Pesquisadores chegaram à conclusão de que a instalação em larga escala de usinas solares e eólicas pode trazer mais chuvas e promover o crescimento da vegetação em regiões desérticas.
Iniciativas como o Sahara Solar Breeder Project estudam como transformar o Saara em um gerador potencialmente infinito de energia. Através dele, espera-se abastecer metade do mundo em 2050 com fazendas de painéis solares no deserto.
Embora se saiba que as usinas eólicas e solares afetam o calor e a umidade de uma região, o impacto ambiental que tais projetos teriam no próprio deserto foi amplamente ignorado. Mas um novo estudo publicado na revista Science revela que essas instalações podem não apenas abastecer o mundo, mas também transformar o Saara para melhor.
Pesquisadores desenvolveram modelos climáticos baseados em temperatura, precipitação e mudanças de vegetação que ocorreriam se a totalidade do Saara fosse coberta por fazendas solares e eólicas. Um projeto desse porte poderia dobrar a precipitação do Saara e do vizinho Sahel, bem como ajudar a aumentar a vegetação em 20%.
“O aumento da precipitação é uma consequência de interações complexas terra-atmosfera que ocorrem porque os painéis solares e as turbinas eólicas criam superfícies de terra mais escuras e acidentadas”, disse Eugenia Kalnay, coautora do estudo, à Universidade de Illinois.
Turbinas eólicas puxam o ar mais quente para a superfície, enquanto os painéis solares ajudam a reduzir a refletividade da superfície, ambos conhecidos por aumentarem as chuvas, transformando a paisagem árida em uma máquina global, verde, renovável.
Safa Motesharrei, outro coautor do trabalho, afirmou que o aumento das chuvas e da vegetação, combinado com a eletricidade limpa como resultado da energia solar e eólica, poderia ajudar a agricultura, o desenvolvimento econômico e o bem-estar social no Saara, Sahel, Oriente Médio e outras regiões próximas.