Expedição internacional
medirá efeitos da mudança climática no Ártico
EFE Toronto
22
ago 2018
Arco-íris
no Ártico em foto de 2013. EFE/cedida por YNA
Uma
expedição internacional recolherá durante as próximas semanas informações no
Ártico para entender melhor os efeitos da mudança climática.
A equipe,
que conta com 22 estudantes universitários, percorrerá de 23 de agosto a 13 de
setembro a passagem do noroeste no Ártico canadense, para compilar dados
básicos sobre os fluxos de água doce, as emissões de dióxido de carbono e
metano e a composição do plâncton.
Uma das
participantes que viajará no navio "Akademik Ioffe" é a boliviana
Ericka Schulze, estudante de Ciência Meio Ambiental da Virginia Commonwealth
University dos Estados Unidos.
Schulze,
que nasceu na Bolívia e se mudou para os Estados Unidos quando tinha quatro
anos, será uma das encarregadas do estudo dos micróbios e outros
micro-organismos que formam o plâncton, elo primário da cadeia alimentar
marinha.
"Não
há muita informação sobre o Ártico e queria entendê-lo por mim mesma. O meu
trabalho consistirá em estudar os micro-organismos e como a mudança climática
os afetará no futuro", explicou à Agência Efe a estudante de 21 anos.
Schulze
reconheceu que cresceu em um entorno familiar onde existia uma
"consciência meio ambiental", que se reafirmou quando começou a
viajar para a Bolívia para visitar sua família.
"Fiquei
muito impactada em ver que na Bolívia há muitas famílias que só têm água uma ou
duas vezes por dia, especialmente vinda de um país como os EUA, onde temos o
privilégio de nem sequer saber o que não é ter água. Definitivamente, formou
minhas ideias na hora de ser consciente com o meio-ambiente", declarou a
estudante.
O doutor
da Universidade de Rhode Island Brice Loose, diretor científico da expedição,
disse à Agência Efe que o trabalho de Schulze faz parte de uma das quatro áreas
de pesquisa que utilizarão as últimas tecnologias para obter informação de base
sobre a situação do Ártico.
A falta
de dados de base é um dos grandes problemas enfrentados pela comunidade
científica para entender as mudanças que acontecem na região ártica, uma das
mais sensíveis do mundo ao aquecimento global.
Loose
citou como exemplo o caso do estudo dos micro-organismos do plâncton, já que as
amostras mais antigas que são conservadas datam de 35 anos atrás.
"Sabemos
tão pouco do Ártico que não temos um mapa completo de como os organismos nestas
comunidades estão distribuídos no Ártico", disse.
Além do
estudo do plâncton, a expedição fará anotações sobre as emissões de gases que
originam o efeito estufa, a fisiologia oceanográfica (como salinidade e fluxos
de água doce devido ao desaparecimento das geleiras) e a população de mamíferos
marítimos e aves.
Uma das
novidades da expedição, na qual também fará parte o professor espanhol Miquel
González Meler, docente da Universidade de Illinois em Chicago (EUA), é que os
pesquisadores se conectarão ao vivo, através da internet, com o público de todo
o mundo.
Meler
afirmou à Agência Efe que "o Ártico é muito sensível às mudanças
climáticas. É um sistema que está limitado pela baixa temperatura, tanto em sua
produtividade como em seu funcionamento, e é a antecipação do que pode
acontecer no resto do planeta".
Os
especialistas da expedição dedicarão quatro sessões, em 30 de agosto e 3, 5 e 9
de setembro, para responder através do Facebook Live
(https://www.facebook.com/innerspacecenter/) às questões feitas pelos
estudantes, cientistas amadores e público em geral.
Julio
César Rivas.
Fonte: EFE
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