Novo paradigma da robótica
promove integração entre máquinas e vida humana
EFE Madri
4 out
2018
A robô
Sophia em foto de agosto de 2018. EFE/RICARDO MALDONADO ROZO
Fábricas
e ambientes controlados fazem parte do passado da robótica, que passou a focar
na interação com o humanos a partir um novo paradigma na concepção de seus
produtos.
A chamada
"soft robotics" - robótica branda - não contempla apenas a utilização
de materiais suaves ou flexíveis, normalmente usados nesse tipo de robôs.
Também se refere ao comportamento e à forma de deslocamento desses produtos,
projetados a partir da inspiração em animais e em outros elementos da natureza.
A nova
tecnologia é um dos principais temas da IR-VOS 2018, o maior congresso de
robótica do mundo, realizado em Madri. Participam desta edição do evento cerca
de 1,2 mil analistas de todo o mundo.
Até
então, o design dos robôs, especialmente os industriais, era focado na
eficiência. Eles precisavam ser mais rápidos, mais resistentes e mais precisos.
Os brandos, segundo a professora da Escola Politécnica de Lausanne, Jamie Paik,
englobam todos os conceitos anteriores, mas também precisam ser seguros,
reconfiguráveis e adaptáveis.
"A
robótica branda é um novo paradigma para uma sociedade na qual essas máquinas
se integrarão cada vez mais à vida cotidiana. Por isso não podemos levar em
conta só o rendimento, é preciso pensar em como elas interagem com as pessoas
de forma segura", explicou.
"Esse
é um setor que cresce rapidamente no mundo todo e um campo completamente aberto
à imaginação, onde tudo é possível. Há vários tipos de robôs. Não há um único
material ou um único método de design que os definam", disse Paik.
Robôs com
forma de polvo, que se arrastam pelo chão como serpentes ou capazes de surgir
de um material plano com a técnica do origami mostram que uma característica
comum é a ausência de articulações rígidas, quase obrigatórias nos
tradicionais.
A
natureza da robótica branda permite que essas máquinas se adaptem melhor ao
entorno em que vão atuar, realizem tarefas de forma autônoma e até se
reconfigurem para cumprir melhor novas missões, seja dentro de casa, em áreas
atingidas por uma catástrofe ou em trabalhos médicos, no caso de robôs de
tamanho bastante reduzido, usados em operações pouco invasivas.
No
entanto, Paik explica que os cientistas ainda precisam realizar mais pesquisas
para descobrir materiais capazes de fornecer à flexibilidade desejada na hora
de construir os robôs.
"Algumas
vezes ligamos para uma empresa para comprar um material que nos interessa e
eles se surpreendem: 'Vocês querem usar isso em um robô?", revelou a
professora.
Além de
reconfiguráveis, esses novos robôs são pequenos. Paik diz que trabalha em
escala de centímetros no seu laboratório, não só por tornar mais fácil a
produção de protótipos, mas também porque o objetivo deste novo paradigma de
criação de máquinas é produzir equipamentos que se adaptem à vida cotidiana
humana.
Paik e
sua equipe estão se especializado no que ela batizou de "robôgamis",
máquinas que são inspiradas no origami, a arte japonesa de dobrar papéis. Uma
das criações da professora se parece com uma pequena placa de metal que, de
repente, começa a se transformar em um pequeno robô com forma de uma gravata
borboleta.
As
pequenas máquinas são muito adaptáveis e capazes de realizar várias tarefas
exatamente pelo fato de poderem mudar de forma. Alguns são capazes de se
comunicar entre eles como formigas e abelhas, trabalhando de forma cooperativa.
Projetados
com base em camadas, esses robôs podem ser produzidos em série, o que diminui
os custos e facilita a produção, explicou a professora. No entanto, ela elenca
dois desafios para o futuro.
O
primeiro é criar uma metodologia de design comum, aberta a todos, de forma que
um pesquisador possa encontrar criações já feitas por outros cientistas e não
começar sempre do zero. Além disso, segundo Paik, é preciso aprofundar as
pesquisas em motores que se adaptem a esse tipo de robótica.
"Ter
só as peças não garante que você vai conseguir criar um robô que funcione. Elas
precisam se integrar. Não é só uma questão de técnica", explicou a
professora.
Carmen
Rodríguez.
Fonte: EFE
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