Cientistas afirmam que Lua
foi habitável há 4 bilhões de anos
EFE
Washington
24 jul
2018
EFE/Nabil
Mounzer
Um grupo
de pesquisadores determinou que as condições na superfície da Lua foram
suficientes para suportar formas de vida simples há 4 bilhões de anos, segundo
um estudo publicado nesta segunda-feira pela revista especializada
"Astrobiology".
Além
disso, os cientistas concluíram em seu relatório que houve outro período de
habitabilidade há 3,5 bilhões de anos durante um pico na atividade vulcânica da
Lua.
Durante
as duas épocas, o autor principal, Dirk Schulze-Makuch, astrobiólogo da
Universidade Estadual de Washington, comprovou que a Lua liberou grandes
quantidades de gases voláteis superaquecidos, incluindo vapor de água, desde o
seu interior.
Esta
desgaseificação, de acordo com os pesquisadores, poderia ter formado poças de
água líquida na superfície lunar e uma atmosfera densa o suficiente para
mantê-la lá durante milhões de anos.
"Se
água líquida e uma atmosfera significativa estiveram presentes na Lua durante
longos períodos de tempo, acreditamos que a superfície lunar teria sido pelo
menos transitoriamente habitável", explicou o cientista.
O
trabalho de Schulze-Makuch e Ian Crawford, da Universidade de Londres, se
baseia nos resultados de missões espaciais recentes e na análise de mostras de
rocha lunar e solo que comprovam que a Lua não é "tão seca" como se
pensava anteriormente.
Em 2009 e
2010, uma equipe internacional de cientistas descobriu centenas de milhões de
toneladas de gelo na Lua. Além disso, existe evidência de uma grande quantidade
de água no manto lunar que, acredita-se, se depositou em uma etapa muito
prematura.
Também é
provável que o satélite natural da Terra tenha sido protegido nesse período por
um campo magnético capaz de defender formas de vida na superfície dos
"ventos solares mortais", de acordo com os autores.
Schulze-Makuch
explicou, além disso, que a vida na Lua pode ter se originado em grande parte
como ocorreu na Terra, mas o cenário mais provável é que tenha sido provocada
por um meteorito.
A
evidência mais antiga de vida na Terra provém de cianobactérias fossilizadas
que têm entre 3,5 e 3,8 bilhões de anos. Durante esse tempo, o sistema solar
foi dominado por impactos de meteoritos frequentes e gigantes.
"É
possível que meteoritos que continham organismos simples como as cianobactérias
tenham sido expulsos da superfície da Terra e chegado à Lua", descreveram
os cientistas.
Schulze-Makuch
reconheceu, no entanto, que determinar se a vida surgiu na Lua ou foi
transportada de outro lugar é algo que "só pode ser abordado mediante um
programa agressivo futuro de exploração lunar".
Uma linha
de investigação promissora para qualquer futura missão espacial seria obter
mostras de depósitos do período de maior atividade vulcânica para ver se contêm
água ou outros possíveis marcadores de vida.
Além
disso, seria possível fazer experiências em entornos lunares simulados na Terra
e na Estação Espacial Internacional para ver se os microorganismos podem
sobreviver nas condições ambientais que os cientistas acreditam que existiram
na Lua.
Fonte: EFE
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