Empregabilidade é a
principal preocupação da comunidade acadêmica brasileira
EFE São
Paulo
27 abr 2018
Aluno no
Conjunto Didático de Filosofia e Ciências Sociais da USP. Cecília Bastos/USP
Imagem
A maior
preocupação da comunidade universitária brasileira está relacionada ao ingresso
dos estudantes no mercado de trabalho, segundo estudo elaborado pelo Instituto
Ipsos para o Grupo Santander, divulgado nesta sexta-feira (27).
Além do
incentivo à empregabilidade dos alunos, a pesquisa realizada dentro de
instituições de ensino superior de todas as regiões do país aponta outras duas
demandas principais: a contribuição para o desenvolvimento econômico e local, e
a promoção de pesquisas científicas, desenvolvimento e inovação.
A
inserção no mercado de trabalho precisa ser melhor para 54% dos entrevistados.
O que implica maior atuação das instituições de ensino na busca por convênios,
bolsas de trabalho e outros serviços que podem ser promovidos pelas
universidades, bem como o fomento ao empreendedorismo.
Para 63%
do total de 849 ouvidos no Brasil, as universidades ainda não preparam os
alunos totalmente para as competências exigidas pelas empresas. Os docentes, em
especial, demonstram dúvidas sobre a solidez da conexão e das parcerias entre
as faculdades e as empresas no país.
Outros
temas também foram investigados no levantamento, que teve como objetivo
conhecer o pensamento da comunidade acadêmica a partir de três perguntas: “como
o mundo digital afeta o ensino e os métodos de aprendizagem?”; “como a
universidade do século XXI pode contribuir para a sociedade?”; e “qual é o
impacto da pesquisa nas universidades?”.
Os dados
reforçam a crença de que a universidade brasileira é voltada muito mais ao
ensino do que à pesquisa, principalmente entre os professores. Mesmo assim, os
alunos (65%) demonstram um grande interesse em se dedicar à pesquisa.
A opinião
da maioria é que a educação de qualidade depende de os recursos também serem
alocados para a área de pesquisa. Na visão dos respondentes, a falta de
financiamento (31%) é o principal obstáculo para isso, seguido de excesso de
burocracia (20%) e falta de tradição e cultura em pesquisas (18%).
Mais uma
importante frente da análise da pesquisa foi a reflexão sobre como a
universidade tem se adaptado às mudanças que o mundo digital está promovendo.
Os entrevistados (60%) acreditam que o futuro trará uma formação mista entre
aulas à distância (online) e presenciais. Os professores são, no entanto, mais
céticos sobre a possibilidade de esse novo formato prover o mesmo nível de
qualidade do ensino primordialmente presencial.
Também há
dúvidas sobre o modo como está sendo implementada, atualmente, a educação à
distância. A sensação de 92% dos entrevistados é a de que o ensino à distância
requer mais esforço e autodisciplina dos estudantes. E 76%, consideram que as
aulas online podem ser um complemento à formação presencial, mas não a
substituem.
Todas as
iniciativas e reflexões visam, por fim, entender como a universidade do Século
XXI pode contribuir para a sociedade. E o que se extrai desse diagnóstico é que
as maiores demandas da comunidade universitária brasileira convergem em três
temas: inserção no mercado de trabalho, compromisso social e empreendedorismo.
Para 41% dos entrevistados, o espírito empreendedor precisa ser mais fomentado
nas universidades. Apenas 7% dos alunos dizem que pretendem empreender – número
inferior à média global, de 12%.
Os temas
apontados no estudo da Ipsos vão de encontro aos três eixos-chave dos debates
do IV Encontro Internacional de Reitores Universia: "Formar e aprender em
um mundo digital", "Pesquisar na universidade, um paradigma a ser
revisado?", e "Contribuição da universidade para o desenvolvimento
social e regional". Nos próximos dias 21 e 22 de maio, mais de 600
reitores e representantes acadêmicos de 26 países estarão reunidos em
Salamanca, na Espanha, para participar de discussões que serão balizadas por
estudos como a pesquisa da IPSOS, que também foi realizada em outros 18 países,
totalizando 9.343 membros da comunidade universitária.
Fonte: EFE
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