Bactérias degradam 99% dos
hidrocarbonetos da superfície dos oceanos
EFE Madri
14
jan 2019
EFE /Jim
Lo Scalzo
Um grupo
de cientistas espanhóis revelou o grande papel desempenhado pelas bactérias na
degradação de contaminantes na superfície dos oceanos e constatou que estas são
capazes de degradar 99% dos hidrocarbonetos procedentes do petróleo e de
incêndios florestais.
O estudo
foi realizado no Instituto de Diagnóstico Ambiental e Estudo da Água
(IDAEA-CSIC), de Barcelona, e publicado na revista "Nature
Geoscience".
Os
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (denominados PAH, na sigla em inglês)
são um grupo de substâncias químicas que provêm do uso de petróleo e
combustíveis fósseis, além de incêndios florestais, e têm um efeito negativo
tanto no planeta como na saúde humana.
Além dos
vazamentos acidentais, os PAH chegam aos oceanos por via atmosférica de maneira
contínua, desde os canos de descarga dos carros e se depositando por diferentes
meios, como as chuvas e a difusão.
A cada
mês entram nos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico cerca de 90 mil toneladas
de PAH, aponta a pesquisadora Belén González-Gaya, atualmente na Universidade
do País Basco (UPV/EHU) e anteriormente no IDAEA.
"Para
se ter uma ideia da sua magnitude, esta entrada mensal de PAH por via
atmosférica é quatro vezes maior que a introdução de PAH que se deu durante o
afundamento da plataforma petrolífera 'Deepwater Horizon' em 2010 no golfo do
México, o maior vazamento de petróleo da história", acrescenta a cientista
em uma nota do Centro Superior de Pesquisas Científicas da Espanha.
Até
agora, era sabido que os PAH desapareciam da superfície do mar, mas não por
qual meio.
Os
pesquisadores deste estudo descreveram que 99% dos hidrocarbonetos que chegam
aos oceanos ficam na superfície e são degradados pela ação de bactérias.
Além
disso, constataram que as enzimas envolvidas nesta degradação estão presentes
em todos os oceanos.
A
capacidade dos microorganismos de consumir contaminantes orgânicos como os PAH
é conhecida há décadas, explica María Vila-Costa, também pesquisadora do IDAEA,
que acrescenta que "em casos de acidentes petrolíferos, são as bactérias
que acabam consumindo a maior parte dos hidrocarbonetos liberados".
"No
entanto, não sabíamos se os PAH depositados por via atmosférica - um processo
geograficamente muito mais amplo e de maior relevância em escala global -
também eram consumidos e sob que condições e com que magnitude".
As
análises foram realizadas a partir de mostras coletadas durante a campanha
oceanográfica Malaspina em 2010 e campanhas polares, nas quais foram
percorridos todos os oceanos do mundo para gerar um inventário do impacto da
mudança global no ecossistema do oceano.
Em
declarações à Agência Efe, María resumiu que a partir destes resultados a
pretensão é ampliar os conhecimentos sobre as condições nas quais acontece a
degradação e o impacto destes contaminantes no ecossistema marinho.
Fonte: EFE
Comentários
Postar um comentário
Todas postagem é previamente analisada antes de ser publicada.