México mostra como captar
da água da chuva ajuda a enfrentar a crise hídrica
EFE Cidade
do México
29 set 2018
EFE/Isla
Urbana
Diante da
crise mundial da água que assombra o planeta, metrópoles como a Cidade do
México começam a adotar a captação da água de chuva como aposta firme para
combater a escassez sofrida por algumas áreas.
Na imensa
e caótica capital mexicana, onde apesar da grande quantidade de chuvas existem
áreas com extrema escassez e as pessoas seguem pagando por caminhões-pipa e
transferindo a água para suas casas por falta de infraestrutura, o bom
aproveitamento das chuvas ajuda os cidadãos que vivem com 20 litros por dia.
De acordo
com especialistas do Instituto de Engenharia da Universidade Nacional Autônoma
do México (UNAM), 103 dos 653 aquíferos no México são superexplorados.
Além
disso, de 30% a 50% da água para abastecimento se perdem em vazamentos na rede
hidráulica e em residências.
Manuel
Perló, pesquisador da UNAM, disse à Agência Efe que a água é escassa devido a
vários motivos, como a sobre-exploração dos aquíferos ou a má gestão e
investimento em infraestrutura.
Projetos
como o da associação civil da Isla Urbana buscam mostrar que a coleta de chuva
pode ser uma parte importante da infraestrutura da cidade e sua região
metropolitana.
O diretor
de comunicação da Isla Urbana, Nabani Vera, diz à Efe que "há pessoas na
capital que sofrem com a crise hídrica quase da mesma forma que em países da
África".
"Há
gente que vivendo com 20 litros por dia, pessoas que precisam levar água em
burros", conta.
Depois
disto, assegura que a água da chuva oferece diversos benefícios, que vão desde
evitar inundações até ter que extrair menos água do subsolo durante a temporada
chuvosa e assim permitir que o aquífero descanse e seja recarregado.
Com um
bom sistema de captação pluvial, pode ser fornecida água de qualidade para uma
família de 5 a 12 meses por ano.
Mas para
que o sistema funcione, deve-se ter uma chuva média de pelo menos 400
milímetros, embora o ideal seja 700.
"A
água da chuva bem tratada pode ser utilizada para tudo, inclusive para beber.
Tudo depende de quantos filtros você passa. Há pessoas que dizem: 'eu só quero
utilizá-la para irrigação e no banheiro'. Então o que fazemos é instalar um
sistema mais simples", explica Vera.
Ele
acrescenta que o sistema mais frequentemente instalado "é para tomar
banho, lavar a louça, limpar, regar as plantas, e com um passo extra, você
também pode beber a água".
O sistema
da Isla Urbana é baseada em uma tecnologia de fácil instalação chamada
Tlaloque, um dispositivo projetado para se adaptar à infraestrutura das casas e
coletar a água da chuva, filtrando as primeiras águas que são as mais poluídas.
Este
dispositivo captura e encapsula esse primeiro volume do líquido e apenas passa
a água limpa para o tanque, onde fica armazenada.
"À
água armazenada são adicionadas alguns componentes, o que a transforma em um
sedimentador gigante ao qual se adiciona cloro para eliminar micro-organismos
e, em seguida, através de uma bomba, passando por um par de filtros extras, um
de carbono ativado que remove odores e sabores e outro contra sedimentos que
utiliza partículas muito pequenas", explica.
Um
"kit prata" que realiza essas ações custa entre 10 mil e 15 mil pesos
mexicanos (entre US$ 531 e US$ 797) já com a instalação.
De acordo
com Vera, para que a captação da água de chuva realmente impacte em uma região,
exige a instalação de várias centenas de milhares de sistemas.
Uma das
beneficiárias deste sistema é Adriana Paola Bernal, que narra à Efe, que faz
quatro anos, após sofrer com a escassez de água na área superior do distrito de
Tlalpan e não ter como alimentar seu bebê, se aproximou da Isla Urbana e
através de um patrocínio para pessoas com baixos recursos, conseguiu instalar o
sistema em sua casa.
"Definitivamente
mudou a minha vida, embora isso não signifique que eu tenha água
ilimitada", diz.
Para
poder manter um sistema de captação em bom funcionamento é necessário
manutenção e muita limpeza no terraço, várias vezes por mês, da mesma forma com
a cisterna.
Além
disso, só pode ser aproveitada por seis ou sete meses já que em época de
estiagem, é necessário pagar pelos caminhões-pipa que custam entre 700 a 1 mil
pesos (US$ 37 a US$ 53), dependendo de sua capacidade.
Adriana
Paola reconhece que ela, como muitas pessoas, não valorizava a água potável,
pois antes de se casar vivia em uma região da Colômbia, onde não havia crise
hídrica.
A
escassez, ela admite, ensinou-lhe que somente quando o problema é enfrentado,
as pessoas realmente valorizam ações tão simples como lavar as mãos com água da
torneira.
Fonte: EFE
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