros de altura fica sobre um pedestal de pedra de 27 metros de altura que, por sua vez, está sobre uma base de 20 metros de altura.
Em sua posição atual, com os dedos dos pés a cerca de 47 metros da linha d’água, a Estátua da Liberdade está mais bem protegida que muitos de seus vizinhos humanos. Em um cenário extremo apresentada pelo website Climate Central, o derretimento das calotas polares da Antártida faria o nível do mar subir cerca de 3,6 metros até 2100. O aumento seria suficiente para produzir marés altas com média de mais de meio metro acima do nível de inundação provocado pelo Furacão Sandy, que inundou a Ilha da Liberdade e destruiu seus sistemas elétricos.
Se o crescente nível do mar ou as tempestades cada vez mais violentas algum dia representarem problemas para a base da estátua, o Porto de Nova York estará enfrentando muitos outros problemas — por exemplo, como proteger mais de 1 milhão de habitantes de Manhattan e bilhões de dólares em valor dos imóveis. Os esforços da cidade para se preservar poderiam até mesmo produzir barreiras para resguardar o porto, apesar de uma parede marinha do tipo ser cara de construir.
“Provavelmente encontraremos alguma forma de proteger a Estátua da Liberdade a todo custo contra o aumento do nível do mar”, disse Marcia McNutt, presidente da Academia Nacional de Ciências, durante um painel de discussão, em janeiro.
Fonte: Blommberg
Comentários
Postar um comentário
Todas postagem é previamente analisada antes de ser publicada.