Katherine Johnson, a calculadora que ajudou a Apolo 11 a chegar à Lua
A matemática e cientista espacial completa 100 anos neste domingo, dia 26 de agosto
Mª Ángeles García Ferrero y Laura Moreno Iraola
Uma dessas mulheres era a matemática e cientista espacial Katherine Johnson, que faz 100 anos neste domingo, 26 de agosto. Seu trabalho foi essencial para aquele feito, que levaria os Estados Unidos à vitória na corrida espacial contra a então União Soviética (URSS). Como integrante do Centro de Pesquisas Langley (Hampton, Virgínia, EUA) da NASA, nos anos anteriores trabalhou mais de 14 horas diárias no programa de retorno da missão, conhecida como Lunar Orbit Rendezvous. Johnson foi responsável por calcular o momento em que o módulo lunar Eagle, do qual desceriam os astronautas, deveria abandonar o satélite para que sua trajetória coincidisse com a órbita descrita pelo Columbia e pudesse, assim, acoplar-se a ele para retornar à Terra. "Havia feito os cálculos e sabia que estavam corretos, mas era como dirigir esta manhã, poderia acontecer qualquer coisa", comentou anos depois em uma entrevista.
Johnson havia sido, desde 1953, uma das matemáticas "da Área Oeste", mulheres afro-americanas que a NASA começou a contratar na década de 1940 – sendo ainda o NACA (Comitê de Assessoria Nacional para a Aeronáutica dos EUA) – para executar as tarefas de cálculo exigidas pelos engenheiros do Departamento de Navegação e Orientação de Langley. Seu trabalho, repetitivo e sem criatividade, que anos mais tarde seria realizado por computadores, ficou conhecido graças ao livro Estrelas Além do Tempo, de Margot Lee Shetterly (levado ao cinema em 2016 por Theodore Melfi como Elementos Secretos).
A capacidade de Johnson para a matemática, especialmente para a geometria, assim como seu acerto na hora de fazer as perguntas adequadas e sua liderança, logo a levaram a se tornar uma peça importante dentro da NASA. Sua carreira profissional decolou junto com Alan Shepard, o primeiro norte-americano a viajar ao espaço, na missão Redstone 3, e o segundo homem a empreender esse feito, depois do soviético Yuri Gagarin, ambos em 1961. Johnson se ofereceu para calcular o ângulo de decolagem do voo suborbital (que não alcança a velocidade necessária para completar a órbita da Terra) de Shepard, que deveria amerissar numa área pré-definida, perto dos navios da Marinha dos EUA. O cálculo se assemelhava ao do movimento parabólico de um projétil, mas as equações eram mais complexas devido a outras variáveis como a rotação terrestre, as mudanças de massa e a gravidade, que varia segundo a altura.
Johnson participou de numerosos projetos durante os 33 anos em que esteve na NASA. Essa dedicação e suas contribuições em momentos decisivos a fizeram merecedora, em 2015, da Medalha Presidencial da Liberdade dos EUA, concedida pelo então presidente Barack Obama. Até hoje, é a única mulher da NASA a ter recebido a honraria. Além disso, em 2016 as novas instalações informáticas do Centro de Pesquisas Langley foram batizadas com seu nome. Neste domingo, Johnson celebrará seu centenário, por acaso no Dia da Igualdade da Mulher nos EUA.
María Angeles García Ferrero é membro do Instituto Max Planck de Matemática de Leipzig (Alemanha), e Laura Moreno Iraola é membro da Unidade de Comunicação e Divulgação do Instituto de Ciências Matemáticas.
Fonte: El Pais
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