segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Mineração de bitcoins deve consumir mais energia que todas as casas na Islândia

Mineração de bitcoins deve consumir mais energia que todas as casas na Islândia

13 fevereiro 2018
Direito de imagem AFP
Indústria geotérmica 
Quase toda a energia elétrica da Islândia vem de fontes renováveis
O aumento na mineração de bitcoins enfrentado hoje pela Islândia é tão grande que está devorando seus recursos energéticos, segundo um porta-voz da empresa de energia HS Orka.
Segundo Johann Snorri Sigurbergsson, a eletricidade consumida neste ano por centros de processamento de dados minerando moedas virtuais provavelmente vai exceder o total de consumo doméstico.
Ele diz que muitos consumidores em potencial estão ansiosos para surfar nessa onda.
"Se todos os projetos saírem do papel, não teremos energia suficiente", diz.
A Islândia tem uma população pequena, de cerca de 340 mil pessoas, e quase 100% de sua energia vem de fontes renováveis.
Mas nos últimos anos o país tem visto um número crescente de novos centros de processamento de dados.

O que é a mineração

A chamada "mineração" de bitcoin é, na verdade, o trabalho de diversos computadores conectados à blockchain, a rede em que são registradas as transações com a moeda virtual. Os computadores fazem uma série de cálculos matemáticos, em um processo que valida as transações entre os usuários da moeda.
Os computadores então recebem um pequeno pagamento em fração de bitcoin, tornando o processo lucrativo, especialmente quando feito em larga escala.
"O que estamos vendo agora é praticamente um crescimento exponencial no consumo de energia dos centros de processamento de dados", diz Sigurbergsson.
Ele estima que as operações de mineração de bitcoins vão usar cerca de 840 gigawatt-hora em 2018 para manter os computadores e sistemas de refrigeramento dos equipamentos funcionando. O consumo doméstico do país, por sua vez, usa cerca de 700 gigawatt-hora por ano.
"E não vejo os projetos de centros de processamento de dados parando ainda", diz Sigurbergsson. "Tenho recebido muitas ligações, visitas de investidores potenciais e companhias querendo construir centros como esses na Islândia."
Ele diz que sua firma está mais interessada em negociar com empresas que estejam dispostas a fazer contratos de longo prazo, de alguns anos.
Segundo ele, se a Islândia aceitasse a construção de todos os centros de mineração propostos, simplesmente não haveria energia elétrica suficiente para suprir todos eles.
Johann Snorri Sigurbergsson  
Johann Snorri Sigurbergsson diz que há tanta demanda para centro de processamento de dados na Islândia que eles devem gastar mais energia que o consumo doméstico | Foto: Divulgação/HS Orka

Lugar da vez

A indústria da mineração de moedas virtuais está em alta na Islândia por causa do lançamento do Projeto Moonlite - um grande centro de processamento de dados que fará mineração de várias delas, incluindo o bitcoin.
O espaço deve abrir neste ano e terá uma capacidade inicial de 15 megawatts, mas é esperado que esse patamar aumente no futuro.
Há quem questione o quão beneficial para o país será o crescimento da mineração das moedas virtuais.
Smari McCarthy, membro do parlamento Islandês, disse, em uma postagem no Twitter, que o benefício para o país era "zero".
"Mineração de criptomoedas precisa de praticamente nenhum funcionário, pouco investimento de capital e também não gera impostos", afirmou ele.
Já foi reportado que a demanda por energia elétrica das operações de Bitcoin no mundo todo poderia estar ultrapassando o uso energético de países como a Irlanda, embora o cáculo possa não ser muito preciso.
Com o aumento de popularidade das moedas virtuais, as operações de mineração podem usar cada vez mais recursos.
Uma análise recente do uso de energia da Europa pela Sandbag, uma consultoria inglesa especializada em mudanças climáticas, aponta que a mineração de Bitcoin está contruindo para uma demanda maior de energia no setor de tecnologia. 

Fonte: BBC

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