Pesquisa cria sistema de localização para atletas cegos
Uma
pesquisa pode mudar de vez com a conhecida imagem dos atletas com
deficiência visual que correm guiados por outra pessoa sem deficiência. É
o que pretende a pesquisadora Ana Carolina Oliveira Lima,
da Universidade Nilton Lins (AM) com o estudo que vem desenvolvendo
intitulado Sistema de Localização e Correção de Trajetória para Atletas
com Deficiência Visual na Modalidade de Corrida em Pista.
A pesquisa faz parte do projeto Sistema de Monitoramento de Atletas Cegos em Modalidade
Corrida em Pista - Guia Vibrátil, coordenado por Ana Carolina, que foi
contemplado pela Chamada em Tecnologia Assistiva (20/2016), financiada
pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq). O projeto é realizado em parceria com pesquisadores de outras
instituições superiores do Amazonas - Instituto Federal de Educação do
Amazonas (IFAM), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade
do Estado do Amazonas (UEA).
O objetivo da pesquisa é oferecer
autonomia a velocistas cegos a partir de mecanismos táteis emitidos
pelas próprias pistas de atletismo. Isso será possível a partir da
definição de um Código Lingüístico Moderno por meio de testes de
percepção tátil aplicável nas áreas sensoriais táteis: antebraço, braço,
perna, costas e dorso. "Na modalidade atlética de corrida em pista, o
deficiente visual faz uso do tato como substituto sensorial para
executar uma tarefa relativa a tal modalidade", explica a pesquisadora.
Ana Carolina, que coordena o Núcleo de
Tecnologia Assistiva, alocado na UFAM, tem expectativa de revolucionar
uma modalidade paralímpica. "Gostaríamos que algum dos nossos
protótipos, seja o bracelete ou o macacão, já na forma de produto,
pudesse transformar a concepção atual de corrida de pista em jogos
paralimpícos", afirmou a pesquisadora em entrevista ao Portal Brasil, em
referência ao fato de a tecnologia dispensar a necessidade de um
segundo atleta ao lado dos competidores deficientes visuais.
A pesquisadora afirmou, ainda, que "todo
esse trabalho só saiu por causa do CNPq", ressaltando o apoio da
agência por meio da chamada pública.
Essa pesquisa foi tema de dissertação de
mestrado do aluno Luiz Alberto Queiroz Cordovil Júnior, da qual Ana
Carolina foi orientadora. Em seu estudo, Cordovil Júnior esclarece que
mesmo que a ferramenta (corda) possibilite a execução da atividade
desportiva, um guia humano influencia indiretamente no desempenho do
atleta, visto que a capacidade física do seu guia deve ser equivalente à
sua. Quando isso não ocorre, o atleta pode ser prejudicado na execução
da modalidade, além de problemas como afinidade ou tratativas
profissionais que podem ocasionar transtornos no treinamento ou a
ausência do guia por qualquer motivo. "Neste sentido, o propósito é
garantir autonomia aos atletas, bem como fornecer ferramentas de
controle e monitoramento. O projeto apresenta uma proposta de
dispositivo de correção de trajetória baseado em acelerômetro e uma
metodologia de localização para fins de orientação de atletas com
deficiência visual em corridas paralímpicas de atletismo", explica
Cordovil Júnior.
A ideia é uma vestimenta com
dispositivo acoplado que emite vibrações por meio de um sistema
sensorial, pelo qual o corredor se baseia para receber orientações
referentes à postura e direção no decorrer da prova. A comunicação
através da roupa é feita por uma rede de localização (GPS).
A pesquisa recebeu recursos financeiros
do CNPq da ordem de R$ 174,4 mil entre custeio, capital e bolsas. Esse
auxílio é um desdobramento dos investimentos em Tecnologia Assistiva
realizados pelo CNPq e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e
Comunicações (MCTIC) desde a primeira Chamada lançada pela agência, em
2013.
Como reconhecimento à importância da pesquisa, Ana Carolina Oliveira Lima concorreu ao Sports Technology Awards, prêmio internacional de tecnologia para o esporte, no ano de 2017, e, no ano de 2015, foi vencedora do Prêmio Nacional Santander Ciência e Inovação.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq
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