quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Expedição internacional medirá efeitos da mudança climática no Ártico


Expedição internacional medirá efeitos da mudança climática no Ártico

EFE Toronto
22 ago 2018

 Arco-íris no Ártico em foto de 2013. 
EFE/cedida por YNA
Arco-íris no Ártico em foto de 2013. EFE/cedida por YNA

Uma expedição internacional recolherá durante as próximas semanas informações no Ártico para entender melhor os efeitos da mudança climática.
A equipe, que conta com 22 estudantes universitários, percorrerá de 23 de agosto a 13 de setembro a passagem do noroeste no Ártico canadense, para compilar dados básicos sobre os fluxos de água doce, as emissões de dióxido de carbono e metano e a composição do plâncton.
Uma das participantes que viajará no navio "Akademik Ioffe" é a boliviana Ericka Schulze, estudante de Ciência Meio Ambiental da Virginia Commonwealth University dos Estados Unidos.
Schulze, que nasceu na Bolívia e se mudou para os Estados Unidos quando tinha quatro anos, será uma das encarregadas do estudo dos micróbios e outros micro-organismos que formam o plâncton, elo primário da cadeia alimentar marinha.
"Não há muita informação sobre o Ártico e queria entendê-lo por mim mesma. O meu trabalho consistirá em estudar os micro-organismos e como a mudança climática os afetará no futuro", explicou à Agência Efe a estudante de 21 anos.
Schulze reconheceu que cresceu em um entorno familiar onde existia uma "consciência meio ambiental", que se reafirmou quando começou a viajar para a Bolívia para visitar sua família.
"Fiquei muito impactada em ver que na Bolívia há muitas famílias que só têm água uma ou duas vezes por dia, especialmente vinda de um país como os EUA, onde temos o privilégio de nem sequer saber o que não é ter água. Definitivamente, formou minhas ideias na hora de ser consciente com o meio-ambiente", declarou a estudante.
O doutor da Universidade de Rhode Island Brice Loose, diretor científico da expedição, disse à Agência Efe que o trabalho de Schulze faz parte de uma das quatro áreas de pesquisa que utilizarão as últimas tecnologias para obter informação de base sobre a situação do Ártico.
A falta de dados de base é um dos grandes problemas enfrentados pela comunidade científica para entender as mudanças que acontecem na região ártica, uma das mais sensíveis do mundo ao aquecimento global.
Loose citou como exemplo o caso do estudo dos micro-organismos do plâncton, já que as amostras mais antigas que são conservadas datam de 35 anos atrás.
"Sabemos tão pouco do Ártico que não temos um mapa completo de como os organismos nestas comunidades estão distribuídos no Ártico", disse.
Além do estudo do plâncton, a expedição fará anotações sobre as emissões de gases que originam o efeito estufa, a fisiologia oceanográfica (como salinidade e fluxos de água doce devido ao desaparecimento das geleiras) e a população de mamíferos marítimos e aves.
Uma das novidades da expedição, na qual também fará parte o professor espanhol Miquel González Meler, docente da Universidade de Illinois em Chicago (EUA), é que os pesquisadores se conectarão ao vivo, através da internet, com o público de todo o mundo.
Meler afirmou à Agência Efe que "o Ártico é muito sensível às mudanças climáticas. É um sistema que está limitado pela baixa temperatura, tanto em sua produtividade como em seu funcionamento, e é a antecipação do que pode acontecer no resto do planeta".
Os especialistas da expedição dedicarão quatro sessões, em 30 de agosto e 3, 5 e 9 de setembro, para responder através do Facebook Live (https://www.facebook.com/innerspacecenter/) às questões feitas pelos estudantes, cientistas amadores e público em geral.
Julio César Rivas.

Fonte: EFE

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