Presidente da Microsoft
propõe "Convênio Digital" contra ciberataques a civis
10 nov
2017
EFE
EPA/Martial
Trezzini
Genebra,
9 nov (EFE). - O presidente da Microsoft, Brad Smith, alertou nesta
quinta-feira sobre a existência de uma nova corrida armamentista, através de
armas cibernéticas "invisíveis" que já impactam diretamente na vida
dos cidadãos, e propôs um "Convênio Digital" no qual os países se
comprometam a não atacar civis.
Em
discurso em Genebra, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) na Europa,
por ocasião da Semana da Paz, Smith disse que, possivelmente, em ou duas
gerações, as pessoas olharão para o 12 de maio de 2017 como a "data em que
o mundo mudou de novo". Foi nesse dia que ocorreu o ataque do vírus
"WannaCry", que afetou serviços públicos e empresas em boa parte do
planeta, ao bloquear computadores e exigir resgates em dinheiro para liberá-los.
"Foi
um ataque lançado com armas cibernéticas criadas num país, roubadas e
utilizadas por outro, chegando a afetar, prejudicar ou estragar mais de 200 mil
computadores em 150 países antes de ser contido pelo especialista britânico
Marcus Hutchins", afirmou Smith. O presidente da Microsoft questionou ao
público em que momento da história houve outro ataque promovido por uma nação
que tenha afetado tantos países simultaneamente quanto o de 12 de maio. Um mês
depois houve outra ação, a do vírus "Nyetya", centrado em interromper
o sistema de energia elétrica, a infraestrutura civil e a economia privada da
Ucrânia, embora depois tenha se espalhado.
Smith
lembrou que esses ataques já não têm foco apenas na economia, mas também na
vida dos cidadãos comuns e na política, como aconteceu nas tentativas de
influir em pleitos presidenciais nos Estados Unidos e em países da Europa.
"Alguém
poderia pensar que, graças a Deus, são apenas máquinas, mas é aí que deveríamos
voltar ao 12 de maio e reler o relatório britânico sobre o vírus 'WannaCry',
que dizia que o ataque atingiu o trabalho de hospitais e afetou 6.912
pacientes. Vemos nações atacando civis, inclusive em tempos de paz. É preciso
pensar o que um ataque pode fazer com as vidas das pessoas se automóveis, termostatos,
aparelhos de ar condicionado, sistemas de hospitais ou sinais de trânsito, por
exemplo, que estão conectados à internet, são atacados", ressaltou Smith.
Ele
afirmou que a indústria tecnológica é a que deve assumir primeiro a
responsabilidade para proteger clientes, governos e ONGs de ataques virtuais,
mas insistiu que, no final, se trata de uma "responsabilidade
compartilhada".
O
executivo propôs um novo Convênio de Genebra, um "Convênio Digital de
Genebra", no qual os Estados participantes se comprometam a não atacar
civis, hospitais, sistemas elétricos, processos políticos de outros países ou a
propriedade intelectual de empresas. Em vez disso, as nações devem
"trabalhar juntas para se ajudar mutuamente e também ajudar o setor
privado a responder quando acontecerem ataques cibernéticos", afirmou
Smith.
Fonte: EFE
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