Google, o gigante tecnológico, comemora seu 20º aniversário
O
buscador mais utilizado, que pertence à terceira empresa mais
importante do mundo, faz 3,5 bilhões de buscas por dia, à média de 0,19
segundo cada uma
Alberto López
“Vinte anos não são nada”, cantava Carlos Gardel em seu tango Volver. Mas, em termos de tecnologia, 20 anos são um período suficientemente longo para que não recordemos com exatidão como podíamos viver sem ela… O Google mudou nossas vidas, a ponto de conhecer nossos hábitos e gostos de consumo, nos sugerir atividades de lazer e nos facilitar a vida, embora para isso tenhamos nos tornado dependentes da maldita (ou bendita) tecnologia.
O buscador mais famoso e utilizado do mundo celebra 20 anos de existência nesta quinta-feira, 27 de setembro. Até seus criadores, que hoje chamaríamos de freaks, desconheciam o alcance de sua paixão pela tecnologia e da sua ideia revolucionária que criaria um gigante. Para comemorar esta data, o Google fez um doodle em forma de vídeo que sintetiza sua essência: qualquer coisa que procurar, e em qualquer idioma, você encontrará, já que o buscador de sites mais famoso do mundo tem uma oferta de mais de 150 idiomas e está presente em 190 países.
O 27 de setembro ficou como data oficial da criação do Google, mas na verdade nem seus fundadores sabem ao certo o dia exato em que ele veio à luz. A única certeza, pela quantidade de efemérides que a multinacional tem para celebrar neste mês, é que setembro é o mês da companhia norte-americana.
Seu início remonta a dois jovens universitários, Larry Page e Sergey Brin, que ficaram amigos compartilhando um sonho empresarial em 1995, quando estudavam informática e programação na Universidade de Stanford. Um ano depois começaram a colaborar num buscador chamado BackRub, que funcionou nos servidores da universidade até que finalmente ocupava muita largura de banda e foi desativado.
Em 1997, Larry e Sergey decidiram mudar o nome do BackRub e apostaram em Google, um jogo com a palavra googol, termo matemático que descreve o número 1 seguido de 100 zeros.
Vendo um bom negócio naquela ideia de buscador, Andy Bechtolsheim, um empresário de capitais de risco, apostou neles em agosto de 1998 e lhes ofereceu um cheque de 100.000 dólares, quando, na verdade, nem Larry nem Sergey viam utilidade no Google inicialmente, e a empresa nem existia ainda. O milionário também lhes perguntou como pensavam em fazer publicidade, e eles responderam que não a fariam, que o boca-a-boca seria mais do que suficiente.
Aquele investimento permitiu que Page e Brin deixassem os alojamentos universitários como local de trabalho e se mudassem para uma garagem em Menlo Park. Também naquele mês, Larry e Sergey contrataram Craig Silverstein como seu primeiro funcionário.
A partir do final de setembro de 1998, o Google.com, ainda em fase beta, tinha cerca de 10.000 buscas diárias, e a imprensa começava a falar do novo buscador e do seu excelente funcionamento. Um ano depois, conseguiram 25 milhões de dólares de dois importantes investidores, e os modestos escritórios ficaram pequenos, então se transferiram para o Googleplex, a atual sede central do Google em Mountain View, Califórnia. Desde 2004 negocia ações na Bolsa, onde se tornou a terceira multinacional mais importante, atrás da Apple e da Amazon.
O Google nunca deixou de inovar e se adaptar aos tempos e às circunstâncias, então, salvo raros fracassos – que também houve, como Google+, Google Glass, Buzz, Wave, Google Vídeo Player e Picasa –, tudo o que empreendeu virou ouro: mapas (Maps), e-mails (Gmail), navegador (Chrome), sistema operacional (Android), além da compra de outras bem-sucedidas empresas como o YouTube.
Atualmente, a marca Google vale mais de 141 bilhões de dólares (568,6 bilhões de reais), e seus serviços vão muito além de um simples buscador da internet: mapas, plataformas de conteúdo audiovisual, análise de dados, armazenamento de livros, publicidade… e até um assistente inteligente.
Algumas das curiosidades do Google: concentra 91% das buscas na Internet em nível mundial, tem 80.000 funcionários, e até o Oxford English Dictionary incluiu em 2006 a palavra google como um verbo, embora googlar ainda não conste em nenhum dicionário brasileiro. Além disso, seis de seus produtos superaram um bilhão de usuários (o buscador, o YouTube, o Gmail, o Maps e a Play Store), e diariamente ele traduz mais de 150 bilhões de palavras em mais de 150 idiomas e nos cinco continentes.
Mas nem tudo é maravilhoso num gigante implantado em nível mundial. Sua posição dominante como buscador, em publicidade e nos sistemas operacionais móveis lhe valeu críticas, denúncias e multas. Recentemente, a Comissão Europeia impôs ao Google uma multa histórica de quase cinco bilhões de euros (23,6 bilhões de reais) ao considerar que a multinacional violava o direito à livre concorrência por pré-instalar seus aplicativos nos aparelhos celulares com sistema operacional Android. Antes, em 2017, foi imposta outra multa, de 2,5 bilhões de euros, por abusar da sua posição dominante nas buscas on-line e favorecer o seu comparador de preços Google Shopping.
Com suas virtudes e defeitos, ninguém duvida que o Google, além de ser um negócio, facilita nossa vida, poupando-nos de apuros que antes enfrentávamos e nos permitindo economizar tempo, dinheiro e segurança em nossos deslocamentos. Então, vida longa ao gigante, embora, como sempre se recomenda com a tecnologia, melhor um uso moderado e responsável que um abuso que nos isole da realidade.
Fonte: El País
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