Tecnologias isoladas não salvarão a evasão escolar, reforçam líderes do Google
Por Carla Matsu
29 de agosto de 2018 - 16h27
Durante primeira edição do 'Inovar para
Brasil', Google reuniu especialistas em educação para debater novas
estratégias para inovar o ensino
Alexandre Campos, diretor do Google for Education Brasil
O Google Brasil realizou a primeira edição do "Inovar para Brasil", evento que reuniu nessa terça (28) e quarta-feira (29), em São Paulo, educadores e líderes da companhia para discutir e repensar estratégias para a educação. Por meio da sua divisão Google for Education, a gigante de tecnologia tem incentivado o uso de suas plataformas digitais em escolas públicas e privadas e universidades, que vão desde o G Suite for Education, que reúne aplicativos de produtividade e o uso dos Chromebooks, computadores ultraleves que usam o sistema operacional do Google. Mas o desafio, entretanto, na visão de Andrea Nery, Ecosystem Sales Manager do Google, diz menos respeito à adoção de novas tecnologias e mais sobre mudar a forma como educamos. “É também preciso levar a transformação digital para a educação e dar escala, para que todos tenham acesso. A educação move carreiras, transforma professores e estudantes. Temos que preparar este estudante para ser o que ele quiser”, disse Nery.
O Brasil detém uma alta taxa de evasão escolar entre jovens estudantes. Segundo o último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), dos 10,3 milhões de jovens entre 15 e 17 anos que deveriam estar na escola, 2,8 milhões saem todos os anos. "São estatísticas que forçam a gente a pensar diferente”, ressaltou Rodrigo Pimentel, diretor do Google for Education para América Latina. Entre os casos de sucesso exibidos durante a programação do evento está o Projeto Observando Rios, encabeçado por estudantes da Escola Magno, de São Paulo. Em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, estudantes monitoram e analisam em laboratório as águas do Córrego Congonhas, localizado no Jardim Marajoara. Mais recentemente, desenvolveram um sistema que consegue tornar a água coletada em potável, usada para regar a pequena horta que a escola cultiva.
Novas habilidades, novas profissões
Tecnologia isolada não educa
A mesma pesquisa da Economist ressalta que 77% dos alunos ouvidos nos Estados Unidos disseram se sentir mais engajados quando a tecnologia é usada nas salas de aula, enquanto 82% dos educadores concordam que tem-se nela um instrumento valioso para desenvolver habilidades para o local de trabalho moderno. Entretanto, adotar novas plataformas digitais não significa que alunos mudarão a sua visão e comportamento acerca do ensino. “Comprar computadores e deixar nas escolas não resolve o problema. Tem que se pensar como vou estruturar o projeto para que a tecnologia possa ser usada com objetivos pedagógicos. Acho que essa é a jornada que temos pela frente”, resumiu Campos.
Entre as apostas que o Google coloca como contribuição de salas de aula mais dinâmicas estão aplicações que o usuário final e corporativo conhecem bem, mas que também fazem sentido quando se estende para estudantes e professores à distância. Campos cita exemplos do uso do formulários para aplicação de testes e simulados para o ensino médio. Por meio do google.com/edu, a companhia também reúne cursos e treinamento online para professores, além de ferramentas para obter certificações.
Mauricio Cappra Pauletti, diretor técnico do SENAI-SC, também presente no evento, lembra a última projeção do Fórum Econômico Mundial que diz que daqui oito anos, 65% das profissões atuais não existirão mais. “A pergunta é como estamos formando esses jovens para competências que não existem ainda. A única maneira é poder desenvolver competências por meio de escolas mais atrativas”, disse. O SENAI de Santa Catarina adotou plataformas do Google for Education em 2014, desenvolvendo metodologias de educação por projetos.
Sobre a crescente preocupação acerca da automação substituindo
talentos, Jonathan Rochelle, gerente de produto Google Cloud e do G
Suite for Education, assegura que aqueles que estão trabalhando com o
desenvolvimento da inteligência artificial sabem dos possíveis efeitos
colaterais e que trabalham para evitá-los. Mas que, no final do dia, a
inteligência artificial que o preocupa é a humana.
Ele critica a forma tradicional de ensino que, na sua opinião,
acaba fazendo dos estudantes "linhas de código". "Estamos programando
nossos estudantes", afirmou. "A inteligência artificial nos estudantes é
com que me preocupo. Quando não ensinamos eles a pensar e sim a
reproduzir fatos e respostas".
Fonte: IDGNow!
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