Google aposta em
inteligência artificial contra temores de dominação
EFE Wuzhen
(China)24 mai 2017
EPA/Filip
Singer
Especialistas
do Google, uma das empresas que mais aposta no desenvolvimento da inteligência
artificial, debateram nesta quarta-feira, na China, sobre o futuro dessa
tecnologia que fascina e aterroriza o ser humano.
Pesquisadores
como o britânico Demis Hassabis, fundador do DeepMind, um dos principais
laboratórios de inteligência artificial do Google, ou Jeff Dean, da subdivisão
Google Brain, participam de um fórum inédito no país, dada a complicada relação
da empresa com a China, que bloqueia seu popular motor de busca.
A
mensagem da conferência foi de otimismo. A inteligência artificial, que agora
está vivendo um grande impulso graças a companhias como Google, Apple, além de
empresas chinesas como Baidu ou Tencent, nos trará benefícios que ainda não
imaginamos, não as ideias apocalípticas de robôs subjugando o homem.
"Novas
curas de doenças serão obtidas mediante a habilidade de inteligência artificial
para buscar novas propriedades médicas", previu o presidente do Google,
Eric Schmidt, que destacou que o maior impacto da tecnologia nos próximos será
na Medicina.
É um
campo ideal para que os cérebros artificiais ajudem os humanos, indicou
Schmidt, em uma das apresentações que uniram um conteúdo filosófico ao
tecnológico, por tratar de explicar o que são fenômenos como a criatividade e a
intuição, e como eles podem ser extrapolados em processadores de dados.
"Campos
como a Química ou a Biologia são até hoje tão complicados e com tantos dados
que nem mesmo o mais inteligente dos especialistas pode ler todos os estudos
feitos. Uma inteligência artificial pode fazer isso, contribuindo com ideias
enquanto o cientista descansa", explicou Schmidt.
Em
resumo, o Google sonha com uma inteligência artificial "benigna",
como as que Hollywood retratou em filmes como "A.I.: Inteligência
Artificial" ou "O Homem Bicentenário". Em ambos, os robôs
criados pelo homem chegam a ser, inclusive, capazes de amar.
A
hipótese é a aposta da visão de cientistas como o britânico Stephen Hawking,
que chegou a prever que a inteligência artificial irá destruir a humanidade.
"É
importante que a tecnologia seja desenvolvida de forma ética e responsável,
para o benefício de todos", afirmou Hassabis, que lidera um dos principais
projetos do Google no setor, o Alpha Go, rebatendo as previsões catastróficas.
O AlphaGo
é uma tecnologia do Google para o jogo mental mais complexo da humanidade, o
Go. Nesta semana, também em Wuzhen, o "robô" do Google desafiou e
venceu o melhor jogador do mundo, Ke Jie, de apenas 19 anos, pela primeira vez.
Segundo
Hassabis, o Go é só uma plataforma de lançamento para testar a inteligência
artificial em um dos jogos que mais se exige da capacidade de cálculo mental -
o número de movimentos possíveis supera o de átomos no universo.
Mas não
basta apenas ser bom de cálculo. A intuição é uma das partes mais importantes
do jogo, e o desafio é um teste para objetivos mais transcendentais da
tecnologia no futuro.
Entre as
possíveis aplicações que o sistema AlphaGo pode ter a médio prazo, Hassabis
citou projetos de novos materiais, remédios ou até mesmo a educação. Ele ainda
deixou de fora o mundo dos assistentes pessoas de smartphones, que já ganharam
vida graças a softwares como a Siri, da Apple, e da Cortana, da Microsoft.
A
inteligência artificial, destacaram os participantes do fórum, se diferencia
dos programas pré-programados por aprender coisas novas, evoluir e ser capaz de
enfrentar novos problemas com a experiência adquirida anteriormente.
Foram
citados exemplos comuns no nosso dia a dia, como o conhecido tradutor do
Google, que, graças à avaliação dos usuários, melhorou a maneira de traduzir
muitos idiomas. Apesar de ainda imperfeito, o serviço melhorou muito desde que
foi lançado.
Segundo
Jeff Dean, do Google Brain, o potencial da inteligência artificial não deve
gerar preocupação, já que esse tipo de tecnologia sempre atua para chegar a um
objetivo concreto. Assim, o mito do robô que ganha consciência própria e decide
atacar o homem é exatamente isso: apenas um mito.
"O
AlphaGo é criativo, gera novas coisas, mas mantém o objetivo programado, que é
ganhar um jogo. Não temo que a inteligência artificial desenvolva suas próprias
metas", afirmou.
Fonte: EFE
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