Avanços em TI e IA levam assistentes virtuais para os escritórios
Computerworld / EUA
20/03/2018 - 14h28
Após se popularizarem entre os usuários finais,
assistentes como Alexa e Cortana agora seguem com tudo para o ambiente
corporativo.
As tecnologias de reconhecimento de voz melhoraram tanto
nos últimos anos – graças à computação na nuvem e avanços em Machine
Learning (Aprendizado de Máquina) - que os assistentes virtuais criados
por Amazon, Google e Apple tornaram-se rapidamente populares entre os
usuários finais.
Por isso, não deveria ser nenhuma surpresa o fato dessa
linguagem natural fundamental também estar a caminho do ambiente de
trabalho.
“Diria que isso (a adoção corporativa) está nos estágios
iniciais agora, mas certamente existem funcionalidades básicas por aqui
hoje em dia”, explicou o executivo da J Arnold & Associates, Jon
Arnold, durante participação na conferência Enterprise Connect,
realizada na última semana em Miami.
Pelo menos neste primeiro momento, os usos principais para
a tecnologia de reconhecimento de voz no escritório vão girar em torno
de melhorar a produtividade dos funcionários e automatizar os fluxos de
trabalho.
Graças a avanços nas técnicas de Inteligência Artificial
(IA), a precisão dos sistemas de reconhecimento de voz melhorou
significativamente, com o Google e outras empresas passando da marca de
95% de precisão.
Para as empresas, há quatro maneiras principais de acessar tecnologias de reconhecimento de voz, segundo Arnold:
-A tecnologia “speech-to-text” (“áudio para texto”) pode
ser usada para tarefas como ditar e-mails – e torna-se mais precisa à
medida que é mais usada.
-Já a funcionalidade “text-to-speech” (“texto para áudio”)
possui benefícios em configurações móveis, como a habilidade de criar
podcasts pessoais para revisara documentos de trabalho ou anotações
durante um trajeto – seja no táxi, ônibus ou metrô, por exemplo.
-O reconhecimento de voz permite interações
conversacionais por meio de assistentes virtuais, podendo emitir
comandos para descobrir documentos ou criar entradas na agenda, por
exemplo.
-E, por fim, a tecnologia “speech analytics” pode permitir
a chamada “análise de sentimentos” na empresa, que pode ser útil em
situações de entrevistas ou treinamentos.
Quatro marcos
Arnold apontou ainda quatro marcos tecnológicos que
ajudaram a popularizar as tecnologias de reconhecimento de fala/voz e
impulsioná-las para frente.
O primeiro foi o lançamento do Google Voice Search, há 10
anos, que usava reconhecimento de voz para acelerar buscas em aparelhos
mobile.
Então em 2011 a Apple lançou a assistente Siri, que
permitia interações mais baseadas em conversas e impulsionou a
tecnologia para um maior reconhecimento junto ao grande público. No
mesmo ano, a plataforma inteligente IBM Watson ganhou muita atenção por
conta da sua aparição no icônico programa da TV americana Jeopardy.
Em 2015, a Amazon lançou o alto-falante Echo e a sua
assistente virtual Alexa, dois lançamento que provaram muito populares
entre os usuários – até hoje, na verdade.
Amazon Echo tornou-se um produto bastante popular nos últimos anos (imagem: Amazon/divulgação)
E, mais recentemente, a Amazon passou a ficar de olho
também no espaço de trabalho com o lançamento da Alexa for Business. A
gigante, no entanto, não é a única a criar assistentes virtuais
especificamente para as empresas: o Spark Assistant, da Cisco, a
Cortana, da Microsoft, a Eva, da Voicera, a Nuance Dragon e o IBM Watson
também possuem usos corporativos agora.
Tecnologia disruptiva
Durante uma apresentação no Enterprise Connect, o
evangelista chefe da Amazon para o Echo e a Alexa, Dave Ibitski, afirmou
que as interfaces de voz seriam “a próxima grande disrupção na
computação”, com claras aplicações com configurações corporativas.
“É a ideia da computação ambiente, a ideia de que, a
qualquer momento, você poderia dizer algo como ‘Alexa, inicie a minha
reunião’, ‘Alexa, como estão as vendas?’, ‘Alexa, esqueci de desligar o
projetor na sala de reuniões; desligue-o para mim, por favor’. É algo
muito natural e espontâneo”, afirma o executivo da Amazon.
“E tudo isso está acontecendo por causa dos avanços que
temos visto na chamada compreensão de linguagem natural (NLU / natural
language understanding). E essa é a diferença – está entendendo o
contexto.”
O gerente geral da divisão Alexa for Business, Collin
Davis, afirmou que as assistentes virtuais já estão ajudando os
funcionários a realizarem as suas atividades.
“O que estamos descobrindo é que está acontecendo uma
mudança realmente interessante, em que a voz está oferecendo quase que
outra dimensão de multi-tarefa, em que os profissionais sentados em suas
mesas podem usar a Alexa quase como uma assistente multi-tarefa para
conseguir receber informações rapidamente sem perder o foco”, explicou
Davis.
“Você pode estar trabalhando em um relatório, por exemplo,
e então precisar saber quantos negócios foram fechados no último
trimestre sem precisar pegar o smartphone no bolso ou encontrar um app
ou ficar navegando entre sites – você apenas recebe a informação que
precisa.”
Atualmente, existem mais de 30 mil habilidades da Alexa, e
Davis afirma que “uma comunidade crescente” de desenvolvedores de
habilidades está construindo habilidades para o espaço de trabalho, e
que as fabricantes de software estão habilitando aplicações existentes
para que sejam habilitadas por comandos de voz.
As decisões das companhias
As empresas que estão de olho em sistemas de
reconhecimento de voz para o ambiente de trabalho precisam considerar
várias questões antes de seguir em frente, destaca Arnold. A primeira
consiste em descobrir com qual companhia você irá fazer uma parceria. Os
principais provedores de nuvem - Amazon, Google, Microsoft e IBM –
fornecem tecnologias de reconhecimento de voz, mas cada uma possui seus
pontos fortes.
E identificar um caso de negócios forte para investimento é
algo essencial, afirma o executivo, para depois apontar algumas das
questões que as empresas devem considerar antes de adotar uma solução do
tipo.
“Qual equilíbrio você quer atingir? Quem precisa estar no
comando dessa decisão? Quais problemas de negócios você está tentando
resolver? Você está fazendo uma atualização tecnológica ou está
realmente pensando sobre transformação digital, o quadro maior e o que a
IA pode trazer?”.
Mesmo com os avanços tecnológicos recentes, Arnold lembra
que a tecnologia ainda não é perfeito. Mas ela não precisa ser para
trazer valor às empresas.
“O reconhecimento de voz não precisa chegar aos 100% de
precisão, ele já é bom o bastante atualmente”, aponta Arnold. “Por isso,
não pense que ainda temos alguns anos até que ela (a tecnologia) fique
boa o bastante. Ela não é 100% (precisa) e nunca será – e nem precisa
ser.”
Para terminar, o especialista dá a seguinte dica. “Não
mire a perfeição, foque em compreender a tecnologia e o que ela pode
fazer.”
Fonte: IDGNow!
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