quinta-feira, 26 de julho de 2018

Nestas carreiras é mais difícil achar profissionais competentes no Brasil

Nestas carreiras é mais difícil achar profissionais competentes no Brasil


Muitas das funções mais difíceis de preencher nem exigem curso superior, segundo pesquisa feita pelo ManpowerGroup





São Paulo – O descompasso entre o que o mercado de trabalho exige dos profissionais e o que as faculdades e escolas ensinam é um fenômeno mundial crescente. Pesquisa realizada pelo Manpower Group, maior empresa de contratação de pessoas do planeta, com 39,1 mil empregadores em 43 países e territórios mostra que quase a metade deles (45%) tem dificuldade para encontrar pessoas qualificadas.
Para as grandes empresas (com mais de 250 funcionários) a questão é ainda mais crítica, com 67% dos entrevistados notando em profissionais a falta de competências consideradas necessárias aos negócios.
O relatório do ManpowerGroup indica que há décadas não se via uma crise de talentos tão severa no planeta. O índice mundial é o maior já visto em 12 anos de pesquisa.
“É uma evidência do que chamamos de revolução das competências. As necessidades das empresas estão mudando em função da tecnologia só que o mundo não está formando na mesma velocidade os profissionais para lidar com ela”, diz Nilson Pereira, CEO do ManpowerGroup no Brasil.
Entre os empregadores brasileiros, 34% afirmam ter dificuldade em recrutar talentos, mas o desafio já foi bem maior por aqui. Em 2016, 43% das empresas reportavam escassez de talentos, em 2015 foram 61% e, em 2014, 63% .
O índice abaixo da média em 2018 é explicado pela crise: 13 milhões de desempregados reduzem o efeito da escassez de talentos. “Hoje as pessoas estão aceitando posições abaixo da sua qualificação para se manterem trabalhando”, diz Pereira.
A redução do índice no Brasil é tão ilusória quanto temporária. Ao sair da crise, a tendência é que a escassez de talentos volte ao patamar de 2014, projeta o executivo.
À exceção dos profissionais de saúde, as habilidades de que as empresas se queixam de falta são as mesmas identificadas pelas pesquisas anteriores do ManpowerGroup.
Não se trata de pouco volume de profissionais e, sim, de falta de pessoas que tenham o novo perfil demandado pelas funções. Mais do que substituir a mão de obra, a tecnologia torna as exigências do mercado de trabalho mais voláteis e exige adaptação e disposição em aprender.
“A grande maioria das habilidades não exige curso superior ”, destaca Pereira. Ele também destaca que, hoje em dia, mais importante do que a bagagem de conhecimento já adquirido de uma pessoa é a capacidade de aprendizado que ela apresenta.
A seguir confira as funções mais difíceis de preencher no Brasil, segundo o ManpowerGroup:

Representante de vendas
Áreas de atuação: vendedores B2B, B2C e central de atendimento ao cliente.
As empresas sentem falta de profissionais que façam vendas consultivas. “É a interação com o consumidor que falta. É uma habilidade interpessoal”, diz Pereira.
Por mais que invistam em canais de e-commerce, as empresas buscam pessoas que possam orientar clientes ajudando na tomada de decisão. “Não adianta colocar só máquina”, diz.

Motoristas
Áreas de atuação: caminhão, entrega, construção e transporte coletivo.
Com o aumento do comércio online muitas pessoas já não vão mais às lojas, aumentando a necessidade de serviços de entrega.
“O movimento nos centros de distribuição aumentou por causa da nova forma com que as pessoas fazem transações comerciais”, diz Pereira.

Profissionais de ofício
Áreas de atuação:  eletricistas, soldadores e mecânicos
A falta de qualificação é técnica e é diretamente ligada ao rápido avanço da tecnologia. Faltam profissionais habilitados para ambientes tecnológicos. “Empresas compram equipamentos modernos e não têm profissionais capacitados para lidar com esse maquinário”, diz Pereira.

Técnicos
Áreas de atuação:  controladores de qualidade e equipe técnica
Funções técnicas específicas dentro do processo produtivo, sobretudo na área de qualidade, têm sido difíceis de preencher. O presidente do ManpowerGroup nota que a dificuldade das empresas é encontrar pessoas aptas a trabalhar em ambientes mais tecnológicos.

Profissionais de contabilidade e finanças
Áreas de atuação:  contadores certificados, auditores e analistas financeiros
A globalização e a tecnologia deixaram o trabalho mais sofisticado. Empresas sentem falta de profissionais com 2º e 3º idiomas no currículo e com conhecimentos na área de compliance.

Profissionais de saúde
Áreas de atuação: médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde
É a primeira vez que a escassez de talentos na área de saúde aparece no top 10 do Brasil, mas o fenômeno não é novidade em outros países do mundo.
O aumento da expectativa de vida e a sofisticada tecnologia já utilizada são algumas das variáveis citadas por Pereira.

Profissionais de TI
Áreas de atuação: especialistas em segurança cibernética, administradores de rede, suporte técnico
A revolução tecnológica é rápida e não está dando tempo de preparar as pessoas no mesmo ritmo das mudanças. Desenvolvimento de apps e cyber segurança são a bola da vez em TI, segundo o presidente do ManpowerGroup no Brasil.
“Há uma necessidade que vem em função da evolução da tecnologia e também há uma busca por quem saiba algumas linguagens não tão novas, mas que ainda são utilizadas pelas empresas”, diz Pereira.

Profissionais de suporte administrativo
Áreas de atuação: assistentes administrativos e recepcionistas
Pode até haver excesso de profissionais disponíveis nessas áreas, mas pessoas com as habilidades interpessoais demandadas pelas empresas são raras. Foco no cliente e engajamento são prioridades, segundo Pereira.

Profissionais da indústria
Área de atuação: produção e operadores de máquinas
O rápido avanço tecnológico mais uma vez aparece como responsável pela escassez de talentos. “ Mais uma vez: não é que não tem profissionais, mas não há aqueles com as habilidades que as empresas buscam”, diz Pereira.

Engenheiros
Área de atuação: engenheiros químicos, eletricistas, civis e mecânicos
É um profissional que tem alta especialização, mas o que as empresas sentem falta é da bagagem de carreira.
“O país pode ter muitos engenheiros formados, mas não chegam com a experiência necessária”, diz Pereira.
“Não é da questão técnica que as empresas se queixam”, diz Pereira. Encontrar engenheiros com habilidades interpessoais também um ponto desafiador, segundo os empregadores brasileiros.

Fonte: EXAME

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