Paraplégico consegue andar após implante de eletrodo na coluna, relata estudo nos EUA
"O
estudo mostra que após o implante e sob estimulação elétrica, o
paciente foi capaz de recuperar o controle voluntário de suas pernas",
disse um dos médicos responsáveis. (Imagem ilustrativa)
CHRISTOPHE ARCHAMBAULT / AFP
Um jovem, que teve os movimentos das pernas completamente paralisados depois de um acidente na neve, conseguiu andar nos Estados Unidos tendo como único apoio um andador, graças ao implante de um eletrodo, segundo um estudo norte-americano publicado nesta segunda-feira (24) pelo jornal Nature Medicine.
O homem, que se tornou paraplégico depois do acidente na neve que danificou sua medula espinhal, não conseguia mais se mexer ou sentir qualquer coisa abaixo da lesão, no meio das costas.
Durante o estudo, que teve início em 2016, três anos após o acidente, cirurgiões da Mayo Clinic, em Rochester, no estado de Minnesota, instalaram um implante com eletrodos no espaço peridural abaixo da área lesada de sua coluna. Este eletrodo, conectado a um marca-passo implantado na região abdominal, foi conectado por um dispositivo sem fio a um controle externo.
O jovem, que hoje tem 29 anos, seguiu sessões de estimulação elétrica e exercícios combinados durante quase 11 meses. Ao final de duas semanas, ele já podia se levantar e dar passos, sob estimulação elétrica. Durante as 113 sessões de treinamento, que duraram um ano, os pesquisadores da Mayo Clinic e da Universidade da Califórnia ajustaram os exercícios para dar ao paciente a máxima independência possível.
O jovem paraplégico conseguiu andar sem o cinto de segurança, com o apoio fornecido pelo andador ou em pé nas barras de uma esteira. No total, em mais de um ano, o paciente conseguiu andar 102 metros, o comprimento de um campo de futebol, segundo o estudo liderado pela Dra. Kristin Zhao e pelo Dr. Kendall Lee.
Funções que pensamos estarem perdidas
"Esta é a primeira vez que podemos implementar um processo de caminhada em uma esteira, ou com um andador, em um homem totalmente paralisado da parte inferior do corpo", disse Kristin Zhao. Em experimentos anteriores, voluntários paraplégicos foram capazes de mover voluntariamente quadris, tornozelos ou dedos dos pés, mas não conseguiram andar sob estimulação elétrica.
"O estudo mostra que após o implante e sob estimulação elétrica, o paciente foi capaz de recuperar o controle voluntário de suas pernas", disse Kendall Lee em entrevista coletiva. Ela reconhece, no entanto, que "o mecanismo preciso que tornou isso possível permanece desconhecido".
"O estudo mostra que o sistema nervoso central pode se adaptar após uma lesão grave, e que, com intervenções como a estimulação peridural, podemos recuperar algum controle das funções motoras", acrescentou Zhao. No entanto, "deve-se ressaltar que, apesar dos sucessos alcançados durante o estudo, o paciente continua a levar sua vida diária em uma cadeira de rodas", afirmou. De fato, assim que a estimulação elétrica foi interrompida, o homem retornou ao estado de paralisia inicial e não recuperou a sensação corporal, relata a publicação.
“Mais pesquisas nesta área são necessárias para entender melhor quem pode se beneficiar deste tipo de intervenção", disse o Dr. Zhao. Este trabalho reforça a ideia de que "funções que se pensavam estar permanentemente perdidas" poderiam ser reiniciadas, graças às novas tecnologias.
Fonte: RFI
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