quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Game pretende educar crianças sobre uso consciente da água na Palestina

Game pretende educar crianças sobre uso consciente da água na Palestina

EFE Joan Mas Autonell, Ramala (Cisjordânia)
27 ago 2018

EFE/ Joan Mas Autonell
EFE/ Joan Mas Autonell

Lamis Qdemat, uma jovem empreendedora palestina de 26 anos, está desenvolvendo um jogo eletrônico educativo e interativo chamado Water Heroes ("Heróis da Água", em inglês) para conscientizar as crianças sobre o uso responsável deste recurso escasso na Palestina.
Formada em Geologia e em Ciências Ambientais, Qdemat trabalha diariamente no espaço uMake, um escritório de coworking no sexto andar de um edifício de negócios no coração de Ramala (Cisjordânia), de onde surgem alguns dos projetos mais inovadores nos territórios ocupados.
Após fazer mestrado sobre gestão da água, um bem prezado neste árido território, a jovem está na última etapa de desenvolvimento "de um jogo voltado a estudantes", que deseja que se transforme em uma ferramenta para que as crianças saibam "como utilizar e conservar" os recursos hídricos.
Na sua opinião, é preciso lutar para que o território chegue a um modelo de "ecologia sustentada", no qual a população "avalie o uso da água e de outros recursos ambientais".
A empreendedora tem um plano de negócios para comercializar o jogo que em breve será lançado e, assegurou, seu projeto também incorpora uma abordagem política como pano de fundo.
"A Palestina vive sob ocupação, com o muro de separação que serve para que Israel tome os aquíferos", disse Qdemat, denunciando que a população "não tem possibilidade de se envolver politicamente e a água é apreendida, fazendo com que trabalhar com crianças através de um jogo pedagógico pode ser um elemento a mais para gerar consciência desde pequenos", acrescentou.
Qdemat já tem uma amostra inicial do Water Heroes e espera apresentar o produto em Barcelona no final de outubro durante o Fórum AMWAJ 2018, convenção centrada na gestão sustentada da água que reunirá jornalistas, especialistas e empreendedores procedentes de todo o Mediterrâneo.
Um dos impedimentos para desenvolver o projeto foi a falta de dinheiro, por isso que ela realizou uma campanha de patrocínio através da empresa emergente Build Palestine, estabelecida no mesmo espaço de trabalho, com a qual obteve US$ 8 mil para contratar um designer gráfico, um desenvolvedor de games e uma pessoa encarregada da divulgação do produto nas redes sociais.
Com este dinheiro, a jovem pôde criar o protótipo que apresentará na Espanha.
Mais para a frente, através desta ferramenta, seu objetivo é dar palestras de sensibilização sobre o uso da água nas escolas da Cisjordânia e a longo prazo, divulgar o jogo interativo nos demais países árabes do Oriente Médio, que também sofrem com a escassez de água.
"No mundo árabe devemos encontrar soluções para a reciclagem da água e criar mais usinas de dessalinização", destacou Qdemat, que no começo de julho esteve em Tarragona para participar do primeiro Fórum de Jovens Líderes para o Mediterrâneo, onde colaborou na definição de projetos a favor do emprego juvenil, da igualdade de gênero e do desenvolvimento sustentável.
A empreendedora considera que comparecer em congressos em nível internacional é de grande importância, e através de uma proposta do Banco Mundial faz parte de um grupo de jovens do Mediterrâneo que tratam o problema da água na região.
De sua base no espaço uMake de Ramala, onde a cada dia se reúnem cerca de 30 pessoas para trabalhar em diferentes iniciativas, a empreendedora avalia a conexão com outras pessoas que se dedicam a pôr em prática ideias inovadoras para desenvolver a economia, mas destacou que "as empresas emergentes na Palestina ainda estão muito no começo", com muito caminho a ser percorrido.

Fonte: EFE

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