Mudanças climáticas farão
com que furacões fiquem mais intensos
06.09.17
- 15h24
AFP
Furacões
como o Irma, que atingiu o Caribe nesta quarta-feira, se alimentam da energia
que os oceanos desprendem e, por isso, com o aumento das temperaturas, os
cientistas acreditam que sua intensidade aumentará, mas sua frequência não.
– Século
XX: incertezas –
Devido à
falta de dados de satélites em escala planetária anteriores a 1970, é
impossível saber como a atividade ciclônica evoluiu no século XX. Antes da
instalação de um acompanhamento completo por satélite, até mesmo ciclones muito
intensos passavam despercebidos se não tocassem terra, por exemplo.
No
Atlântico norte, há cerca de 20 anos foi constatado um aumento da frequência
dos ciclones, ao contrário de entre 1970 e 1995, segundo Franck Roux, da
Universidade Paul-Sebatier de Toulouse (sudoeste da França).
Nesta
região, os pesquisadores notaram que a atividade ciclônica segue ciclos de
dezenas de anos e consideram que ainda não é possível dizer se o aumento do
número de ciclones na zona se deve a uma variabilidade natural ou às mudanças
climáticas.
No
noroeste do Pacífico houve uma leve diminuição da atividade ciclônica entre
1980 e 2010.
– Século
XXI: mais intensidade –
Os
modelos informáticos que simulam o clima do século XXI revelam um possível
aumento da intensidade dos ciclones (ventos e chuvas), e uma possível redução
da sua frequência no planeta.
“Os
ciclones com uma intensidade maior são uma das consequências esperadas das
mudanças climáticas”, explica Valérie Masson-Delmotte, membro do GIEC, grupo de
referência sobre o clima em nível mundial.
“Quanto
maior a temperatura da água e o nível de umidade, maior pode ser a intensidade
do ciclone. E estes dois elementos são mais intensos devido ao aumento do
efeito estufa”, explica a climatologista. “Consideramos que há 7% de umidade a
mais na atmosfera para cada grau de aquecimento”, diz.
– Nível
do mar: ainda mais alto –
O aumento
do nível dos oceanos é um dos sinais do aquecimento do planeta. Esta subida,
variável segundo as regiões do globo, foi em média de 20 cm no século XX e
poderia chegar a quase um metro em 2100.
Ao mesmo
tempo, os ciclones também produzem ondas que geram marés de tempestade. Os dois
efeitos combinados contribuirão para colocar em risco mais populações e
construções costeiras.
– Rumo a
um deslocamento dos ciclones –
Vários
estudos mostram, segundo o Météo France (serviço meteorológico da França), que
“a latitude na que os ciclones alcançam sua intensidade máxima se deslocou em
direção aos polos durante os últimos 35 anos, nos dois hemisférios”.
Isto
poderia estar relacionado com a expansão do cinturão tropical, ou seja, das
zonas do equador terrestre onde reina um clima quente e úmido.
“Lugares
que estão mais habituados e mais bem preparados para os ciclones poderiam estar
menos expostos e outros, menos preparados, poderiam estar mais”, segundo James
Kossin, da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos
(Noaa).
Fonte: Istoé
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