segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Brasil aposta em acordo com EUA para retomar programa espacial

Brasil aposta em acordo com EUA para retomar programa espacial

EFE Eduardo Davis, Brasília 
17 set 2018

EFE/Joédson Alves
O Brasil aposta em um acordo que negocia com os Estados Unidos para retomar seu programa espacial e entrar no clube "de nações" com capacidade de colocar satélites em órbita, um mercado de cerca de US$ 330 bilhões anuais.

As negociações com os EUA, que se aceleraram neste ano, apontam para um acordo de salvaguardas tecnológicas que permita a esse país utilizar a Base de Alcântara, no Maranhão, e cuja posição geográfica privilegiada gera uma grande economia de combustível em cada lançamento.
O brigadeiro Luiz Fernando de Aguiar, presidente da comissão que coordena os programas espaciais do Brasil, disse aos jornalistas durante uma visita à base que o acordo negociado os EUA pode ser a porta de entrada do país no negócio global de lançamento de satélites.
"Os Estados Unidos dominam plenamente a área espacial e fabricam muitos componentes que outros países usam na construção de seus satélites, que poderiam ser lançados a partir de Alcântara se for assinado o acordo de salvaguardas tecnológicas", explicou Aguiar.
"A preocupação dos Estados Unidos é que toda sua tecnologia seja protegida, uma condição que as autoridades brasileiras aceitam e compartilham", disse à Agência Efe Aguiar, que se mostrou convencido de que o acordo pode ser assinado antes do fim do ano, embora o mesmo só entraria em vigor depois de aprovado pelo Congresso.
No entanto, o país está em pleno processo eleitoral, o que pode atrasar a aprovação.
Mesmo assim, segundo Aguiar, apesar da dificuldade política representada pelo processo eleitoral, "não existe presidente e nem parlamentar que possa ser eleito sem dar a devida importância ao espaço".
Aguiar acrescentou, além disso, que as autoridades do programa espacial já trataram sobre o assunto com os principais candidatos à Presidência e garantiu que "a maioria" apoia as negociações com os EUA.
Uma das grandes vantagens da base brasileira é a posição geográfica, na latitude 2°18' sul, próxima à Linha do Equador, o que permite uma economia de quase 30% de combustível diante de lançamentos feitos de Cabo Cañaveral.
Aguiar explicou que se o acordo sobre salvaguardas tecnológicas for confirmado, já existe interesse de empresas privadas dos EUA, Europa e Ásia nas instalações de Alcântara, pelo menos para o lançamento de microssatélites.
O programa espacial brasileiro, que data dos anos 80, foi interrompido abruptamente em 2003, quando a explosão de um foguete pouco antes de seu lançamento matou 21 engenheiros que trabalhavam na montagem do mesmo na base de Alcântara.
A partir de então, a estrutura dessas instalações recebeu fortes investimentos que modernizaram os equipamentos e também a segurança em todo o complexo espacial, que abrange uma área de 9.256 hectares.
No entanto, desde 2003, em Alcântara somente foram lançados foguetes suborbitais. Aguiar garantiu à Efe que as instalações dessa base têm a capacidade de enviar ao espaço projéteis de grandes dimensões.
"Só seria necessário adaptar a torre ao foguete em questão", disse Aguiar, convencido de que o Brasil tem capacidade de entrar para o clube "de nações" capazes de colocar em órbita um satélite, ao qual até hoje só pertencem EUA, China, França, Índia, Israel, Japão, Rússia e Ucrânia.
"Não sonhamos com todo o mercado, mas pelo menos uma pequena parte podemos ocupar", disse Aguiar, calculando que o negócio global de lançamentos espaciais movimenta hoje cerca de US$ 330 bilhões e cresce à proporção de 5% ao ano.

Fonte: EFE

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