Robôs se tornam solução
contra solidão de idosos chineses
EFE Xangai
(China)
20 jun 2018
Paula
Escalada Medrano.
Idoso
chinès em foto de 2011. EFE/Wu Hong
Snow mede
um metro, pesa 30 quilos, é gentil, carinhosa, surpreendente e, apesar de não ser
de carne e osso, pode ser a fórmula contra um dos maiores dramas humanos, a
solidão, um problema que atinge cada vez mais os idosos na China.
Fabricado
pela Csjbot e de gênero feminino, Snow é um dos "robôs de companhia"
que foram apresentados recentemente na feira CES, em Xangai, um dos maiores
eventos tecnológicos da Ásia.
De acordo
com os criadores, Snow é capaz de reconhecer as principais emoções humanas e
adaptar seu comportamento ao humor da pessoa com quem fala.
"Pode
reproduzir música, contar histórias, responder perguntas... Os idosos que moram
sozinhos ou que estão em uma casa especial muitas vezes sentem falta dos
filhos, que estão trabalhando ou moram longe. Os robôs podem ser uma companhia
para a família, como seria um gato", explicou à Agência Efe Shirlin Na,
diretora regional para Europa e Oceânica da companhia.
O preço
deste robô, fabricado na China e com tecnologia do Japão, é US$ 12 mil, e ele
já está disponível em cerca de 20 países, segundo Na.
Como
outras partes do mundo, a China sofre com o crescente envelhecimento da
população. O problema ficará ainda mais urgente nos próximos anos quando os
resultados de quatro décadas da já extinta política do filho único foram ainda
mais visíveis.
No final
de 2017, o número de pessoas com 60 anos ou mais tinha alcançado 241 milhões na
China, 17,3% da população. A estimativa é que em 2050 esse total chegue a 487
milhões, 34,9% da população.
"Nós
não vendemos um aparelho, vendemos um companheiro com um coração. O nosso robô
de acompanhamento cresce e evolui conforme você usa. Ele se acostuma aos seus
hábitos, não é simplesmente uma máquina", argumentou à Efe Revathi,
diretora de relações públicas da empresa de Singapura GT Robot Technology,
participante na feira em Xangai.
O GT
Wonder Boy é mais acessível do que Snow. Com US$ 1.900, o interessado pode
comprar um robozinho de 23,8 centímetros, que, apesar de pequeno, também
promete evoluir com o tempo e ficar personalizado.
"Tem
funcionalidades especiais para a terceira idade. Sabe distrair, contar histórias
e até estabelecer conversas e fazer exercícios para exercitar o cérebro",
listou.
Além
disso, pode ajudar com tarefas importantes, como tomar os remédios.
Um
relatório publicado recentemente pela Academia de Ciências Sociais da China
sobre as condições de vida das idosos no país indicou que cerca de 15,3% dos
idosos precisa de mais atenção do que a recebida, um número que aumentou em 9%
desde 2000.
De acordo
com o estudo, os tipos de ajudas mais desejadas incluem visitas regulares ao
médico, tarefas domésticas e assessoria psicológica. Algumas destas tarefas
poderiam ser realizadas pelos robôs.
"O
Wonder Boy é muito simples. O sistema de reconhecimento de voz é muito útil
para as pessoas mais velhas, que muitas vezes têm problemas de visão e graças a
ele podem fazer chamadas, agendamentos e compras", ressaltou Revathi.
Em sua
opinião, o fato de um robô poder substituir os humanos em algumas tarefas não é
ruim porque o objetivo é melhorar a vida das pessoas.
"A
questão é usar a tecnologia de maneira inteligente, ter um equilíbrio",
defendeu.
Os robôs
estão começando a ser utilizados também em casas de repouso, entre elas uma da
cidade de Hangzhou, onde A-Tai trabalha para ajudar os cuidadores e entretém os
mais de 1.300 moradores de lá.
A-Tai é
extremamente treinada e pode inclusive cantar ópera tradicional chinesa, a
música favorita entre muitos idosos, e telefonar para familiares dos
residentes.
Embora
ainda seja limitado o uso de robôs no mundo, na China é cada vez mais comum e
muitos dos especialistas participantes da CES concordaram que é uma questão de
tempo até que estes se integrem definitivamente à sociedade.
Fonte: EFE
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