quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Inteligência artificial confirma existência de "nova" espécie de hominídeo

Inteligência artificial confirma existência de "nova" espécie de hominídeo


EFE Barcelona (Espanha)

16 jan 2019



Crâneos de um neandertal e de um homo sapiens em foto de 2016. EFE/Morell
Crânios de um neandertal e de um homo sapiens em foto de 2016. EFE/Morell


Por meio da inteligência artificial, pesquisadores da Espanha identificaram no genoma de pessoas asiáticas a marca genética de uma nova espécie de hominídeo desconhecida, resultado do cruzamento entre neandertais e denisovanos, que se misturou com o homem moderno há milhares de anos.

Já se sabia que denisovanos e neandertais, os parentes extintos mais próximos dos seres humanos atuais, acasalaram e se hibridizaram em algum momento da pré-história, segundo um osso encontrado no ano passado em Denisova (Sibéria).

Agora, o trabalho dos cientistas espanhóis revela que a mistura foi generalizada e deu lugar a uma espécie híbrida que acasalou com o homem moderno.

O estudo, publicado na revista especializada 'Nature Communications", utilizou com sucesso, pela primeira vez, o 'deep learning', que consiste em algoritmos de aprendizagem automática, para explicar a história humana, o que abre as portas para a ampliação do uso desta tecnologia para responder a outras perguntas em biologia genômica e evolução.

Os pesquisadores identificaram no genoma de indivíduos asiáticos a marca desta nova espécie de hominídeos por meio da combinação de algoritmos do 'deep learning' e métodos estatísticos.

A análise computacional do DNA humano atual indica que a espécie desaparecida era um híbrido de neandertais e denisovanos, que depois se misturou na Ásia com os humanos modernos que tinham saído da África.

Participaram da pesquisa cientistas do Instituto de Biologia Evolutiva (IBE-UPF), do Centro Nacional de Análise Genômica (CNAG-CRG) e do Centro de Regulação Genômica (CRG), todos estes na Espanha; e também especialistas da Universidade de Tartu, na Estônia.

Segundo explicou o pesquisador do IBE-UPF de Barcelona, Jaume Bertranpetit, "há aproximadamente 80 mil anos aconteceu o conhecido 'Out of Africa' ('Saída da África', em tradução livre do inglês), quando uma parte da população humana que já era de humanos modernos deixou esse continente e se estendeu para outros, dando lugar a todas as populações atuais".

"A partir de então, sabíamos que tinham acontecido cruzamentos de humanos modernos com neandertais em todos os continentes, menos na África, e com os denisovanos na Oceania e, seguramente, no sudeste da Ásia, mas a evidência de cruzamentos com uma terceira espécie extinta ainda não tinha sido confirmada com certeza", afirmou Bertranpetit.

Até agora, a existência desta terceira espécie era só uma teoria que explicaria a origem de alguns fragmentos do genoma humano atual, mas, segundo o pesquisador do IBE-UPF, foi o uso do 'deep learning' que permitiu passar do DNA para a demografia das populações ancestrais.

Segundo Óscar Lao, pesquisador do CRG, "o 'deep learning' é um algoritmo que imita a forma como funciona o sistema nervoso dos mamíferos, com diferentes neurônios artificiais que se especializam e aprendem a detectar nos dados aqueles padrões que são importantes para realizar uma tarefa determinada".

"Nós aproveitamos essa propriedade para fazer com que o algoritmo aprendesse a prever a demografia humana usando genomas obtidos através de centenas de milhares de simulações para percorrer um possível caminho da história da humanidade", explicou Lao.

Fonte: EFE

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