sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Artigo: Mitos e verdades sobre bitcoin

Artigo: Mitos e verdades sobre bitcoin
 
Gabriel Aleixo*
19 de outubro de 2017 - 11h10
 
Um dos mitos é o de que a criptomoeda garante por padrão o anonimato de quem envia e recebe dinheiro através do protocolo
Bitcoin é uma nova tecnologia e, como toda novidade, é bastante natural que existam mais dúvidas e desconfianças do que certezas. Especialmente com relação ao funcionamento, questões de segurança e as mais diversas aplicabilidades dessa criptomoeda.
Recentemente, o presidente-executivo da JP Morgan Chase, Jamie Dimon, disse que o bitcoin “é uma fraude”. Segundo ele, o sistema de moeda digital não funcionará, já que não seria possível inventar uma moeda e presumir que as pessoas que a consomem são “realmente inteligentes”. A declaração traz à tona um dos vários mitos que envolvem o universo das criptomoedas: o de que o bitcoin garante por padrão o anonimato de quem envia e recebe dinheiro através do protocolo.
A preocupação com o anonimato é um equívoco bastante comum, já que os usuários não precisam informar dados pessoais para se conectarem à rede ou enviar e receber bitcoins. No entanto, todas as transações são públicas na rede, além usualmente deixar inúmeros outros rastros (como o endereço IP do usuário), podendo ser consultadas em múltiplos sites. Além de apresentar as transações realizadas, os portais funcionam como uma janela a partir do qual toda a internet pode enxergar o que se passa na blockchain do bitcoin. Ou seja, qualquer um pode enxergar a base de dados que dá base a seu funcionamento, com dados que revelam, por exemplo, quantos bitcoins pertencem a cada endereço e a lista de todas as transações efetuadas por meio dele.
O bitcoin oferece certo nível de privacidade, mas não oferece o mesmo grau de opacidade — próximo ao do anonimato —, por exemplo, que se pode obter utilizando apenas papel-moeda para pagamentos. Hoje, pessoas que comercializam algo em dinheiro não precisam, necessariamente, registrar as transações e muitas pontas acabam soltas. Com bitcoins é diferente: todas as transações são, por obrigatoriedade, registradas e, logo, rastreáveis.
Tudo isso porque a troca de bitcoins é viabilizada por uma rede descentralizada baseada na blockchain. Essa tecnologia garante total transparência e confiabilidade a diversos tipos de processos, já que o dado, uma vez registrado na blockchain (espécie de livro-razão do sistema, que no bitcoin funciona como um livro contábil), torna-se imutável. Logo, um usuário não consegue fraudar o sistema, “copiando e colando” uma transação, o que poderia implicar em “gastar duas vezes” um mesmo dinheiro. Ademais, um intrincado mecanismo de autenticação, sempre assegura a partir do uso de chaves criptográficas que apenas o detentor de determinados fundos em bitcoins possa movê-los de uma carteira a outra.
Trazendo um contraponto às desconfianças que envolvem o bitcoin, conforme listadas abaixo, algumas das principais vantagens que vêm sendo largamente reconhecidas na moeda digital:
1. Autonomia – bitcoins constituem uma moeda autônoma, ou seja, imune a políticas monetárias que, muitas vezes, têm impacto negativo para os cidadãos em momentos de crise econômica. Países como Argentina, Venezuela e Grécia experimentaram, e experimentam, momentos complicados da economia e suas moedas perderam o valor. Isso não acontece com o Bitcoin, já que ele não depende de um órgão regulador ou do momento econômico de qualquer região.
2. Equilíbrio ente transparência e privacidade – como comentamos anteriormente, a troca de bitcoins navega entre transparência e privacidade. Transações com bitcoins funcionam de maneira bem similar à forma como navegamos na internet. Quando estamos conectados, somos anônimos, temos apenas um número IP que nos identifica. Se algo ilegal ou irregular for feito, existem diferentes formas de rastrear um endereço IP e encontrar o usuário por trás dele.  A blockchain é uma espécie de livro-razão do sistema, capaz de armazenar o saldo em bitcoins de cada um dos usuários, publica e abertamente. Embora todos sejam identificados por números arbitrários, por meio de recursos de data mining, é possível identificar atividades criminosas diante do devido processo legal. Logo, o Bitcoin é uma arma contra crimes digitais e não favorável a eles, como alguns ainda dizem por desconhecimento.
3. Inclusão financeira – Existe uma grande parte da população, ainda, desbancarizada. Com o sistema de transações por meio de bitcoins, qualquer celular se torna um banco. É possível enviar e receber a criptomoeda de qualquer ponto do globo para qualquer ponto do globo. Isso de forma mais segura, rápida e muito mais barata. Essa é uma poderosa ferramenta de inclusão financeira, sem dúvidas.
4. Descentralização – Diferentemente do que afirmou o executivo da JP Morgan, não existe uma forma de acabar com o bitcoin ou, então, de encerrar esse sistema do dia para a noite. Essa tecnologia funciona 24 horas por dia, 7 dias da semana, sem qualquer falha sistêmica desde 2009. Ou seja, o bitcoin é uma realidade, uma tecnologia amplamente testada pelas maiores empresas e mentes da ciência da computação atual. Embora, claro, possam existir falhas que precisem de correção futuramente, esse é um caminho sem volta, justamente por conta de sua natureza distribuída.
* Gabriel Aleixo é cofundador da A Star.

Fonte: IDGNow!

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