No Dia da Inovação, entidades defendem mais investimentos em pesquisa
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No Dia da Inovação, entidades defendem mais investimentos em pesquisa
19/10/2017 12h18Brasília
Jonas Valente - Repórter da Agência Brasil
No Dia Nacional da Inovação, lembrado hoje (19), entidades de
pesquisa e indústria e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC) defendem mais investimentos no setor. A data foi
criada para lembrar que a inovação contribui para o desenvolvimento do
país e para a sua inserção em um cenário internacional marcado por
novidades tecnológicas que vão da inteligência artificial à investigação
de códigos genéticos, passando pela diversificação de fontes
energéticas e pela exploração do espaço sideral. O Brasil, que é a
nona economia do mundo, ocupa atualmente a 69ª posição no Índice Global
da Inovação, atrás de nações de dimensões menores, como Bahrein, Ilhas
Maurício, Panamá, Sérvia, Lituânia e Armênia. A colocação do país
permaneceu estável em relação a 2016, e subiu uma posição se comparada
com 2015. A situação atual representa uma piora frente a anos
anteriores. Em 2011, o Brasil chegou a ocupar o 47º lugar. Investimentos
em pesquisa e desenvolvimento são necessários para que o Brasil seja
competitivo na economia global, defendem especialistasArquivo/ Sumaia Villela/Agência Brasil O
levantamento existe desde 2007 e é produzido pela Universidade de
Cornell, dos Estados Unidos, com apoio da Organização Mundial da
Propriedade Intelectual (OMPI). São medidos indicadores como registro de
patentes, bens e serviços criativos, investimento em educação, criação e
difusão de conhecimento, força de trabalho e adoção de Tecnologias da
Informação e Comunicação (TICs). Entre os aspectos considerados
para compor o índice do Brasil, os mais mal avaliados são o ambiente
político e de negócios, a educação universitária, a infraestrutura geral
(como rede elétrica e formação de capital bruto) e o impacto do
conhecimento. Já as áreas com melhor situação são o tamanho do mercado, a
sofisticação dos negócios e a absorção de conhecimento (incluindo
pagamentos relativos a propriedade intelectual). TICs Parte
importante da inovação atualmente está relacionada às Tecnologias da
Informação e da Comunicação (TICs), base da economia digital. No
relatório mundial sobre o tema, lançado pela Conferência das Nações
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês), o
Brasil aparece em 7º na categoria de valor agregado de serviços de TICs,
em uma lista das dez maiores economias. Os mais bem colocados são
Estados Unidos, União Europeia, China, Japão e Índia. A soma brasileira
representa 2% do volume de recursos adicionado pelas nações pesquisadas,
que chegou em 2015 a US$ 2,657 trilhões. No ranking de
fabricantes de computador, constante no mesmo relatório, o Brasil cai
para a última colocação (10ª). Os principais produtores são China,
Estados Unidos, União Europeia, Coreia e Japão. Quando considerada a
força de trabalho no setor de informação e comunicação, o país sobe para
o 5º lugar. O país não aparece entre os 10 primeiros nas categorias de
exportações de serviços de telecomunicações e de computadores e na lista
de uso de robôs em fábricas. Prioridades Para
o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC), Ildeu de Castro Moreira, não há cultura de inovação tanto em
empresas quanto no Estado. Esse quadro ocorre por uma dificuldade das
companhias de arriscar em investimentos em pesquisa, pela debilidade das
políticas públicas de incentivo, pelo ambiente regulatório muito
burocrático e pelo descompasso entre a ciência produzida na universidade
e o desenvolvimento no setor privado. “A gente compra muito de
fora produtos com tecnologia agregada, enquanto nossa lógica comercial é
focada muito na venda e exportação de produtos de baixa tecnologia. A
gente não vai dominar todos os ramos, mas temos de apostar em grandes
desafios a partir da escolha de prioridades. O país tem gigantesco
potencial de recursos naturais e isso pode ser um grande programa
mobilizador para a ciência brasileira”, defende Castro. Investimentos A
diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria, Gianna
Sagazio, concorda que para qualificar o setor, são necessários mais
investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Segundo a diretora,
historicamente o índice desse tipo de aporte no Brasil tem sido de cerca
de 1,2% do Produto Interno Bruto, enquanto esse percentual é de 4,4% em
Israel, 3,2% na Suécia, 2,8% nos Estados Unidos e na Alemanha, 2,2% na
França e 2% na China, por exemplo. A ampliação de recursos
voltados ao setor, acrescenta a representante da CNI, precisaria de mais
estímulos, como melhor qualificação da força de trabalho pelas
universidades, maior atuação de centros de pesquisa, qualificação do
marco regulatório e a oferta de mais recursos. “As empresas não
inovam sozinhas, mas dentro de um ecossistema. A gente está na contramão
do resto do mundo. Enquanto países desenvolvidos estão colocando mais
recursos, a gente em uma situação inversa. Neste ano, tivemos corte de
44% no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC), tivemos uma grande reserva e contingenciamento no
Fundo Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Isso afeta em muito a inovação empresarial”, pontua Gianna. Investimentos públicos O
secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTIC, Álvaro
Prata, reconhece que o momento é de “grandes dificuldades”, mas relata
que o ministério vem se esforçando para recuperar o orçamento da área.
“Nós gostaríamos que os recursos para a área estivessem sendo menos
afetados. Mas estamos em uma perspectiva de recuperar um orçamento
mínimo que permita alimentar o sistema de ciência e tecnologia”, afirma. Entre
as ações do MCTIC está a discussão no governo e com o Congresso de um
modelo jurídico que impeça contingenciamentos no Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico. No curto prazo,
acrescenta o secretário, estão sendo preparadas ações como a
regulamentação do Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei
13.243/2016), a melhoria da chamada Lei do Bem (Lei 11.196/2005) – que
cria incentivos a empresas com pesquisas em inovação – e o estímulo ao
empreendedorismo tecnológico. No médio e longo prazos, um dos
desafios é ampliar o investimento do setor privado. “A característica
dos países referência para nós é que a maior parte dos investimentos vem
do setor privado. O estímulo à pesquisa básica tem que ser apoiado pelo
setor público. Mas queremos que o setor privado participe mais”,
destaca.
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