Universidade é acusada de
manipular exames e dificultar ingresso de mulheres
EFE
Tóquio
2 ago
2018
Vista da
Tokyo Medical University. Wikimedia Commons/Southerncity
Uma
universidade particular de Medicina de Tóquio (Japão) supostamente manipulou
durante anos os resultados dos exames de acesso ao centro educacional com o
objetivo de admitir menos mulheres do que homens, revelaram nesta quinta-feira
os veículos de imprensa japoneses.
O caso
está sendo investigado por um gabinete jurídico por incumbência do próprio
centro, que espera esclarecer a situação nas próximas semanas, segundo
confirmou à Agência Efe um porta-voz da universidade.
O
escândalo foi revelado enquanto a Promotoria de Tóquio investigava a
universidade pelas supostas pressões exercidas por um alto cargo do Ministério
da Educação, Ciência e Tecnologia para que o centro educacional admitisse seu
filho sob a ameaça de retirar o apoio público recebido, um caso também
divulgado pela mídia japonesa.
A Tokyo
Medical University começou a manipular baixando os resultados obtidos por
candidatas para estudar medicina em 2011, após observar o aumento das alunas no
ano anterior.
Naquele
ano, 40% dos novos alunos da universidade foram mulheres, o dobro que que em
2009.
Desde
então, o conselho de administração do centro aplicou critérios mais restritivos
na hora de avaliar as mulheres no exame de acesso para manter a porcentagem de
alunas em torno de 30% do total de novos estudantes, segundo informa o jornal
"Yomiuri", que cita fontes anônimas próximas ao caso.
Na
primeira fase das últimas provas de acesso realizadas em fevereiro deste ano,
se candidataram 1.596 homens e 1.018 mulheres, dos quais foram aprovados 18,9%
e 14,5%, respectivamente.
Na
segunda e última fase do exame de acesso, 8,8% dos candidatos foram admitidos,
diante de apenas 2,9% das candidatas, segundo os próprios dados do centro.
O motivo
por trás da manipulação seria a ideia de que os homens são mais adequados para
desempenhar a profissão médica, já que as mulheres japonesas frequentemente
param de trabalhar quando se casam e engravidam, de acordo com o jornal.
No Japão,
aproximadamente a metade das mulheres abandona definitivamente seu trabalho
após a gestação, por conta de fatores socioculturais e dificuldades para
conciliar vida familiar e profissional.
O governo
iniciou a estratégia "Womenomics" para promover uma maior
participação feminina no mercado de trabalho, mas o país continua com uma
notável lacuna salarial entre os dois sexos e com uma presença de mulheres
entre altos cargos de empresas ou representantes políticos.
Fonte: EFE
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