quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Tecnologias isoladas não salvarão a evasão escolar, reforçam líderes do Google

Tecnologias isoladas não salvarão a evasão escolar, reforçam líderes do Google

Por Carla Matsu
29 de agosto de 2018 - 16h27
 
Durante primeira edição do 'Inovar para Brasil', Google reuniu especialistas em educação para debater novas estratégias para inovar o ensino
Alexandre Campos, diretor do Google for Education Brasil

O Google Brasil realizou a primeira edição do "Inovar para Brasil", evento que reuniu nessa terça (28) e quarta-feira (29), em São Paulo, educadores e líderes da companhia para discutir e repensar estratégias para a educação. Por meio da sua divisão Google for Education, a gigante de tecnologia tem incentivado o uso de suas plataformas digitais em escolas públicas e privadas e universidades, que vão desde o G Suite for Education, que reúne aplicativos de produtividade e o uso dos Chromebooks, computadores ultraleves que usam o sistema operacional do Google. Mas o desafio, entretanto, na visão de Andrea Nery, Ecosystem Sales Manager do Google, diz menos respeito à adoção de novas tecnologias e mais sobre mudar a forma como educamos. “É também preciso levar a transformação digital para a educação e dar escala, para que todos tenham acesso. A educação move carreiras, transforma professores e estudantes. Temos que preparar este estudante para ser o que ele quiser”, disse Nery. 
O Brasil detém uma alta taxa de evasão escolar entre jovens estudantes. Segundo o último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), dos 10,3 milhões de jovens entre 15 e 17 anos que deveriam estar na escola, 2,8 milhões saem todos os anos. "São estatísticas que forçam a gente a pensar diferente”, ressaltou Rodrigo Pimentel, diretor do Google for Education para América Latina. Entre os casos de sucesso exibidos durante a programação do evento está o Projeto Observando Rios, encabeçado por estudantes da Escola Magno, de São Paulo. Em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, estudantes monitoram e analisam em laboratório as águas do Córrego Congonhas, localizado no Jardim Marajoara. Mais recentemente, desenvolveram um sistema que consegue tornar a água coletada em potável, usada para regar a pequena horta que a escola cultiva. 

Novas habilidades, novas profissões
Alexandre Campos, diretor do Google for Education Brasil, reforçou que é fundamental que os professores mudem a dinâmica dentro da sala de aula. "Hoje, os alunos não conseguem ficar prestando atenção da mesma forma que ficávamos, sentados, quietos”, pontuou. Campos cita um estudo feito pelo The Economist Group, encomendado pelo Google, que buscou entender as habilidades mais demandadas por companhias atualmente. A principal delas é a habilidade de solucionar problemas, enquanto as duas seguintes valorizam o trabalho em equipe e a comunicação, inteligência emocional também está citada entre as competências buscadas. Entretanto, para o executivo há um contrassenso entre o que o mercado procura em um candidato e o que as escolas estão formando: “Somos avaliados individualmente desde sempre. E de repente, você vai ao mercado de trabalho e precisa trabalhar em equipe”, comparou Campos. 

Tecnologia isolada não educa
A mesma pesquisa da Economist ressalta que 77% dos alunos ouvidos nos Estados Unidos disseram se sentir mais engajados quando a tecnologia é usada nas salas de aula, enquanto 82% dos educadores concordam que tem-se nela um instrumento valioso para desenvolver habilidades para o local de trabalho moderno. Entretanto, adotar novas plataformas digitais não significa que alunos mudarão a sua visão e comportamento acerca do ensino. “Comprar computadores e deixar nas escolas não resolve o problema. Tem que se pensar como vou estruturar o projeto para que a tecnologia possa ser usada com objetivos pedagógicos. Acho que essa é a jornada que temos pela frente”, resumiu Campos.
Entre as apostas que o Google coloca como contribuição de salas de aula mais dinâmicas estão aplicações que o usuário final e corporativo conhecem bem, mas que também fazem sentido quando se estende para estudantes e professores à distância. Campos cita exemplos do uso do formulários para aplicação de testes e simulados para o ensino médio. Por meio do google.com/edu, a companhia também reúne cursos e treinamento online para professores, além de ferramentas para obter certificações.
Mauricio Cappra Pauletti, diretor técnico do SENAI-SC, também presente no evento, lembra a última projeção do Fórum Econômico Mundial que diz que daqui oito anos, 65% das profissões atuais não existirão mais. “A pergunta é como estamos formando esses jovens para competências que não existem ainda. A única maneira é poder desenvolver competências por meio de escolas mais atrativas”, disse. O SENAI de Santa Catarina adotou plataformas do Google for Education em 2014, desenvolvendo metodologias de educação por projetos. 
Sobre a crescente preocupação acerca da automação substituindo talentos, Jonathan Rochelle, gerente de produto Google Cloud e do G Suite for Education, assegura que aqueles que estão trabalhando com o desenvolvimento da inteligência artificial sabem dos possíveis efeitos colaterais e que trabalham para evitá-los. Mas que, no final do dia, a inteligência artificial que o preocupa é a humana.
Ele critica a forma tradicional de ensino que, na sua opinião, acaba fazendo dos estudantes "linhas de código". "Estamos programando nossos estudantes", afirmou. "A inteligência artificial nos estudantes é com que me preocupo. Quando não ensinamos eles a pensar e sim a reproduzir fatos e respostas".
 
Fonte: IDGNow!

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