Primeiros drones africanos
são "made in Camarões"
EFE Yaoundé
21 mar
2018
William
Elong com um protótipo de drone. EFE/cedida por William Elong
Fabricar
os primeiros drones africanos estava há vários anos na cabeça do camaronês
William Elong, que, com apenas 25 anos, acaba de lançar três protótipos
diferentes dos artefatos voadores.
Após a
apresentação oficial em Camarões dos primeiros drones, em fevereiro, Elong e
sua equipe acumulam trabalho nos escritórios da litorânea Douala, maior cidade
do país.
De fato,
foi preciso esperar uma semana para que o brilhante jovem encontrasse um espaço
na agenda para falar com a Agência Efe. O motivo? Encomendas não param de
chegar.
"Somos
uma empresa que fabrica drones sob demanda. Recebemos vários pedidos, sobretudo
do setor agrícola, de produtores de Costa do Marfim e Camarões", disse
Elong, incluído em 2016 pela revista "Forbes" entre os "30
empreendedores jovens africanos mais promissores".
A ideia
de montar uma empresa de drones estava na cabeça do jovem empresário desde
2014, quando se graduou em uma escola militar financeira de Paris.
A
empresa, batizada como Will&Brothers, apresentou três protótipos que podem
ser controladas a até 20 quilômetros de distância e têm uma autonomia de voo de
45 minutos.
Trata-se
de uma decisão audaz tomada com a determinação de começar uma pequena
revolução. "Para mim, é mostrar ao mundo que é possível e poder inspirar o
resto dos jovens que buscam pessoas de referência", explicou.
O projeto
nasceu de uma revelação repentina que teve quando pensava soluções para o
problema cartográfico de seu país natal.
"Camarões
sempre recorreu a empresas estrangeiras para realizar mapas locais",
comentou.
No
entanto, suas intenções vão muito além da produção de mapas. "Este projeto
de drones africanos vai permitir a Camarões resolver a crise de segurança que
atravessa pela guerra com o Boko Haram", indicou, em alusão ao grupo
jihadista nigeriano.
Quando se
fabrica um drone na África, se supõe que haja profissionais que saibam como
consertá-lo em caso de defeitos, e até agora a mão de obra não tem sido um
problema.
"Se
os drones apresentam problema, é muito mais fácil chamar um engenheiro para que
os conserte no país do que no exterior", alegou Elong, que acredita que
"os drones fabricados em Camarões respondem às necessidades dos
proprietários".
Agora,
além dos drones para usos agrícolas, o empresário também trabalha em um
aparelho com uma câmera térmica que permite detectar "doenças de muitos
tipos", afirmou este jovem entusiasta.
Os drones
foram desenvolvidos e construídos por engenheiros locais, mas muitas peças
procedem de outros países.
"A
inteligência artificial é obra de engenheiros camaroneses. O resto das peças
necessárias para montar nossos dispositivos é importado de muitos outros
países, mas a montagem e o design são feitos em Camarões", ressaltou.
Desde sua
criação, há três anos, a empresa Will&Brother passou de quatro para 22
funcionários, alguns deles trabalhando em países como França, Alemanha e
Estados Unidos.
Elong
recorreu à internet e plataformas de microfinanciamento para financiar seu
projeto e, em poucos meses, arrecadou mais de US$ 200 mil.
"Após
conseguir uma primeira rodada de fundos para construir nossa oficina de
montagem, lançamos uma segunda para aumentar nossa produção e conquistar o
mercado internacional", afirmou Elong em entrevista coletiva em Yaoundé,
durante um ato do Ministério das Telecomunicações de Camarões para apresentar
seus protótipos.
Segundo a
revista "Forbes Africa", este pioneiro tem tudo para ser um dos
jovens que "vão revolucionar o continente nos próximos anos".
Diante
deste reconhecimento internacional, o Ministério das Telecomunicações camaronês
acaba de oferecer apoio para desenvolver sua atividade em outros países.
Vendido
por menos de mil euros (cerca de R$ 4 mil) cada, o primeiro drone africano
"made in Camarões" já aquece os motores para conquistar o mundo.
Alain
Georges Lietbouo.
Fonte: EFE
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