sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

África do Sul adverte que qualquer cidade no mundo pode ficar sem água

África do Sul adverte que qualquer cidade no mundo pode ficar sem água

EFE Madri
23 fev 2018
 
Represa de Theewaterskloof em Villiersdorp, na África do Sul. EFE/ Nic Bothma
Represa de Theewaterskloof em Villiersdorp, na África do Sul. EFE/ Nic Bothma

O governo da África do Sul acredita que a grave crise de água que vive a Cidade do Cabo, à beira de se tornar primeira grande urbe sem fornecimento corrente, pode acontecer em qualquer outra parte do mundo devido à mudança climática e a maus hábitos de consumo.
"Agora é a Cidade do Cabo, mas em poucos meses pode ser qualquer outra cidade", advertiu em declarações à Agência Efe o diretor de Turismo da África do Sul, Cava Ntshona, que admite que a cidade mais popular do continente, com seus quatro milhões de habitantes, não poderá evitar o chamado "Dia Zero" se a chuva não chegar.
Esse dia, que o imaginário coletivo local concebe como "o apocalipse", se tornará realidade quando os reservatórios chegarem a 13,5% da capacidade.
"O 'Dia Zero' é uma dramática campanha de conscientização pública para evitar o que seria um momento verdadeiramente crítico. Se chegar, o governo local tomará o controle da distribuição de água com medidas restritivas", explica.
Até lá, a cidade tem preparada uma rede de pontos de distribuição com caminhões-pipa que darão 25 litros de água por pessoa diariamente, quantidade que mal atende o necessário para uma ducha de dois minutos (20 litros), beber (dois litros) e cozinhar (três litros).
Segundo Ntshona, a seca também está afetando outras importantes capitais, como Los Angeles e Pequim, e todas observam a África do Sul para saber como atuar em uma crise, "pois todos sabem que é só uma questão de tempo".
"A Cidade do Cabo é o foco de atenção atualmente, mas na realidade é um problema global. O mundo tem a oportunidade de aprender uma grande lição com a África do Sul: não devem esperar que haja uma crise para mudar os hábitos de consumo".
A cidade sul-africana tenta transformar a crise em uma oportunidade de desenvolvimento sustentável através de medidas inovadoras e participativas.
"Criamos uma torneira que dosa enormemente a saída de água, mas mantém a sensação de grande fluxo, e também estamos fazendo uma campanha para que as pessoas tomem banhos de 90 segundos, algo nada fácil, pois requer preparação e deve ser tudo muito rápido, não se pode perder nem um segundo procurando o sabonete", brinca Ntshona.
Para facilitar esta tarefa, o governo pediu a diferentes grupos famosos de música para compor e gravar músicas de 90 segundos, para que a ducha "dure o que dura uma canção".
"Mesmo que a chuva volte amanhã, não podemos voltar aos hábitos antigos. É preciso mudar o comportamento, é o tempo da água", conclui Ntshona.

Fonte: EFE

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