segunda-feira, 26 de março de 2018

Menos água, mais migrações: especialistas alertam para degradação dos solos

Menos água, mais migrações: especialistas alertam para degradação dos solos

26 Mar 2018

 
AFP/Arquivos / WIKUS DE WET Terreno quase seco em uma fazenda de Piketberg, África do Sul

Menos lugares para cultivar alimentos, água de pior qualidade, mais migrações. Cientistas do mundo inteiro alertaram nesta segunda-feira para as consequências da deterioração dos solos no planeta, dos quais dependem 95% da produção de alimentos da humanidade.
"A degradação da terra não é uma questão de nicho. Atualmente, afeta muitas partes do mundo e muitas pessoas", afirmou à AFP Robert Watson, presidente da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES).
Este organismo independente, que reúne 129 Estados, lançará na cidade colombiana de Medellin o primeiro relatório global sobre a situação dos solos do planeta.
O documento foi realizado por mais de cem especialistas voluntários de 45 planetas depois de uma pesquisa de três anos e com base em centenas de publicações científicas.
O texto é de importância em momentos que está em jogo o futuro da humanidade pelo aquecimento global e a exploração excessiva da biodiversidade.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) calcula que 95% dos alimentos para os humanos são produzidas de forma direta ou indireta nos solos.
Com uma população que vai exceder os nove bilhões de pessoas em 2050, os impactos da mudança climática e a luta pelos recursos naturais, a FAO considera fundamental a "habilidade" dos humanos para elevar a qualidade dos alimentos usando os terrenos atualmente cultivados.
Os danos causados nas terras "pode afetar nossa capacidade para produzir a comida, pode degradar a qualidade da água e não haverá mais superfícies produtivas e, dessa forma, as pessoas podem perder seus meios de subsistência, e no geral terão de imigrar enquanto a terra se degrada", acrescentou Watson.
O diagnóstico foi aprovado no sábado na plenária do sexto encontro do IPBES, no qual participaram autoridades de 116 dos estados membros da organização e mais de 750 cientistas.
A elaboração do texto foi um pedido da Convenção das Nações Unidas para a Luta contra a Desertificação ante a falta de documentação científica sobre esta problemática.
Na sexta, o IPBES alertou que a humanidade está colocando em risco seu próprio bem-estar com a exploração excessiva dos recursos naturais e danos à biodiversidade.
"Esta tendência alarmante coloca em perigo as economias, os meios de subsistência, segurança alimentar e a qualidade de vida das pessoas em todas as partes", concluíram quatro relatórios elaborados por mais de 550 cientistas para a IPBES.
A fauna e a flora continuam sendo degradadas de uma forma severa em todas as partes do planeta e, assim, a Terra enfrenta a primeira extinção em massa de espécies desde o desaparecimento dos dinossauros.
Mas desta vez na equação do desastre não aparece um meteoro, e sim o homem.
"A degradação da biodiversidade está reduzindo significativamente a capacidade da natureza de contribuir ao bem-estar das pessoas", concluíram. 

Fonte: AFP

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