quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Impactos no clima são maiores devido às secas extremas do que ao desmatamento na Amazônia

Impactos no clima são maiores devido às secas extremas do que ao desmatamento na Amazônia

por ASCOM /MCTIC 
Publicado 15/02/2018 17h40. Última modificação 20/02/2018 10h55.
Impactos no clima são maiores devido às secas extremas do que ao desmatamento na Amazônia
Queimadas na Amazonia


Apesar da redução de 76% nas taxas de desmatamento na Amazônia nos últimos 13 anos, a incidência de fogo aumentou em 36% durante a seca de 2015 nessa região, comparada a média dos 12 anos que antecederam essa seca. Foram estimados que os incêndios florestais durante os anos de estiagem – registrada entre 2003 e 2015- contribuem com emissões anuais equivalentes a um bilhão de toneladas de CO2 para a atmosfera, que correspondem a mais da metade das emissões associadas ao desmatamento. Esses estudos foram realizados pela equipe de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), coordenados por Luiz Aragão,  com a participação de pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), José Marengo e Liana Anderson, além de cientistas internacionais.
Esta foi a primeira vez que cientistas puderam claramente demonstrar como os incêndios florestais podem se espalhar, extensivamente, durante secas recentes e quanto este processo pode influenciar as emissões de carbono na Amazônia em décadas. A pesquisa foi publicada nesta semana pela revista científica internacional Nature Communications, com o título “ 21st Century drought-related fires counteract the decline of Amazon deforestation carbon emissions ” (Secas do século XXI-  incêndios se contrapõem ao  declínio das emissões de carbono pelo desmatamento na Amazônia). Esse artigo está disponível neste endereço.
Os autores dos estudos utilizaram dados de satélite e inventários de gases de efeito estufa para quantificar os impactos de secas amazônicas na incidência de queimadas e nas emissões associadas a este processo no período de 2003 a 2015. Concluem que a continuidade de atividades associadas ao uso da terra e a intensificação de secas extremas tem o potencial de aumentar as emissões por fogo não relacionadas ao desmatamento. Este cenário pode comprometer a estabilidade dos estoques de carbono florestal e reduzir os benefícios associados à biodiversidade. Esses benefícios podem ser obtidos com os esquemas de conservação de carbono, tais como os de redução das emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD+). 
“As lições aprendidas com este estudo são importantes, porque algumas observações e modelos indicam que a intensidade e frequência de secas na Amazônia podem aumentar como consequência das mudanças climáticas e do desmatamento.”, afirma o pesquisador e coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, José Marengo.  
Ele explica que as três “secas do século”, que ocorreram na região em 2005, 2010 e 2015/2016, foram consequência do aquecimento do Oceano Atlântico Tropical Norte e do fenômeno El Niño, e que a intensificação destes fenômenos no futuro favorecem o aumento de secas.
O estudo destaca que o Brasil conseguiu avanços substancias referentes ao relato das emissões por desmatamento, no entanto, baseado nos resultados obtidos, o país precisa, urgentemente, incorporar em suas estimativas as perdas de CO2 associadas às queimadas não relacionadas com o processo de desmatamento.
Para a pesquisadora do Liana Anderson, as mudanças do clima já são visíveis na região, dado a recorrência de secas extremas em intervalos de cerca de cinco anos, não observados nas décadas passadas. “É necessário investir tanto em ações políticas para prevenção de incêndios e queimadas florestais, quanto no desenvolvimento de alternativas para o uso do fogo no manejo da terra pelas populações amazônicas”, afirma e pesquisadora e complementa: “Para conhecer os riscos de incêndios florestais, precisamos entender melhor as ameaças, como as secas e a dinâmica do uso da terra, mas também as vulnerabilidades e os impactos socioeconômicos e ambientais de cada região. Ainda não temos bases de dados adequadas para contabilizar o prejuízo total dos grandes incêndios florestais”.

Fonte: MCTIC

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