Planos da Nasa para casas
lunares são desenhados no Brasil
EFE São
Paulo
15 jun
2017
Desenvolvedores
mostram modelo de possíveis residências lunares. EFE/Sebastião Moreira
O capitão
Williams entra na câmara de despressurização após ajustar um dos painéis
solares que abastece a cidade lunar. Enquanto tira o traje espacial, seu
companheiro se exercita em outra cabine para a sua viagem a Marte e o
comandante Smith revisa os níveis de oxigênio na estufa.
Assim
seria a vida na futura colônia que a Nasa (agência espacial americana) planeja
construir em uma cratera do satélite terrestre e cujos planos foram
desenvolvidos por 14 universidades de todo o mundo, entre elas a Faculdade de
Engenharia de Sorocaba (Facens), no estado de São Paulo.
Após
cinco meses de intenso trabalho, 14 alunos e três professores desta
universidade, que faz parte do programa SEE (Experiência de Exploração
Simulada), foram os encarregados de traçar e calcular com dados reais quatro
módulos para hospedar 16 astronautas.
"A
ideia é simular e modelar o que realmente a Nasa pretende construir na Lua
daqui a alguns anos", explicou à Agência Efe a responsável pelo projeto,
Andréa Braga.
Com uma
superfície total de 1.835 metros quadrados, cada módulo de hospedagem está
composto por dormitórios, banheiros, sala de recreação, escrivaninha e sala de
máquinas, de onde seriam controlados os parâmetros como oxigênio, pressão,
energia e água, entre outros.
"O
formato é arredondado justamente porque fisicamente resiste melhor às altas
pressões. As paredes seriam feitas com várias capas de materiais diferentes e
resistentes para suportar essa diferença de pressão", explicou o professor
André Breda Carneiro.
A cidade
lunar não está concebida para a existência de esquinas, pois estas acumulariam
uma pressão com o tempo que acabariam por ceder provocando o colapso da base.
Os
módulos "estão hermeticamente fechados" e para entrar é necessário
passar por uma sala de "despressurização", que compensaria a
diferença de pressão entre o interior da casa, com ar respirável, e a
praticamente ausência de pressão lunar.
A
segurança foi outro dos aspectos importantes na hora de desenhar os planos, já
que na Lua há uma ausência praticamente total de atmosfera.
"Na
Lua não temos a proteção natural que a atmosfera da Terra nos dá. Se cair na
Terra um meteorito, ele será é incinerado pela atmosfera, mas na Lua não ocorre
isto", alertou Carneiro, acrescentando que, em caso de um eventual
impacto, um sistema de portas automáticas isolaria cada módulo para evitar a
destruição completa da base.
Viver no
espaço durante longos períodos também afeta o corpo e, por isso, em cada módulo
haveria uma academia, já que em condições de gravidade reduzida - que na Lua é
um sexto da gravidade da Terra - "o ser humano sofre uma forte perda de
cálcio", daí a importância de "manter a estrutura muscular",
afirmou Carneiro.
Cada uma
das partes do projeto, que também inclui um ponto de decolagem de naves,
veículo para se mover pela superfície, estufa e torre de transmissão, todos
eles desenvolvidos por novas universidades, foi monitorada por funcionários da
Nasa.
"Todas
as quartas-feiras tínhamos uma reunião com engenheiros da Nasa e o resto das
universidades. Tínhamos até um grupo de WhatsApp, são bem acessíveis",
relatou o estudante Daniel Braga.
A cidade
lunar foi concebida precisamente para futuros lançamentos de missões tripuladas
a outros planetas, como Marte, porque no satélite "a saída é mais rápida e
se gasta menos combustível" por quase não ter atmosfera, destacou o
professor.
No
entanto, mais preocupantes parecem as motivações para ir ao planeta vermelho,
pois já há uma empresa com planos para extrair os minerais dos asteroides e de
outros corpos celestes e, no caso de Marte, transborda um item imprescindível
para a construção de microchips: o silício.
"Aqui
na Terra há certa dificuldade com as provisões de silício, cada vez é mais
escasso. Em Marte não existe esse problema, o silício sobra", comentou o
docente perante a preocupação de alguns alunos como Daniel, que espera que o
planeta vizinho "não seja tratado da mesma maneira" que a Terra.
Após
apresentar perante a Nasa, nos Estados Unidos, o projeto de habitações lunares,
a Facens pretende participar em 2018 do novo projeto do programa SEE, que, segundo
Andréa Braga, poderia ter algo a ver com Marte, ainda que não haja confirmação
oficial.
Por
enquanto, os planos da Nasa são os de começar a construir a base na Lua em 2025
e cinco anos depois dar outro grande salto para a humanidade e pisar pela primeira
vez no Planeta Vermelho.
Carlos
Meneses Sánchez
Fonte: EFE
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