Game pretende educar
crianças sobre uso consciente da água na Palestina
EFE Joan
Mas Autonell, Ramala (Cisjordânia)
27 ago 2018
EFE/ Joan
Mas Autonell
Lamis
Qdemat, uma jovem empreendedora palestina de 26 anos, está desenvolvendo um
jogo eletrônico educativo e interativo chamado Water Heroes ("Heróis da
Água", em inglês) para conscientizar as crianças sobre o uso responsável
deste recurso escasso na Palestina.
Formada
em Geologia e em Ciências Ambientais, Qdemat trabalha diariamente no espaço
uMake, um escritório de coworking no sexto andar de um edifício de negócios no
coração de Ramala (Cisjordânia), de onde surgem alguns dos projetos mais
inovadores nos territórios ocupados.
Após
fazer mestrado sobre gestão da água, um bem prezado neste árido território, a
jovem está na última etapa de desenvolvimento "de um jogo voltado a
estudantes", que deseja que se transforme em uma ferramenta para que as
crianças saibam "como utilizar e conservar" os recursos hídricos.
Na sua
opinião, é preciso lutar para que o território chegue a um modelo de
"ecologia sustentada", no qual a população "avalie o uso da água
e de outros recursos ambientais".
A
empreendedora tem um plano de negócios para comercializar o jogo que em breve
será lançado e, assegurou, seu projeto também incorpora uma abordagem política
como pano de fundo.
"A
Palestina vive sob ocupação, com o muro de separação que serve para que Israel
tome os aquíferos", disse Qdemat, denunciando que a população "não
tem possibilidade de se envolver politicamente e a água é apreendida, fazendo
com que trabalhar com crianças através de um jogo pedagógico pode ser um
elemento a mais para gerar consciência desde pequenos", acrescentou.
Qdemat já
tem uma amostra inicial do Water Heroes e espera apresentar o produto em
Barcelona no final de outubro durante o Fórum AMWAJ 2018, convenção centrada na
gestão sustentada da água que reunirá jornalistas, especialistas e
empreendedores procedentes de todo o Mediterrâneo.
Um dos
impedimentos para desenvolver o projeto foi a falta de dinheiro, por isso que
ela realizou uma campanha de patrocínio através da empresa emergente Build
Palestine, estabelecida no mesmo espaço de trabalho, com a qual obteve US$ 8
mil para contratar um designer gráfico, um desenvolvedor de games e uma pessoa
encarregada da divulgação do produto nas redes sociais.
Com este
dinheiro, a jovem pôde criar o protótipo que apresentará na Espanha.
Mais para
a frente, através desta ferramenta, seu objetivo é dar palestras de
sensibilização sobre o uso da água nas escolas da Cisjordânia e a longo prazo,
divulgar o jogo interativo nos demais países árabes do Oriente Médio, que
também sofrem com a escassez de água.
"No
mundo árabe devemos encontrar soluções para a reciclagem da água e criar mais
usinas de dessalinização", destacou Qdemat, que no começo de julho esteve
em Tarragona para participar do primeiro Fórum de Jovens Líderes para o
Mediterrâneo, onde colaborou na definição de projetos a favor do emprego
juvenil, da igualdade de gênero e do desenvolvimento sustentável.
A
empreendedora considera que comparecer em congressos em nível internacional é
de grande importância, e através de uma proposta do Banco Mundial faz parte de
um grupo de jovens do Mediterrâneo que tratam o problema da água na região.
De sua
base no espaço uMake de Ramala, onde a cada dia se reúnem cerca de 30 pessoas
para trabalhar em diferentes iniciativas, a empreendedora avalia a conexão com
outras pessoas que se dedicam a pôr em prática ideias inovadoras para
desenvolver a economia, mas destacou que "as empresas emergentes na
Palestina ainda estão muito no começo", com muito caminho a ser
percorrido.
Fonte: EFE
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