ONU e Fórum Econômico
Mundial propõem economia circular para lixo eletrônico
EFE Davos
(Suíça)
24 jan
2019
EFE/Money
Sharma
A ONU e o
Fórum Econômico Mundial (FEM) alertaram nesta quinta-feira que em 2018 foram
geradas quase 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico, número que aumentará
para 120 milhões até 2050, por isso que propuseram uma "economia
circular" para o setor.
Em um
relatório publicado hoje, no qual também participou o Conselho Mundial
Empresarial de Desenvolvimento Sustentável, esses organismos cifraram em US$
62,5 bilhões o valor desse tipo de resíduos gerados no ano passado, "mais
do que o Produto Interno Bruto (PIB) de muitos países e três vezes maior do a
produção de minas de prata do mundo".
Segundo
os autores do estudo, denominado "Uma nova visão circular para a
eletrônica", "há 100 vezes mais ouro em uma tonelada de lixo
eletrônico do que em uma tonelada de mineral de ouro".
Para pôr
em perspectiva a quantidade gerada a cada ano, 50 milhões de toneladas é mais
do que todos os aviões comerciais fabricados na história ou 4,5 mil torres
Eiffel, suficientes para cobrir totalmente a superfície de Manhattan com o
símbolo parisiense.
Ruediger
Kuehr, diretor do programa da Universidade das Nações Unidas (UNU) para Ciclos
Sustentáveis e que participou do estudo, declarou à Agência Efe que há uma
grande oportunidade para reduzir a quantidade dos resíduos eletrônicos gerados
através do que chama "economia circular", mas que é necessário atuar
já.
"Necessitamos
mudar os hábitos quando prevemos que em 2050 serão geradas 120 milhões de
toneladas de lixo eletrônico se não fizermos nada. O relatório reivindica uma
nova visão baseada na economia circular e na cooperação entre grandes empresas,
pequenas e médias empresas, consumidores, instituições e no mundo acadêmico",
disse Kuehr.
Na
economia circular, explicou Kuehr, o que as empresas vendem não é o produto,
mas o serviço, assegurando assim a coleta dos resíduos.
"O
problema não é a reciclagem, mas a coleta dos produtos", acrescentou.
O estudo
destaca que praticamente todos os resíduos eletrônicos podem ser reciclados e
que a extração de recursos valiosos é economicamente mais viável do que a
mineração desses minerais, exigindo menos energia.
Além
disso, "o lixo eletrônico pode ser tóxico, não é biodegradável e se acumula
no meio ambiente, na terra, no ar, na água e nos seres vivos".
A metade
de todos esses resíduos é gerada pelos chamados dispositivos pessoais, desde
computadores, televisões, telefones celulares e tablets. O resto são
eletrodomésticos como lavadoras, ares condicionados e calefações.
Antonia
Gawel, diretora da Iniciativa de Economia Circular do Fórum Econômico Mundial,
declarou à Efe que "o sistema não está funcionando", por isso que é
necessário trocá-lo a partir da cooperação entre todos os envolvidos.
"É
uma enorme oportunidade porque a quarta revolução industrial em andamento nos
proporciona as ferramentas para fazê-lo", acrescentou Gawel.
Segundo a
especialista, as novas tecnologias como a "internet das coisas" e a
computação na nuvem permitem um melhor rastreamento de produtos, sua coleta e
reciclagem.
Atualmente,
menos de 20% do lixo eletrônico é reciclado formalmente. E embora informalmente
a reciclagem seja maior, as condições como é realizada danificam tanto o meio
ambiente como os trabalhadores.
Só na
China, 600 mil pessoas dependem da reciclagem desses resíduos e estima-se que
no mundo todo milhões de pessoas dependem desta atividade.
Segundo a
Organização Internacional do Trabalho (OIT), no caso da Nigéria, 100 mil
pessoas vivem da reciclagem informal desses produtos.
O
relatório também advertiu sobre a crescente ameaça de contaminação das
baterias, embora estas não estejam incluídas nos fluxos de lixo eletrônico,
especialmente pelo previsto aumento das vendas de veículos elétricos.
Para 2030
estima-se que serão desprezadas 11 milhões de toneladas de baterias e para 2025
o peso das feitas de lítio-íon - as mais populares - chegará a 5 milhões de
toneladas anuais.
Mas James
Pennington, do departamento de Economia Circular de FEM, explicou à Agência Efe
que há muitas oportunidades para que as baterias de veículos elétricos tenham
uma segunda vida, uma vez que não sejam utilizáveis pela redução da sua
densidade de energia.
"Podem
ser utilizar para a armazenagem doméstica de eletricidade ou em outros usos não
tão exigentes, o que aumentará sua vida, por exemplo, por outros dez
anos", disse Pennington.
Fonte: EFE
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