Sacola plástica é encontrada no lugar mais profundo dos oceanos
Poluição por plástico tem emergido como uma das maiores ameaças aos ecossistemas marinhos. Pesquisa mostra que não é por menos
15 maio 2018, 17h23
São Paulo – A poluição ambiental por resíduos plásticos não encontra fronteiras. Nem mesmo o lugar mais remoto e profundo dos oceanos está a salvo do lixo que nós produzimos.
Em novo estudo, publicado na revista científica Marine Policy,
cientistas revelam com preocupação a extensa presença de resíduos de
materiais plásticos na Fossa das Marianas, um abismo que atinge mais de
11 quilômetros de profundidade no Pacífico (e onde o Monte Everest cabe
com folga).
Nos últimos 30 anos, cientistas de várias
partes do mundo estudaram o acúmulo de resíduos de origem antrópica nas
profundezas dos oceanos e reuniram os resultados no Centro Global de Dados Oceanográficos
(GODAC), uma plataforma online da Agência Japonesa para a Ciência e
Tecnologia Marinha-Terrestre (JAMSTEC), cujo acesso público foi liberado
no ano passado.
Buscando dimensionar o alcance da
poluição em águas profundas, um grupo de pesquisadores resolveu
vasculhar os arquivos de fotografias e vídeos de detritos que foram
coletados desde 1983 por veículos subaquáticos em águas profundas.
O grupo contabilizou 3425 itens de
detritos produzidos pelo homem a partir dos registros de 5010 mergulhos
arquivados no banco de dados.
A maior parte dos resíduos (mais de 33%)
era de origem plástica, dos quais 89% eram produtos de uso único, como
embalagens e sacolas descartáveis, e essas proporções aumentaram
progressivamente chegando a 92% em áreas mais profundas do que 6 mil
metros. O registro de resíduo mais profundo foi o de uma sacola plástica
situada a 10.898 metros na Fossa das Marianas.
O segundo tipo de resíduo mais encontrado foi o metal (26%), seguido de borracha (1,8%), materiais de de pesca (1,7%), vidro (1,4%), tecido, papel e madeira (1,3%) entre outros itens associados a atividades humanas (35%).
A poluição por plástico tem emergido como
uma das maiores ameaças aos ecossistemas marinhos. O estudo aponta, por
exemplo, a presença de organismos do fundo do mar próximos aos detritos
plásticos em 17% das imagens analisadas.
Os potenciais danos causados aos animais
envolvem desde a ingestão acidental de detritos plásticos, que pode
elevar à morte por asfixia ou inanição, a problemas no funcionamento
biológico dos organismos marinhos associados à exposição a substâncias
químicas tóxicas liberadas pelo material plástico.
Além disso, zooplânctons, que estão na
base da cadeia alimentar, ao ingerirem micropartículas plásticas também
acabam por expor todos os demais animais à contaminação, incluindo nós
humanos.
Qual seria a solução para o problema?
Para os pesquisadores, a resposta passa forçosamente por reduzir a
geração de lixo plástico. O combate à poluição marinha é, justamente, um
dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas que
evoca os países a desenvolverem estratégias e medidas enérgicas até 2025
para enfrentar o problema.
Fonte: EXAME
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