A primeira nave que tocará o Sol
Tudo pronto para o lançamento da sonda Parker, a primeira que penetrará na atmosfera de uma estrela e viverá para contar
Nuño Domínguez
Durante os eclipses totais de Sol, é possível observar a atmosfera da estrela, que encerra um enigma físico que ninguém até hoje conseguiu explicar. Em 1869, durante uma ocultação do astro pela Lua, observou-se uma linha espectral de cor verde que não correspondia a nenhum elemento químico conhecido e que foi batizado como corônio, pois estava na coroa, a atmosfera do Sol. Setenta anos depois, esclareceu-se que esse elemento na verdade era o ferro, mas para ter essa cor devia estar 200 vezes mais quente do que a superfície da estrela, algo aparentemente impossível.
A nave da NASA, com um custo equivalente a 5,2 bilhão de reais, é protegida por um escudo térmico de carbono de 12 centímetros de espessura, que alcançará temperaturas de 1.400 graus, perto do ponto de fusão do ferro. Do outro lado da couraça, um sistema de refrigeração manterá o equipamento eletrônico a 30 graus. Os quatro instrumentos científicos a bordo estudarão os elétrons, os núcleos atômicos carregados, os prótons e os átomos de hélio da coroa solar, bem como os campos magnéticos que o astro gera, para esclarecer a origem do vento solar e poder antever tempestades solares perigosas para a Terra.
Desde então foram observadas fulgurações que provocam tempestades solares na Terra e podem interromper a comunicação por satélite, rádio e inclusive derrubar o fornecimento elétrico. Parker também teorizou que na superfície da estrela ocorrem nanofulgurações, explosões de menor magnitude, impossíveis de observar da Terra, que impulsionam os núcleos atômicos e os elétrons do plasma solar até as camadas exteriores da sua atmosfera, e que explicariam as diferenças de temperatura entre a coroa e a superfície do Sol.
Outra possibilidade é que as altas temperaturas gerem campos magnéticos que conectam a superfície do astro com as camadas altas da coroa, por onde as partículas ascendem com energia e temperatura cada vez maiores. “A sonda solar vai a uma região espacial nunca antes explorada”, disse Parker, aos 91 anos, em uma nota divulgada pela Universidade de Chicago. “Estou seguro de que haverá surpresas. Sempre há”, acrescentou.
Fonte: El País
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